segunda-feira, 24 de junho de 2019

Desafios para o Rejuvenescimento

A Lifespan.io (Life Extension Advocacy Foundation) publicou um gráfico com os desafios conhecidos da ciência para deter o processo de envelhecimento.
É interessante observar o tamanho do desafio humano que esta empreeitada representa.


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

O Paraíso É os Outros


Imagine-se em um jantar elegante. Se leitor, com uma linda morena elegantemente vestida. Se leitora, com um lindo moreno elegantemente vestido. O ambiente do restaurante é ricamente decorado, com candelabros de cristal e paredes pintadas à mão, mesa com louça inglesa, talheres de prata e lindas baixelas. O austero garçom reclina-se para mostrar o rótulo do champanhe e uma pequena orquestra toca ao vivo. A lagosta é servida dentre uma colorida guarnição e todos ao redor falam baixo com os guardanapos de alvo linho sobre os colos.
Agora, tire-se a morena ou o moreno que o acompanha o cliente. A cena é a mesma, tudo perfeito e elegante, mas talvez o triste e patético personagem desta ceia de abandono pense que seria melhor ter apanhado um lanche no drive thru mais próximo, já que solidão é o antônimo do glamour.
Pode-se acampar sozinho. Pode-se fazer um churrasco sozinho. Nada impede de se ter uma bela casa só para si. Nada impede de se passear no zoológico ou escorregar em uma cascata sozinho, mas onde está a graça disso tudo?
Temos aprendido, já há décadas, que as pessoas não importam, mas apenas as nossas experiências. Não importa com quem casamos, mas o número de com quantos nos deitamos. Não importam como estão os filhos, mas a liberdade que eles nos roubaram. Não importam os ambientes de convívio, a nossa casa ou o nosso país, já que todos ao pó iremos, logo: desfrutemos e não acumulemos. Não importa a alta cultura, já que não temos nada a preservar ao próximo. Não importa a lucidez, se a droga é minha e ninguém tem nada a ver com isso. Não importam os fetos dilacerados, mas o corpo da mulher...
O outro não é um inferno, mas justamente aquilo que nos dá identidade. As experiências existem, não para nos alegrarem, mas para compartilharmos a alegria.
Sozinhos, um deslumbrante pôr do sol é apenas mais um fenômeno natural e um belo rio, é apenas água correndo. Se estivéssemos sós no mundo, neste momento os matos estariam tomando conta das ruas por onde andaríamos. Se estivéssemos sós no mundo, os Rembrandts e Rodins estariam apodrecendo em algum canto. A grandiosidade que atribuímos à vida humana seria constituída apenas de trincas, acúmulo de pó, desabamentos e bolor.
A beleza existe porque existe o outro.
A ideia arrogante e egoísta de que nada importa foi-nos imposta por gente má e azeda, que quer que, como ela, nos afastemos da família, abandonemos nossos filhos, obras, prazeres e virtudes.
As experiências transcendentais que buscamos, simplesmente não existem, porque não existe o transcendente, mas apenas a realidade palpável da fusão dos olhares, do calor dos abraços, das carícias das palavras, dos toques suaves dos dedos e da comunhão das mentes.  
Não existem experiências que valham a pena por si só, o valor intrínseco das coisas está no compartilhamento do belo e do deslumbrante.  Sim, temos o poder de despejar sobre nós a graça do paraíso. E o paraíso é os outros. 
Ser humano significa estar com humanos. 

Luiz W. Bonow, agosto de 2017.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

A Divisão nas Almas


Por que uma pessoa sensata, inteligente e honesta não pensa como tu? E por que até aqueles que são do mesmo time, pensam de maneira tão diferente?
Ora, porque ela é fascista, dirás, muitas vezes usando até a falácia lógica de atribuir-lhe características nazistas, a “reductio ad hitlerum”, tão comum nos argumentos atuais. Atribuir ao outro as características dos nazistas, aliás, é atributo tanto das esquerdas quanto das direitas.
Aqui, ser de direita ou de esquerda já nos dá uma primeira divisão das almas humanas, mas não existem pacotes. Pode-se ser de direita, mas a favor do aborto, do casamento homossexual ou do centralismo do Estado. Pode-se ser de esquerda, mas a favor da pena de morte e contra o aumento dos impostos. Os restantes, os idiotas que pensam em conjuntos fechados, os homens-massa de Ortega y Gasset, não fazem parte da presente explanação. Lembra-te, estamos falando dos sensatos, inteligentes e honestos, e não dos manipulados e sem rosto e nem dos canalhas. Falamos dos indivíduos com número na carteira de identidade e, portanto, com suas idiossincrasias.
O monopólio das virtudes tampouco é bom fiel, pois todos os honestos, sensatos e inteligentes se acham donos da verdade, representantes do bem, contra os demais que são agentes do mal, levando-nos a inquirir sobre elementos que formam as opiniões.  
Dessa maneira, pode-se afirmar que existe uma primeira divisão nas almas humanas, a dos centralistas, versus os individualistas. Alguns acreditam que os homens precisam ser ordenados por um ser ungido, onisciente, que poderá determinar o destino de todos. Outros acreditam que cada um deverá tomar conta do próprio nariz. Covardes! Submissos!, serão acusados os primeiros. Egoístas! Arrogantes!, ouvirão os últimos.
Outra classificação possível se dá entre os generalistas, que enxergam o problema geral, e os que olham para o problema imediato, os especificistas. Onde está a maldade, deixar um cão de rua morrer de fome para que ele não se reproduza e não tenha cada vez mais cães nas ruas, ou alimentá-lo para que não sofra? Alguns pensam no problema amplo, outros, no imediato. A alternativa torna-se mais dramática se a imagem do cão for trocada pela do mendigo: dar ou não esmolas? É moralmente melhor limpar as ruas de sua presença ou incentivá-los para que tenhamos cada vez mais pedintes?
Existem também os literais e os pragmáticos. Deve-se esperar o sinal abrir, a pé, sob a neve, três horas da manhã, ou se deve verificar que não vem carros (e policial observando) e atravessar a rua? Para um alemão, a primeira alternativa parece válida, pois leis existem para serem cumpridas, para um latino ou para um anglo-saxão, absurda.
Por fim, outra classificação humana possível se dá entre os que buscam a verdade e os que buscam a validade. Os nazistas efetuaram os estudos mais profundos já realizados sobre congelamento humano, que poderia ser muito útil no caso de naufrágios e desastres naturais. Como foram feitas essas pesquisas? Com enormes sofrimentos produzidos em prisioneiros de campos de concentração. A pergunta é: será que é válido utilizar-se de pesquisas realizadas nessas condições, mesmo que elas sejam verdadeiras?

