terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Imperialistas de Pouca Prática


Conta-se que o grande e o mau vendedores de sapatos chegaram em uma aldeia em que ninguém usava sapatos. O mau vendedor falou “Vamos embora, aqui ninguém usa sapatos.” O grande vendedor, no entanto, exclamou: “Nossa, que grande oportunidade! Aqui ninguém usa sapatos!”
A Europa e os Estados Unidos já perceberam que grande oportunidade será a reconstrução do Haiti. Quantas obras de engenharia, quanto de comida, bens de consumo, transportes, enfim, quanto de tudo será necessário para construir um país a partir do zero?
Será que vamos aproveitar para enviarmos as nossas construtoras, vendermos as nossas panelas e os nossos ônibus de Caxias do Sul, as nossas toalhas de Blumenau, nossas TVs de Manaus, nossos carros flex, nosso etanol e os nossos sapatos de Franca? Nós, que demos a sorte de sermos o número um por lá, por que não aproveitar? Afinal, para quem conhece alguns haitianos sabe que basta apontar para si mesmo e falar “brésilien! Ronaldô!” para receber em troca um largo sorriso, pois somos um povo querido naquele país. As nossas tropas estão ajudando nesse momento difícil, no maior número dentre os estrangeiros, muito mais do que salvar vidas e colocar ordem, estamos ensinando a língua portuguesa e os costumes brasileiros, batendo bola com a meninada, enviando novelas de TV, enfim, fazendo o mesmo que os soldados americanos faziam quando distribuíam chicletes para as crianças alemãs logo após a 2ª guerra.
A primeira coisa que os Estados Unidos fizeram foi organizar o tráfego aéreo. Perdemos essa, pois já está na cara quem é o candidato óbvio para reconstruir o aeroporto, mas em muitas outras obras e serviços, estaremos na frente com larga vantagem.
Agora basta saber se o que queremos com as nossas tropas naquele país são dois assentos, um no Conselho de Segurança da ONU e outro no céu pela boa ação, ou se vamos aproveitar a oportunidade que se abriu diante de nós para ganhar mais um estado-irmão do nosso território. Sim, pois o Haiti tem tudo para se tornar para nós o que Porto Rico é para os Estados Unidos. Muito mais do que a questão humanitária, é de nosso total interesse prover o país de infra-estrutura, pois se não o fizermos, certamente uma ilha que aponte para o lado sul de Cuba será extremamente estratégica para o Grande Irmão do Norte. E providenciar infra-estrutura, é o que os americanos sabem fazer de melhor, temos um concorrente forte.
Os nossos esquerdinhas de plantão ficam arrepiados só de ouvir falar da palavra imperialismo, mas o que eles querem? Com essa bola que recebemos, quicando na frente do gol, será que vamos deixar de chutar?
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