segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Uma verdade Inconveniente

Os pessimistas dizem que é só uma questão de tempo para a crise mundial pousar no Brasil. Ela estava só esperando as eleições municipais. Depois, estava esperando pelo natal, mas houve um acréscimo real de vendas de 3,5% em relação ao ano passado, agora espera para depois do carnaval... Por onde anda a tal crise?
34 mil demitidos na indústria paulista. Número ridículo, diante de uma população de 190 milhões e das atribulações internacionais, afirma o Ministério do Trabalho. E é verdade!
A crise não vai chegar, diz o nosso sábio presidente cuja mãe nasceu analfabeta e que afirma que o Brasil não faz fronteira com a Bolívia. Gastemos, pois São Coríntians nos protejerá! Será que ele está certo?
A imprensa está emudecida: ninguém quer explicar a razão do sucesso do nosso país diante dessa tragédia mundial por um simples motivo: seria tirar o esqueleto do armário.
Como terminou a crise de 29 nos Estados Unidos? Com o “New Deal” de Roosevelt, ou seja, com a criação de um sem-número de siglas estatais, cabides de empregos que não geravam riqueza, mas faziam com que a renda se distribuísse. Os anarco-capitalistas contestam essa verdade, mas foi a única ação governamental contínua durante o período, aliás, copiada por Getúlio Vargas, que também produziu por aqui uma fase de riqueza na década de 50.
E por que ninguém quer tocar no assunto?
Para os liberais, seria ter que afirmar o contrário daquilo que sempre pregaram, que existe algum benefício na inutilidade de um estado-monstro, no mínimo na função de uma represa de capital que umedece o mercado em tempos de seca.
Por outro lado, para aqueles que defendem a idéia de mamar da teta gorda do país, seria assumir a inutilidade de suas vidas, passar certificado de Barnabé. Seria afirmar que a função do Estado não é a de garantir uma melhor qualidade de vida para os pagadores de impostos, mas apenas se inchar para pagar salários extorquidos da população produtora de riqueza.
A essa extorsão, o governo chama de distribuição de renda, ambos os termos estão corretos, depende do ponto de vista.
Quem está gastando no país e que está mantendo a economia aquecida? Os mesmos que sempre gastaram e que têm certeza que no final do mês estarão com os subsídios ou remunerações depositadas direitinho nas suas contas, aqueles que chova ou faça sol, não se importarão com os efeitos da crise em seus bolsos, ou seja, os servidores públicos.
Os salários estatais fazem assar pizzas, lotar as pousadas no final do ano, colocar combustíveis nos carros, vender presentes, construir apartamentos...
Não é um milagre estarmos bem diante de uma situação mundial tão delicada. A verdade inconveniente é que o Brasil tem um “New Deal” permanente, que, por um lado nos alimenta no período das vacas magras, por outro, impede um crescimento mais acentuado.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Aí vem golpe?

Esses dias recebi um e-mail sobre as perseguições aos jornalistas no Brasil. Ora, silenciaram o Bóris Casoy, depois o Diogo Mainardi, depois o Jabor... A conclusão do e-mail: logo começarão a censura prévia, as perseguições políticas e os desaparecimentos!
Em primeiro lugar, sempre falo aqui no blog que não existe liberdade de expressão no Brasil, pois não se pode chutar santa na TV, nem mostrar dedo para policial, nem fazer música falando de maconha, nem publicar biografia não-autorizada, nem publicação no Orkut se dizendo racista, por aqui, benção Millôr, livre-pensar é só pensar, sem sombra de dúvida. Alguns leitores devem até estar pensando, que em todo o mundo é assim...não é, posso garantir. Bater-boca com um funcionário público não irá com certeza comprometer a democracia, mas é difícil convencer as pessoas disso.
Sou também fã de todos esses jornalistas citados, gosto muito de os ler, acredito que são muito corajosos e colocam questões pertinentes.
Agora vem o porém: uma coisa é dizer que existe um fato, outro é chegar às conclusões sobre este fato, isso não é a função da imprensa e é por isso que jornalistas são normalmente silenciados pela justiça. O maior exemplo é o daquela escola em que os diretores foram acusados de pedofilia, a escola foi destruída, a moral dos professores jogada no esgoto e pouco tempo depois foi provado o enorme engano.
Uma coisa é informar que alguém carrega dólares na cueca, outra é julgar e condenar antecipadamente. Por mais que todas as evidências apontem para corrupção, a conclusão pertence ao Poder Judiciário, não a um Quarto Poder que muitas vezes tenta tomar ares oniscientes. Vemos escândalos e dossiês sendo publicados pela imprensa todos os dias sem que ninguém seja processado, mas acusações “ad hominem” e julgamentos antecipados não estão no rol das características de um verdadeiro livre-pensar. Jornalistas sabem muito bem essa regra e que em qualquer lugar do mundo é um tanto quanto perigoso ser boca-grande.