Por isso, tu, que ficas indignado com os coxinhas e mortadelas e suas incoerências e disparates, imagina quantas combinações não geram apenas esses questionamentos e o quão complexa é a alma humana e as alternativas da vida, apenas quando se fala de pessoas sensatas, inteligentes e honestas, apenas quando se apresentam questões para as quais existem argumentos significativos dos dois lados?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Enquanto os Bárbaros Tomavam Alexandria

Enquanto os bárbaros tomavam Alexandria
Houve o que ficasse em casa
Tocando lira e recitando Ovídio,
E aquele que comentou nas termas
De como os bárbaros eram bárbaros.
Houve a mulher que salvou o seu cãozinho
Da turba que se aproximava com as espadas,
E aquele que reclamou do barulho.

Enquanto os bárbaros tomavam Alexandria
Houve o que preferiu acariciar
As nádegas do seu jovem escravo,
O que exibia os músculos no ginásio,
E o que aumentou a aposta no seu gladiador.

Enquanto os bárbaros tomavam Alexandria
Houve a mulher que reclamou do pó
Sobre a toga recém lavada,
E quando a biblioteca foi queimada
Houve quem dissesse que de nada serviriam aos pobres
A estatuária, os pergaminhos e os doutos jurisconsultos.

Enquanto os bárbaros tomavam Alexandria,
E enquanto os civilizados nada faziam,
Uma cruz foi erguida
Sobre o rio de sangue dos covardes.


Curitiba, 03/12/2015

sábado, 14 de novembro de 2015

Como demonstrar para amigos e familiares que se é um grandessíssimo canalha?


A tragédia de Paris tem trazido à tona muito daquilo que há de bom no ser humano, mas também aquilo que há de mais odioso.  
Ficou famoso no Facebook o detestável artigo de uma famosa revista de esquerda brasileira, financiada pelo governo, culpando, poucos instantes após os atentados do 11º Distrito, os males do capitalismo pela ação dos pobres povos oprimidos contra os maldosos imperialistas, mas não foi a única manifestação de estupidez, apenas a menos sutil.
Rapidamente, a nossa imprensa vendida adiantou-se a informar que os atentados aconteceram na zona leste porque eram lugares de jovens que saíram para se divertirem à noite. Por que não aconteceram na Torre Eifell ou na Notre Dame, isso não será jamais falado. Mas eu digo, simplesmente porque esses locais são permanentemente guardados por inúmeros soldados do exército francês, patrulhando as regiões com coletes de guerra e fuzis pesados. Admitir isso seria o mesmo que afirmar que armas trazem segurança e as forças de segurança públicas devem ser incentivadas, e não tomadas como bandidas, o que muitos dos repórteres de esquerda não têm capacidade moral para dizer.
Muitos também se adiantaram para lembrar que muitos muçulmanos não apoiam essa iniciativa, aliás, muitos povos que falam árabe são inclusive vítimas do Estado Islâmico, e não agressores.
Ora, apenas 40% dos alemães votaram em Hitler, mas não houve uma guerra contra a política alemã, mas contra aquela nação, simplesmente porque eram indistinguíveis os nazistas dos alemães de bem. O tristemente engraçado disso tudo é que os judeus e os norteamericanos não são tomados por indivíduos pelos seus inimigos, como eles pedem para si, mas, pelos esquerdistas, pela jihad e pelos palestinos, como oriundos das terras de moradia dos demônios.
Veio à tona também o argumento que o número de mortos em Paris é insignificante perante aos ataques dos aliados ocidentais com drones no Afeganistão, na Síria e no Iraque, com imensos danos colaterais a civis. O que nunca é mencionado é que jamais na história existiu uma guerra envolvendo duas democracias entre si. O que as potências mundiais estão fazendo é tentarem cessar agressões produzidas por ditaduras e que, se não o fizerem, certamente o problema será em breve muito maior, com muitos maiores custos financeiros e de vidas em um futuro próximo.

Portanto, o que se tem visto no dia de hoje no Facebook é um imenso número de canalhas tentando justificar o injustificável. A única coisa positiva é que os seus amigos e familiares ficarão, ao lerem esse tipo de postagem, devidamente atentos para evitarem comprar mais adiante um automóvel usado desses patifes.

sábado, 1 de agosto de 2015

O que merece o dentista que matou covardemente o leão a flechadas?

Fonte da Imagem: Reprodução/Facebook/Zimparks

O que merece o dentista que matou covardemente o leão a flechadas? Que tenha seus olhos furados e depois amarrado a quatro cavalos e seus membros arrancados? Que o seu tronco, ainda vivo, seja queimado em uma fogueira de achas de cedro e as cinzas jogadas em latrinas pelos quatro cantos da África para que venha então a sua clínica a ser dizimada pela multidão ensandecida, o terreno em que ela se encontra salgado para que nele nada mais nasça e os seus descendentes amaldiçoados até a quinta geração?
A narrativa tem todos os elementos que motivam um discurso de ódio facilmente assimilado pelos incautos: o maldoso imperialista norteamericano branco, provavelmente heterossexual, adepto do sangue e da violência, chega sem qualquer provocação para corromper uma sociedade intrinsecamente boa, desprovendo-a de sua riqueza natural mais preciosa, de maneira que um futuro de brilho e graça que já se avizinhava, torne-se impossível para o país impoluto sem que esta mácula seja extirpada.
Imagine-se se o ator fosse outro. Um pequeno e pobre pastor africano negro mata a flechadas, por não ter dinheiro para comprar uma espingarda, o leão que devorava as ovelhas que garantiam o seu sustento. Se o leitor possuir ao mesmo tempo ambas das raras qualidades humanas da honestidade e da inteligência, há de convir que a mídia internacional ficaria inerte e nada seria compartilhado ao redor do mundo nas Linhas de Tempo do Facebook.
A repercussão deste crime, portanto, diz respeito, principalmente, ao autor, não ao ato em si.
 “O fascismo pode começar pela caça aos tarados.”, dizia o cineasta Bernardo Bertolucci. Não se está discutindo aqui a covardia e a violência do caso em tela, mas a milenar batalha entre civilização e barbárie.
Foi exagero o recurso narrativo dos suplícios medievais na introdução deste artigo? Pois até ontem, 200 mil americanos já tinham assinado uma petição pedindo pela pena... de degredo! Que ele seja entregue para o Zimbábue, pediam os neoselvagens de Minnesota. Ainda que tal ação seja prevista no ordenamento jurídico norteamericano, caso exista reciprocidade entre os dois países, será que aquele país africano conseguiria manter a integridade física do criminoso nas atuais condições em que se encontra a comoção produzida pela mídia mundial?
É nesses momentos de comoção que os oportunistas aproveitam para levarem vantagem pessoal através da relativização dos direitos do indivíduo. Será que se devem entregar as nossas liberdades e garantias contra os desmandos do Estado, apenas com a finalidade de punir um idiota?

terça-feira, 28 de julho de 2015

Fundamentos para Começar a Conversar


Existem dois tipos de homens, os que tentam adaptar o mundo as suas ideias, os Idealistas, e os que tentam adaptar as suas ideias às realidades do mundo, os Pragmáticos.
Os pragmáticos construíram países como os Estados Unidos ou a Inglaterra. Contribuíram para a humanidade com o direito romano, com o método cartesiano e com a divisão de poderes das democracias, pois todas essas aquisições são simples ideias surgidas do mundo prático.
Os idealistas geraram a Alemanha nazista e o stalinismo. Os idealistas transformaram o mundo clássico na ditadura medieval promovida pela Igreja Católica, pois irremediavelmente eles tentam aplicar o que pensam, muitas vezes com as melhores intenções do mundo, mas infelizmente o mundo não é um quadro passível de encaixe na sua moldura.
Existem outros dois tipos de homens. Os que utilizam argumentos de verdade e os que utilizam argumentos de validade. Para a ciência do direito, os argumentos de validade são necessários para deter o poder do Estado sobre o indivíduo. Em todas as outras ciências, os argumentos de validade são maneiras de mentir.
Quando um indivíduo fala que “o socialismo que eu penso não é o que já existiu e não deu certo”, ou “a igreja de Cristo não é esta que está aí”, está utilizando argumentos de validade, pois não é possível conferir a veracidade de uma informação que se localiza em um futuro utópico. Em qualquer discussão que não ocorra dentro de um tribunal, quem usa argumentos de validade é desinformado ou, mais provavelmente, desonesto mesmo.
Existem alguns outros parâmetros absolutos para se começar a conversar.
Nunca existiu na história uma guerra entre duas democracias, o que coloca por terra a ideia que estas acontecem por questões econômicas. Dessa maneira, a democracia é um valor em si, pragmático, e não um valor idealizado e abstrato como a paz. Quem fala em paz per se é idealista, desinformado e sem conexão com a realidade do mundo ao redor, ou está mentindo. Ou ambos.
Países com maior Índice de Desenvolvimento Humano possuem maior qualidade de vida que os países com menor IDH. Portanto este é um valor absoluto, e não abstrato, como o Índice de Felicidade Bruta, que coloca o Butão como melhor país do mundo. Pessoas que defendam a pobreza são idealistas, desinformadas e sem conexão com a realidade do mundo ao redor, ou estão mentindo. Ou ambos.
IDH é um valor positivo, mas não diz tudo sobre um país. Mesmo não sendo os maiores IDHs do mundo, as pessoas sonham em emigrarem para os Estados Unidos e para a Austrália, e não para a Áustria ou para Singapura. Por quê? Por que esses países possuem a melhor relação entre IDH e baixos impostos, garantindo, portanto, maior liberdade econômica para os indivíduos. De nada vale ter boas escolas e hospitais, pois, dizia Cristo, nem só de pão vive o homem. Um Porsche e uma casa com piscina também são importantes na vida e desejados por todos. Assim, além de melhor qualidade de vida, deve-se lutar também pelos menores impostos possíveis.
Qualidade de vida e riqueza da maior quantidade possível de indivíduos, tampouco é suficiente. É por isso que as pessoas preferem viver em Nova Iorque ou em Paris a morar em Dubai. É da natureza humana sonhar em ser livre para tomar uma cerveja ou beijar a namorada. Dessa maneira, a liberdade, seja de expressão, locomoção e de atitudes que não avancem sobre os direitos alheios também é um valor absoluto.
Para começar a conversar, portanto, é preciso que o interlocutor tenha uma maneira pragmática de ver o mundo e utilize argumentos de verdade sobre os de validade. É preciso que ele defenda a democracia, a liberdade, a riqueza e a qualidade de vida.
Com os demais não vale a pena abrir a boca. Pérolas aos porcos, como dizia, de novo, Cristo, pois são indivíduos desinformados e sem conexão com a realidade do mundo ao redor.
Ou estão mentindo.
Ou ambos.


Luiz de W. Bonow, Curitiba, 28/07/2015

domingo, 6 de outubro de 2013

Para onde vai a energia de um apertão?

1. Ao apertarmos uma mangueira com água no seu interior, o nível de água em N1 subirá para N2 o que nos indica que a mão, ao apertar, está concedendo energia ao sistema:



 2. No entanto, ao apertarmos uma mangueira na qual há um fluxo de água, nem a energia cinética do seu interior (Teorema de Bernouille) e nem a quantidade de água saída no bocal se alteram:



3. Pela Lei de Lavoiser, sabemos que esta energia, a do apertão, não pode ter simplesmente desaparecido.

4. De fato, ela não desapareceu, pois podemos criar um mecanismo para recuperar esta energia, bastante comum em laboratórios de física:



5. Enquanto que no ponto B, a energia cinética é praticamente a mesma existente na garganta do duto, ao criarmos um duto paralelo, a água voltará a subir, gerando mais energia do que aquela provida pela diferença de potencial da queda d’água.

6. Esta energia extra não é uma mágica e nem apareceu do nada, mas é decorrente do “apertão” que provocou um estreitamento do duto, concedendo energia ao sistema.

7. Ao provocarmos um fluxo de água, introduzimos o elemento Tempo à força do apertão concedida ao duto, isto é, com a velocidade da água (não esqueçamos que velocidade é distância em função do tempo), a cada instante estaremos concedendo energia novamente ao sistema. Quero dizer: forçar um fluxo de água em uma mangueira com estreitamento é o mesmo que apertar e soltar milhares de vezes por segundo esta mangueira, o fluxo aumenta exponencialmente a energia concedida pelo apertão.

8. Portanto, se aceitarmos a Lei de Lavoiser, estaremos dizendo que é possível produzir maior quantidade de energia do que aquela existente em um sistema.

9. O mesmo raciocínio pode ser utilizado ao inverso: ao invés de estreitarmos o duto, “apertarmos” o líquido, aumentando a sua densidade.

10. O único líquido que aumenta a densidade na presença de ímãs é o ferrofluido, ou líquido ferromagnético.

11. Ao colocarmos líquido ferromagnético flutuando em um tanque com água e dele aproximarmos um ímã, ele aumentará de densidade e afundará no tanque, levando o ímã consigo.

12. Ao afundar, exatamente como acontece no duto com estreitamento, em cada instante é como se o ímã estivesse concedendo energia ao ferrofluido, consequentemente, pode-se produzir mais energia do que aquela concedida pelo ímã ao sistema.
13. A energia gerada é muito maior do que aquela necessária durante a magnetização, pois decorre do afundamento do ferrofluido no tanque com água, e não da energia concedida ao ferrofluido pelo ímã.

14. Conclusão: é possível gerar energia barata com a máquina apresentada: 

sábado, 9 de março de 2013

Agora que acabou o Dia Internacional da Mulher...


Muito bem, agora que cessaram os cumprimento, as flores, os presentes e os jantares, seguem alguns dados, para que nos situemos mais exatamente a respeito da situação feminina no mundo. 
- na iniciativa privada, mulheres ganham menos que homens para exercerem as mesmas funções, essa média é de aproximadamente 30% a menos;
- a maior parte dos cargos de gerentes e cargos de hierarquia elevada nas empresas pertence aos homens;
- em algumas áreas, como as empresas de tecnologia de ponta, as mulheres representam apenas 1% dos CEOs;
- a maior parte de trabalhos subalternos e de menor remuneração é destinada às mulheres;
- no Brasil, as mulheres recebem menos de 40% da massa salarial do país[1];
- as mulheres ganham 10% das receitas mundiais, apesar de constituírem 49% da população;
- as mulheres são subrepresentadas em todos os corpos legislativos mundiais;
- as mulheres detêm menos de 1% dos ativos financeiros do mundo;
- aproximadamente 70% dos adultos miseráveis do mundo são mulheres.

Susan Faludi, no seu bestseller americano “Backlash”[2], coloca uma enxurrada de dados sobre a situação da mulher nos Estados Unidos durante a década de 80 do século passado, fatores que não mudaram de forma significativa desde então:
-75% das trabalhadoras ganham menos do que 20.000 dólares ao ano, perto da metade da média masculina[3];
- mulheres com segundo grau completo ganham menos do que os homens que largaram a escola;
- mulheres representam menos de 8% dos juízes federais, menos de 6% dos associados em escritórios de advocacia, existiam à época apenas três governadoras, duas senadoras, duas executivas milionárias na lista dos “top 500” da revista Fortune;
- mais da metade das grandes corporações não têm sequer uma mulher nos cargos de alto escalão;
- as mulheres atendem a mais de 70% das tarefas domésticas;
- são empurradas para ocupações inferiores, paga-se menos a elas, são demitidas primeiro e promovidas por último, recusam-se creches e cuidados aos filhos e impõe-se assédio;   
- para cada 10% de aumento do número de mulheres em uma determinada ocupação, a renda anual feminina cai US$ 700,00[4];
-os trabalhos tradicionais femininos, como bibliotecárias, professoras, enfermeiras, secretárias e trabalhos sociais, são pouco remunerados;
- nas vendas em lojas, 83% dos postos de baixas comissões (remuneração média de 170 dólares por semana), como os de vendedoras de cosméticos, pertencem às mulheres, enquanto que 93% dos de alta remuneração (US$ 400,00/semana), como a venda de carros e barcos, pertencem aos homens.

Dessa maneira, caro leitor, pergunto: ainda acredita no discurso ideológico de que a mulher está atingindo a igualdade? Mostre-me onde! 


[1] MULHERES RECEBEM MENOS DE 40% DA MASSA SALARIAL DO PAÍS, APONTA IPEA. G1. Acesso 23Set. 2011.
[2] FALUDI, passim
[3] Ibid, p. xiii et seq.
[4] Ibid, p. 365 et seq.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Meu projeto foi escolhido para participar do Movimento Hotspot: um concurso de ideias promovido pelo Ministério da Cultura, com a participação de empresas como a Vale, a Revista Super Interessante, Lojas Riachuelo, dentre outras.
As ideias selecionadas serão apresentadas em 10 capitais brasileiras.
Veja mais sobre o concurso e o Gerador de Densidade Variável, clicando abaixo:

domingo, 25 de novembro de 2012

HOMEM DE PRINCÍPIOS

Enquanto que percebemos que a maioria das parece agir de acordo com a direção dos ventos e os interesses momentâneos, a todo o momento ouvimos as pessoas dizendo que têm princípios.
Não sei exatamente o que os outros querem dizer com isso, mas para mim princípio é um molde binário que serve para orientar as nossas escolhas na vida na forma de sim ou não. Se somos pessoas de princípios, somos previsíveis, pois dada a situação, tentamos responder sempre da mesma maneira. Somos retos, e não curvados ao vento do instante.
Seguem abaixo os princípios seguidos por mim:

PRINCÍPIO DA BOA FÉ NAS RELAÇÕES
Existem pessoas que gostam de ser chicoteadas. Alguns homens gostam de homens barbudos e algumas mulheres gostam de mulheres com aparência masculina. Alguns gostam de ser asfixiados. Alguns gostam de pés, outros de grupos, outros de Internet, outros da própria mãe. Provavelmente não exista uma pessoa de imaginação tão pobre que sinta o seu prazer máximo fazendo papai-e-mamãe no escuro sempre com a mesma pessoa, como preconizam a Igreja e os bons modos. Portanto, no meu ponto de vista, não existe um “Princípio da Moralidade Sexual” que determine, por exemplo que famílias muçulmanas são pecadoras ou sujas. Pelo contrário, o sujo é aquele homem que trai a mulher escondido, como acontece na nossa sociedade. A traição não é traição pela moralidade sexual, como acredita a maioria, mas pela quebra do princípio da boa fé, o que é, de fato, abjeto.
Infelizmente, a maior parte das pessoas acha o contrário, pensa que poderia fazer qualquer coisa, desde que ninguém descobrisse...

IMPERATIVO CATEGÓRICO KANTIANO
Tentar fazer dos seus atos regras universais. Fazer ao próximo apenas aquilo que aceitaríamos que fizessem conosco (Kant não falou exatamente isso, mas essa é a ideia).
O corolário, é que devemos desejar ao próximo aquilo que queremos para nós. Por exemplo, um deputado que propõe a melhoria do transporte público, enquanto ele próprio se julga um ungido por Deus e anda de automóvel e helicóptero, é simplesmente um patife. Neste caso, as propostas deveriam ser no sentido de dar automóveis para o maior número possível de pessoas e ruas que permitissem tal fluxo de veículos.
Se seguirmos este pensamento, perceberemos que o que as pessoas querem na verdade são as vantagens pessoais, e não o melhor para todos.

PRINCÍPIO DA NÃO COMPACTUAÇÃO COM O ERRO ALHEIO
Também muito presente nos países latinos, as pessoas aceitam facilmente no seu convívio aquele que abandona a esposa, rouba da empresa em que trabalha, frauda na provas, mente ou corrompe, muitas vezes tais procedimentos são até valorizados.
Ao contrário, devemos-nos afastar de tais pessoas, já que a proximidade nos tornará vítimas fáceis da falta de escrúpulos.
Podemos extrair uma subcategoria que é o PRINCÍPIO DA INEXISTÊNCIA DE SEGUNDO ERRO. Ao contrário do que pregava Cristo, devemos enfrentar ou afastar aquele que nos esbofeteia, isolando-o, sancionando e impedindo de fazer novamente. Segundo este princípio, o segundo erro alheio é totalmente inadmissível.

PRINCÍPIO COMUNITÁRIO
No sentido do “Common Sense” de Jefferson. Devemos pensar em toda a comunidade, e não no pequeno grupo. No bem da humanidade, se possível.
No Brasil, esse princípio é praticamente inexistente. A tradição da Roma Antiga de privilegiar os “amicci”, a “famiglia”, é muito presente. Nos países anglossaxões as residências possuem gramados bem cuidados e árvores em frente, pois ali têm o senso comunitário mais desenvolvido que nós, no fazer coisas que beneficiem a todos os que passarem pelo local.
A penicilina, o avião, as viagens espaciais, o tear mecânico, a máquina à vapor, os computadores, a Internet e as redes sociais partiram de países anglossaxões porque neles existe mais presente esse conceito de fazer coisas que beneficiem a todos, não apenas a si mesmo e o pequeno grupo.

PRINCÍPIO ESTÉTICO
Derivado do Princípio Comunitário, as coisas que fazemos devem ser belas, pois contribuem para todos, e não apenas para o criador que teria interesse apenas na funcionalidade.  

PRINCÍPIO DO BEM FEITO
Ainda derivado do princípio comunitário, misturado com o Imperativo Categórico, tudo aquilo que for feito para outrem, deverá ser bem feito, de maneira que se todos agissem dessa maneira, pudéssemos tentar nos dirigir à perfeição.

PRINCÍPIO DA NÃO ONERAÇÃO ALHEIA
Ainda que pese que este princípio deva ser flexibilizado pelas mulheres, pois, por motivos longos de explicar aqui, não é imoral a esta ser sustentada pelo marido, em geral, não se deve esperar que outro pague as nossas próprias contas.
Este é outro princípio que a maioria não concorda: em geral, as pessoas acham que as mulheres devem trabalhar e que é lícito aumentar constantemente os impostos para que pequenos grupos se beneficiem.

PRINCÍPIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO
Com exceção daquela que provoca dano real e imediato (panfletos que ensinem a fazer bombas caseiras, por exemplo), toda questão de liberdade de expressão deve ser resolvida em nível cível ou no âmbito de crimes contra a honra individual.
Rasgar a bandeira nacional, discutir com um policial falar abertamente sobre drogas ou fazer críticas contra o comportamento de grupos específicos, enfim, expressão pública ou contra agentes públicos ou de ideias não deveriam nem sequer ser cogitadas como crimes, mas tampouco a maior parte das pessoas pensa dessa maneira em nosso país.  

PRINCÍPIO DO PRAZER & PRINCÍPIO DA PERMANÊNCIA APÓS A MORTE
Nós somos os únicos animais que sabemos que vamos morrer e que o tempo passa. Assim, temos a obrigação pessoal de aproveitar ao máximo o instante presente no sentido de (1) obter prazer e evitar a dor e (2) fazer coisas que durem após a nossa morte, de maneira a tentar evitar que passemos.
O Princípio do Prazer refere-se ao prazer hormonal e dos neurotransmissores do cérebros: culto das ações físicas, através da adrenalina, do sexo (oxitocina, vasopresina e testosterona), das pequenas alegrias (endorfinas), etc.
O Princípio da Permanência Após a Morte, indica que devemos nos perguntar se o que fazemos será um ato que reverberá no futuro, ou apenas momentâneo e sem sentido.  Se momentâneo, aplica-se ou não o Princípio do Prazer?
Se algo que fazemos não é para a nossa permanência ou para o nosso prazer, é um ato vazio de sentido, apenas um entretenimento, um desperdício inócuo de tempo que devemos evitar.
Será que ficar deitado no sofá assistindo um programa de auditório no domingo à tarde é produtivo? Será que dá prazer? Se a resposta para ambas as questões for negativa, por que raios alguém haveria de perder tempo na vida?

Por tudo isso, vivermos sem princípios significa viver ao léu, agindo inconscientemente conforme a sociedade prega, conforme as nossas emoções do momento ou os ditames da grande mídia.
Possuir princípios significa possuir escrúpulos e, em última instância, construir um caráter que não pode ser dobrado pelas circunstâncias, pelos afetos ou pelas modas.
Enfim, ter princípios significa afirmar a si mesmo que se fazem sempre as melhores escolhas, aquelas que acreditamos.
Significa, portanto, afirmar-se como não escravo.  

domingo, 7 de outubro de 2012

CARTA A UM JOVEM QUE COMEÇA A AMAR, DE UM HOMEM MADURO QUE JÁ TEM AMADO


Caro jovem amigo,
preciso-lhe escrever estas linhas que, sem  almejar a grandeza de um Rilke ou a perspicácia de um Franklin, tratam de assunto pertinente a todos os homens e que não posso deixar de te advertir, mesmo sabendo que só serei compreendido depois de te tornares irremediavelmente ferido pelo peso dos anos e pela só aparente leveza dos beijos femininos. Eu que estou, se não ainda no ocaso da vida, digamos, já no horário do lanche da tarde, fortuitamente encontrei-te a pouco pela rua, pisando em ovos, sorrindo de forma constrangida para mim, como se algo tivesse a censurar-te, tentando explicar-te para, desculpando-me eu aqui pela impessoalidade do pronome pessoal, para ela a respeito de acontecimentos ordinários sobre os quais, sabemos, dentre as mulheres gotas de um copo d’água transformam-se em tempestades.
Não quero ser pessimista, mas, acredita, será assim para toda a tua vida, pois, repentinamente abrindo-se a cortina e acendendo-se a ribalta, somos jogados para contracenar neste palco sem ninguém nos ter repassado o texto ou ensinado as marcações. 
Escutemos os que vieram antes de nós. Orson Welles falava que se não fossem as mulheres, estaríamos ainda sentados em uma caverna, comendo carne crua. Tudo o que fazemos é para impressionar as nossas namoradas. 
Sabendo disso, estas, merecidamente ufanas, nos repetem o lugarcomum de que só seremos grandes se tivermos uma delas por detrás, mas recorda-te da advertência de Ortega y Gasset, de que elas sempre estão tentando nos manter em um patamar medíocre e impedir de nos tornarmos semideuses. E o pior de tudo é que ambas as afirmações, ainda que contraditórias, são verdades. Dessa maneira, quando estiveres quase descobrindo a cura do câncer ou o porquê das galáxias se afastarem em ritmo tão acelerado, e fores obrigado por uma delas a sair para buscar um desentupidor de pia ou um frasco de baunilha no supermercado, lembra-te que as grandes questões nem sequer teriam sido cogitadas se tu estivesses sozinho, a tua grandeza, que almejo ocorra, não o será apesar de, mas também por causa dela. Jamais na história uma mulher compôs uma sinfonia, mas se não fossem as mulheres, nunca teria existido um Mozart.
Como conheço tua inteligência, sei que de jovem que acredita no mundo de ideais, proposto por Platão, e na bondade, proposta por Cristo e Rousseau, o tempo passará e tornar-te-ás ciente da crueldade dos lobos e da praticidade de jaulas, chicotes e focinheiras para que não nos devoremos uns aos outros. No entanto, quando se trata do amor, evadem-se todas as formas ideológicas de pensar, as que adoçam a juventude e as que dão fel à maturidade, e restam apenas dois tipos de homens: os cínicos.
Mas não se engane, pois o homógrafo divide os sábios dos imbecis. O primeiro tipo é daquele cínico assim definido pela língua portuguesa, do que mente, do que ilude, do que finge aquilo que não é, achando que está levando vantagem e enganando as mulheres. O segundo é o cínico assim exposto pela filosofia grega, do tipo que é honesto como um cão e profere verdades mesmo sabendo que talvez venha a ser prejudicado.
Tuas pernas irão tremer e teus lábios irão vibrar em indecisões apavoradas, mas quando ouvires perguntas cruciais para a alma feminina como “Com quem estavas ontem à noite?”, ou, pior ainda, “Estou gorda?”, deverás optar em qual dos dois cínicos queres te tornar.
Se escolheres ser dos cínicos mentirosos, sinto informar, mas serás corno. Serás pobre, pois perderás todos os bens que conquistaste. Seguir-te-á um séquito de golpistas, amparadas por um Poder Judiciário nem sempre equânime. Talvez também doenças incômodas e inconfessáveis. Talvez, trarás ao mundo inocentes não desejados ou planejados. Podes não acreditar, mas mulheres admitem ofensas, admitem repreensões. Admitem até que tu durmas com outra, aliás, as estatísticas colhidas na intimidade informam que a maioria gostaria de, ela própria, deitar-se com outra mulher, não se iluda com as imposições da sociedade.  Elas só não admitem agressões gratuitas, mentiras e abandono.
Se mentires, não estarás levando vantagem alguma, apenas partindo do pressuposto que a pessoa que tu amas veste touca de pacóvio. Escuta o amigo que tem avançado em anos, isso ela não o é, senão tu não a terias escolhido para compartilhar a vida. Portanto, escolhas a verdade canina, tornar-te o supersincero ao qual todas as mulheres rangem os dentes, mas apreciam.  
Se assim concordamos que esses seres maravilhosos não nem iguais a nós e nem são as estúpidas que os homens tolos acreditam que elas são, e como eu sei que, de todas essas considerações que julgo sensatas que aqui te tentei passar a única que te acordou até agora na leitura e mexeu com tua imaginação, foi a das mulheres dormindo com as outras, pois por mais que nos esforcemos, nenhum conselho ponderado pode superar as fantasias mais primitivas, devo esclarecer esse assunto mais profundamente, pois abandonar-se a uma só mulher, no desprezo de todas as outras maravilhosas que por aí estão, disponíveis e insinuantes, depende de sacrifício que nem todos os homens estão dispostos a cumprir, muito menos quando estão nas idades verdes.
Para compreendermos essa concessão, essa desigualdade antropológica, esquece teus delírios igualitários dos tenros anos e encara o fato de que na maior parte das sociedades as mulheres aceitam que os homens ricos tenham outras. De passagem, desejo-te também riqueza.
Se já concordamos que as mulheres não são umas imbecis, exploradas brutalmente por marmanjos agressivos, devemos aceitar que existe uma concordância feminina. Nas sociedades poligâmicas, apenas 2 a 5% das famílias possuem mais de uma esposa, o que não é muito diferente da nossa, formalmente monogâmica, mas materialmente hipócrita, em que uma pequena parcela dos homens mantém uma amante.
Essa concessão tem diversos motivos que nos trazem compreensões sobre a alma feminina.  Temos o motivo bioquímico, que determina que as mulheres, quando são tocadas, liberam o hormônio chamado oxitocina, responsável pela afetividade e vontade de ser protegida. Homens liberam vasopresina, que é o hormônio responsável pela territorialidade. Assim, quando dormires com tua namorada, tenhas consciência que ela quer que tu fiques por perto e tu não queres que os outros homens durmam com ela. As razões de ficarem juntos para sempre são diferentes, apesar do ato do matrimônio ser o mesmo. Há também o motivo sexual: como disse, sabe-se que 60% das mulheres topam dormir com outras mulheres enquanto que apenas 20% dos homens assim se interessam por homens, o que as leva a serem mais condescendentes com tal atitude, principalmente se também participarem. Tem-se ainda o motivo econômico. O ser humano aprendeu a caminhar sobre duas pernas para que o homem trouxesse alimentos para a fêmea que amamenta. Isso nos proporcionou uma infância mais longa e o desenvolvimento de nossa inteligência sobre os outros animais. Assim, o que nos torna humanos, desde os australopithecus, é que homens aceitam sustentar mulheres, e mulheres não aceitam prover nem um só marido, o que se dirá de dois ou mais? O corolário é que nunca, jamais, tu deves propor para dividir o motel e deves trabalhar duro para pagar as contas. Não há igualdade, e o responsável és tu.
Assim, se tiveres vontade de dormir com outra, não é algo anormal, motivo de chacota ou de ser considerado um repugnante inimigo pelas feministas de mentalidade empedrada, pelo contrário, a monogamia foi proposta pelos filósofos estóicos romanos como forma de dominar a mulher e acumular dinheiro. Basicamente, mantemos uma só esposa para ficarmos mais ricos e mandarmos no mundo. Essa é a razão porque dominamos 99% dos ativos (máquinas de produção, propriedades, ações...), ganhamos mais para exercer as mesmas funções e dois terços dos miseráveis do mundo são mulheres. A pretensa igualdade, existente apenas no formalismo dos discursos, gera um tremendo desequilíbrio social.
A monogamia produz outra desigualdade terrível: aos 65 anos, 73 por cento dos homens serão casados, contra apenas 32% das mulheres. Mais de dois terços de todas as mulheres que tu conheces e amas passarão por uma velhice abandonada, o que é uma tenebrosa crueldade por parte daqueles homens ricos que escolhem ter apenas uma esposa. No entanto, é assim que as coisas funcionam e, se for por motivos triviais, jamais abandona a mulher que escolheste.  Ela merece que tu lutes por ela.
Portanto, nunca a traia, nunca minta. Se quiseres, e tiveres condições, de ter outra mulher, fale sobre o assunto, pois é a maneira de te tornar um homem digno, ao contrário do que prega a sociedade que te empurra para omitires, enganares e ganhares mais e mais dinheiro, sem nunca dividir. Talvez, trocando de família, para reiniciar infinitamente no mesmo problema.
Para escolheres aquela com quem dividirás a vida, portanto, alerto-te para três mulheres que irás encontrar nas tuas andanças, raríssimas, e, portanto, preciosas, as quais tu deves fazer tudo aquilo que estiver ao teu alcance para que não se afaste e, melancolicamente, deixando-a irremediavelmente ir se ela não estiver na mesma sintonia.
A primeira delas é aquela que cuidará de ti, como a tua mãe o fez.  De maneiras piegas que profundamente mexer-te-ão nos nervos em um primeiro momento, ela será boa para teus filhos e na primeira dificuldade que tiveres na vida, irás te certificar que ela ficará ao teu lado quando todos ao redor já te tiverem dado as costas. Se um dia a abandonares, irás ser tomado de um arrependimento azedo, pois dificilmente terás outra oportunidade de encontrar alguém assim.
A segunda mulher incomum é aquela com quem gostas de estar. É a companheira de viagens, de filmes e de pipocas. Aquela com que tu gostas de ficar abraçado em silêncio. Aquela com quem tu gostas de tomar banho de mar e contemplar o horizonte do alto de uma montanha. Normalmente, ela espelha a ti e em poucas perguntas tu irás ver que vocês têm experiências de vida em comum, com coincidências surpreendentes.
O terceiro tipo é aquela com que tu gostas de conversar. Irás encontrar, em toda a tua vida, três, se tiveres sorte. Talvez quatro, se largamente gratificado por este mundo predominantemente composto de vazio , carência e escassez. Irás a reconhecer imediatamente por não ficares em silêncio na sua presença. Se tiveres uma tarde sozinho com ela, terás assunto para a tarde toda, e ela também.
Outra coisa importante é o leito. Nesse particular existem alguns indícios que as pessoas não têm como esconder.
Dizem os cientistas que pessoas que fazem sexo com mais frequência se parecem mais jovens. Na sabedoria medieval do Kama Sutra, somos informados que existem aquelas de paixões débeis, médias e altas. Dessa forma, pessoas de libido alta, ainda que não seja uma informação definitiva, podem se parecer mais jovens em uma proporção muito mais elevada do que a média. 
A sabedoria popular nos diz que as pessoas são na cama, como na mesa. Por isso observe como ela come. As enfastiadas e as que comem só para sobreviver terão boas chances também vir a ser na intimidade. As boas de garfo, conhecedoras dos molhos e das cozinhas têm mais chances de assim o serem sobre os lençóis. Por consequência, aprenda culinária, pois terás melhores oportunidades de encontrar alguém com essas características em uma aula de gastronomia ou num bom restaurante do que em uma danceteria ou em um bar de petiscos.
Por fim, existem dois tipos humanos, que podemos chamar de viajantes e de navegadores. Os viajantes são aqueles que buscam chegar ao destino, para os quais as viagens são cansativas. Aos navegadores, ao contrário, interessa é o percurso. Tu podes reconhecer a mulher facilmente, basta fazer uma viagem de automóvel. Se ela insistir em parar a todo o momento, tirar fotografias, comprar bugigangas e entrar em cidades fora da rota, a chance de gostar de passar uma tarde sobre a cama, é muito alta. Se ela reclamar o tempo todo da demora, normalmente, gosta apenas de prazeres rápidos, o sexo demorado e detalhado não ocupa parte importante na sua vida e com ela terás encontros mais curtos. 
Finalizando, fica mais um último conselho. Estuda três disciplinas.
A primeira é aquela que nos diz porque casar. A história, a arqueologia, a biologia, a economia, o direito, são campos do conhecimento que nos dão essas respostas. Se a nossa sociedade incentiva cada vez mais o individualismo e a incompreensão entre homem e mulher, por que não seguir a direção da ventania e simplesmente dizer não ao matrimônio? 
Por que a opção não significa ser livre, mas tornar-te um abandonado, um escravo de tua própria amargura.    
A segunda disciplina é a que nos diz como se relacionar. Estuda a arte dos lençóis: como conquistar, como se movimentar, como fazer massagens, como criar um ambiente propício, enfim, não espere até chegar a pessoa certa, mas se torne ela, de maneira prática, burilada. Semelhantes se atraem, sê aquilo que tu queres receber.
Por fim, estude para quê serve toda essa insanidade chamada amor. Adianto-te, serve para que cheguemos ao êxtase, palavra que em grego quer dizer ao mesmo tempo prazer supremo e parada.
Parar no ápice. Deus? Nirvana? Samhadi? Iluminação? Paraíso? Chama como quiser, mas essa é a ideia. Um antigo povo chamado drávida criou há cinco milênios uma disciplina que estuda um assunto que posteriormente talvez nunca mais tenha sido abordado metodicamente, os conhecimentos sobre o orgasmo. Essa matéria, exposta de maneira quase que cartesiana, a qual chamaram de “união”, cujas raízes do sânscrito nos remetem à nossa palavra “justiça”, que originalmente significava o laço simbólico colocado nos chifres dos bois a serem negociados, mostrando que as duas partes estavam irremediavelmente unidas pelo compromisso divino. Raiz etimológica, aliás, que até hoje se mantém no idioma inglês, em que “yoke” quer dizer uma junta de bois. Assim, a disciplina do “ius”, “yuk” ou do “yoga”, trata de como aproveitar o máximo do prazer pela união sexual. É o estudo de oito campos do conhecimento: da higiene, dos sons, da respiração, das posições, dos gestos, das entregas, da meditação e do êxtase propriamente dito. Não confunda com esse alongamento abobalhado de fundo religioso que normalmente é ensinado nas academias, yoga é muito mais que isso e os arqueólogos nos provam por registros antigos, que o seu símbolo “sagrado”, o OM, representa um pênis entrando em uma vagina, o que nos diz muito de seu significado.
Portanto, se quiseres dar e obter mais prazer, estuda o casamento, a cama e o orgasmo. Acredita, o gozo não é um espasmo rápido que dura quatro ou cinco segundos, mas um êxtase de longa duração, que te rejuvenesce, alucina-te mais do que uma droga ilícita e concede muito mais sacralidade do que as igrejas tentam-te vender.  A maior parte das pessoas não sabe disso porque não está disposta a parar, estudar e praticar.
Muitas mulheres se tornam amargas, e a maioria esmagadora de fato se torna por causa nossa. Percebe que estas, majoritariamente, o são porque os do sexo masculino não sabem tocar e ficar ao lado, coisas simplíssimas, mas ignoradas. As alegrias a dois, portanto, dependem principalmente do teu empenho. Que essa infâmia não seja, pelo menos por ti, perpetuada. És homem, ser solar, polo ativo da relação, portanto as iniciativas te pertencem, faz de alguém, alguém melhor.
Não sabemos por que explodimos com esse universo infinito, nem porque estamos aqui juntos nesse instante perdido entre o imensurável passado e o incerto porvir, mas sabemos que o sentido disso tudo, se é que existe, é mediato, não está no ganhar dinheiro, em dominar os outros ou no estudar cada vez mais para saber coisas que não conduzem a alma a uma posição de topo. Não está em relacionar-se com pessoas que apenas nos promovem aos outros ou nos aliviam momentaneamente. Estes podem até ser meios fugazes, mas não levam àquilo que realmente interessa. Por isso, não os idolatre como sentido último de tua vida, pois, adianto-te vivência, não são.
Neste momento deves achar que com estas breves palavras, fiz do amor algo por demais complexo, já que há poucos minutos pensavas que a natureza já havia ensinado-te tudo. Ora, ninguém falou que seria fácil e sempre há o que aprender. Os aforismos aqui apresentados não concluem, mas tentam apenas despertar-te para o mundo vasto que existe por aí.  
Assim, jovem amigo, como ambos sabemos que em poucas décadas estarei adentrado na minha final integração com o Cosmos, em um término que se me aproxima implacavelmente, e tu estarás aqui onde agora estou, neste funesto desfile, já ensaiando os passos para seguir-me sobre a pedra fria do umbral da passagem para a noite eterna, espero que estas poucas linhas influenciem na tua escolha de te tornares um ser humano melhor no decorrer dos anos que te restem.
Apenas torço por estar assim evitando a repetição dos meus erros por outrem e, em última instância, tentando-te poupar de reafirmar a frase de DeGaulle, que dizia que a felicidade não existe. Acredito o contrário, desejo-te do fundo do coração que alcances tudo o que a vida tem a oferecer. Desejo-te, sobretudo, paz.
Com meus cumprimentos sinceros,
Luiz de Wetterlé Bonow
Primavera de 2012.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Para que existe o calor latente?

“Dans la nature rien ne se crée, rien ne se perd, tout change.”
Antoine-Laurent de Lavoisier

Lembremo-nos das aulas de física do colégio.
O calor sensível é aquele que todos conhecemos: quando aumentamos a temperatura de um objeto, ele se aquece, quando baixamos, esfria-se.
No entanto isso nem sempre acontece. Ao chegar a um determinado ponto, podemos aumentar ou diminuir a temperatura que nada ocorre enquanto toda a massa não ferver, ficar líquida ou congelar. A esse calor que não aquece chamamos de calor latente.
Muito bem, sabemos que os vapores têm mais energia do que os líquidos e estes, mais do que os sólidos. A pergunta é: o que acontece quando cerramos as cortinas da energia, como enxergar aquilo que não conseguimos ver? Se Lavoisier acertou dizendo que na natureza tudo muda, para onde está indo o calor do fogão de nossas casas nos instantes anteriores que a chaleira ferve? O que acontece com a energia da água quando ainda não é vapor, mas já tem temperatura para tanto? Ou, formulando melhor a pergunta, por que existe tanto água, quanto vapor a 100ºC, se eles possuem energias diferentes?
Dá para entender a pergunta? Uma resposta sem pensar muito seria que o calor latente está vaporizando a água, no entanto, existe um período de tempo em que a água ainda é líquida e a temperatura se mantém constante, além disso, com a mesma energia (temperatura) podemos ter água no estado líquido e no estado de vapor.
Calor latente, portanto, é uma gama de energia que, no caso da água pura e em condições normais de temperatura e pressão, é 100ºC. Esses 100 graus podem significar água ou vapor, portanto, não podemos dizer que o bico do fogão está apenas dando energia para a água mudar de estado, pois com a mesma energia, temos dois estados físicos.
O que a boca do fogão faz é criar uma “gama energética”. Prestemos atenção a esta expressão exótica, pois ela será útil mais adiante.
Ora, se ali existe uma energia acumulada, quer dizer que podemos recuperá-la, pois Lavoisier estava certo. Assim, devem existir máquinas que aproveitem esse conceito e que aparentemente, veja-se bem, apenas aparentemente, iludam a 2ª Lei da Termodinâmica.
Um brinquedinho conhecido para tal é o “Pássaro Beberrão”:



Dentro dele tem um líquido (normalmente, diclorometano) que entra em ebulição à temperatura ambiente, levando o líquido para a cabeça que cai sobre o copo d’água. Como a cabeça do pássaro é de feltro, a água a umedece e evapora, retirando o calor e fazendo com que o diclorometano volte para a cauda, forçando o brinquedo novamente a se erguer, recomeçando o ciclo.
Ora, a variação de calor latente gera uma pequena diferença de potencial gravitacional, pois a cabeça ergue-se uma determinada altura a que chamaremos de “h”:


Em tese, poderíamos retirar a energia deste brinquedo através de um mini-mini gerador elétrico que alimentaria uma mini-mini lâmpada.
E como poderíamos confirmar que o calor latente é uma “gama energética”? Bastaria, colocando os devidos contrapesos, aumentarmos o tamanho do pescoço do pássaro beberrão:




Aqui teríamos uma atura maior para a mesma energia dispensada, pois com a mesma quantidade de líquido evaporado, geramos diferentes alturas, portanto diferentes energias potenciais, conforme a figura seguinte:


Isto é, podemos transformar a gama energética chamada calor latente em outra gama energética, chamada Energia Potencial Gravitacional. Aqui não mais falamos de conservação de energia, mas na conservação de uma gama de energia. Só assim, é que podemos inferir que Lavoisier continua valendo.
A energia pode ser transformada: a luz do sol pode ser transformada em eletricidade, o giro de uma roda pode ser transformado em calor, etc. No entanto, uma “gama energética” pode ser transformada em outra gama de diferente energia.

O pássaro beberrão é exceção da natureza? Não, é claro que não. Isto acontece o tempo todo, pois em um mesmo campo gravitacional, com a mesma energia dispensada, podemos retirar diferentes categorias de trabalho realizado.
Vejamos outro exemplo.
Canalizemos um rio e coloquemos duas turbinas com geradores elétricos nesse duto, um no montante (A) e outro no vazante (B), conforme o esquema abaixo:



A energia do rio será absorvida pelo gerador A, restando muito pouca para movimentar o gerador B.
Porém, se modificarmos a pressão, conforme o desenho seguinte:

Ao fazermos um estreitamento nesse duto, ocorrerá uma baixa pressão na garganta, fazendo que uma parte da água volte a subir. Ao instalarmos um mini-gerador (A) neste estreitamento, poderemos obter uma energia que não reduz aquela obtida pelo gerador B.
Como vimos no exemplo do pássaro beberrão, trata-se a Energia Potencial Gravitacional de uma gama energética, que pode ser transformada em mais energia do que aquela que é calculada ao multiplicarmos massa, pela aceleração da gravidade e pela altura.
E Lavoisier continua valendo, pois a energia de um rio não pode ser medida pela sua energia potencial gravitacional, mas pela gama energética implícita nesta energia.

Temos portanto, pelo menos, as seguintes formas de gamas energéticas: calor latente-gravidade (Δ de Estado Físico); pressão-gravidade (Δ de Pressão) e ainda uma terceira, que é a densidade-gravidade (Δ de Densidade).

Da mesma maneira que os exemplos anteriores, ao variarmos a densidade de um líquido, ele também estará sujeito à variação de energia potencial gravitacional, conforme a máquina proposta no vídeo abaixo, que utiliza magnetismo para variar a densidade de um líquido ferromagnético (ferrofluido).

Assista antes de prosseguir na leitura, o vídeo chamado “Gerador de Energia Elétrica de Densidade Variável”:

http://www.youtube.com/watch?v=E3XhKdWu460

Veja-se bem, a única energia dispensada ao sistema é o magnetismo do ímã, mas este não produz trabalho diretamente (no sentido do giro), sendo, portanto, o seu desgaste bastante lento em relação à energia produzida (é o mesmo caso da água que tem que ser reposta no copo do pássaro beberrão, mas não influi significativamente no cálculo de energia). O Ímã apenas muda a viscosidade do fluido, que é o que realmente produz o movimento da correia.

Impossível! – dirá o estudioso de física - Ciclos fechados não existem! Desde a Grécia clássica jamais se verificou uma máquina que vá contra a segunda Lei da Termodinâmica!
Ora, se tal máquina não fosse possível, Lavoisier estaria errado, pois não seria possível que dois estados diferentes da matéria possuíssem a mesma temperatura.
E nem que um rio pudesse subir novamente sem gastar energia.
E nem que uma mistura homogênea pudesse possuir duas densidades diferentes.

Procuro apoio técnico e financeiro para a prototipagem desta última máquina, porque acredito que é uma ideia absolutamente inovadora e que faça sentido, pois aqui Lavoisier continua valendo!

Obrigado pela atenção,

Luiz de W. Bonow
lwbonow@yahoo.com