Muito bem, e a Ditadura do Proletariado, está ou não está vindo?
Ora, o Brasil está com finanças saneadas, sob um pensamento único (estúpido, mas único), sem qualquer oposição, o presidente está com 80% de aprovação e fronteiras perfeitamente limitadas. Ditadura prá quê? De onde é que tiraram essa idéia? Regimes fortes servem para esmagar oposições, mas onde estão elas?
Uma coisa que as pessoas não entendem é que o valor maior para a nossa sociedade é a manutenção da burocracia e do Estado-Monstro, pois a nossa elite é formada pelos servidores públicos. Se uma bomba for lançada na praça central de uma cidade, o Código Penal prevê de 2 a 6 anos de cadeia, mas Peculato, meter a mão no dinheiro público, dá até 12 anos. Por aqui, os crimes contra a ordem burocrática do Estado e contra a arrecadação pública são muito mais graves até mesmo do que crimes contra a vida!
É só ver a nossa história: a Inconfidência Mineira aconteceu porque Portugal cobrava a “Quinta”, ou seja, 20% de tributos. A primeira atitude de David Canabarro quando invadiu Laguna na Guerra dos Farrapos, foi acabar com o imposto extorsivo do charque. Um dos motivos da Guerra do Contestado foi o de que Paraná e Santa Catarina deixaram abandonada uma uma região rica em erva-mate e pinheiros que disputavam entre si com a finalidade de dominar e extorquir mais impostos. A Revolução Federalista se deu porque os estados do sul não queriam mandar tributos para o Governo Federal. Nós tivemos a única ditadura militar de direita do mundo que aumentou o tamanho do estado ao invés de diminuir, criando e ampliando um enorme número de estatais. Enfim, a nossa história é a história da extorsão do poder público sobre a iniciativa privada e isso jamais mudará. Nosso governo atual não contesta essa verdade, portanto não precisa se preocupar com oposição.
Pergunto: esse valor, o da injustiça na existência de um Estado gigantesco e extorsivo está sendo contestado? Algum político defende por acaso a redução de impostos e diminuição de secretarias, autarquias e empresas públicas? Ora, se não há oposição à essência do Poder Público, por qual motivo haveria de existir uma ditadura?
E como somos um povo de índole bovina que não esboça qualquer reação, os 90% que produzem riqueza no país vão continuar trabalhando para os 10% que controlam o poder estatal.
Simples assim.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

A Favorita e a Casa Cor

O que tem uma coisa a ver com a outra? Nada, mas resolvi colocar na mesma postagem porque quero falar de um único assunto: tendências.
Em primeiro lugar, penso que A Favorita é a primeira grande novela da televisão brasileira, o que veio antes foi só treinamento do pessoal da Globo, não tem nem comparação.
No início da novela li uma crônica do Zeca Camargo
em que ele dizia estarmos voltando aos bons tempos da Janete Clair. Acho que não é por aí, é muito mais do que isso.
O segredo d’A Favorita é simples: um apuro técnico desenvolvido por décadas de “expertise” da equipe somado ao aparecimento de um artista, João Emanuel, coisa que historicamente só acontece quando a sociedade está apta para gerar um gênio. A mudança que o autor fez na teledramaturgia foi simples: tratar de eros e thanatos, amor e morte, os temas eternos da arte. E o fez, não em um nível de Janete Clair ou de novelas dos tempos do rádio, mas com um clima de suspense que lembra muito Hitchcock, o grande mestre do melodrama.
Quem viu a cena da cuspida de Silveirinha ou a perseguição do velho pai de Flora na garagem-elevador, sabe do que estou falando - pequenas obras-primas -.
João Emanuel fez o que faltava para a dramaturgia brasileira, seja ela televisiva, teatral ou cinematográfica, falar de um tema universal. É só por um acaso que a trama se passa em São Paulo, uma São Paulo cênica e belíssima, diga-se de passagem, porque poderia muito bem se passar em Londres, Nova Iorque ou Seul que não interferiria em nada na narrativa.
Em contraposição, todas as outras novelas já feitas, até mesmo a badalada Vale Tudo, falavam de um único tema: os problemas sociais do Brasil. Pobreza, favelização, corrupção política, ricos arrogantes contra pobres dignos e outros maniqueísmos que abundavam nas novelas brasileiras foram aqui deixados para trás.
A grande novidade é que talvez essa novela seja um significativo divisor de águas, marcando o momento em que os brasileiros pararam de olhar para o próprio umbigo e passaram a perceber que pertencem a um grupo muito maior que é o de toda a humanidade.
Só sei que virei noveleiro, fico triste quando tenho que perder um capítulo.

E a Casa Cor? Pois bem, há algumas semanas fui à Casa Cor de Curitiba e achei tudo meio escuro. O predomínio de cores neste ano é o preto e o prata. Se resolver apagar as luzes da casa os ambientes ficam mais escuros do que a tumba do Conde Drácula. Deprimente.
O que me chamou mais a atenção era um ambiente no primeiro andar com uma mesa decorada de forma totalmente rococó. Seria uma tendência ou apenas inspiração de uma única arquiteta?
Acho que é o que vem por aí, o estilo zen está ficando para trás.
Não haveria nada a comentar se historicamente o rebuscamento em arte não precedesse períodos de grande convulsão social. Foi assim, quando a arte medieval deu lugar ao renascimento, quando a monarquia da França foi decapitada e na Belle Époque, que precedeu a Primeira Guerra.
Será que é isso? Estamos saindo do classicismo do clean e entrando em um neo-romantismo?
Assim, parece que estamos em uma contradição, primeiro em termos de Brasil, que parece chegar a uma maturidade intelectual nunca antes mostrada e, num aspecto mais amplo, as tendências mundiais que estão chegando perto de um nível de desequilíbrio.
Esperemos para ver.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Telefonema

Ontem me telefonou o Ricardo, um amigo carioca que mora em Fort Myers, na Flórida.
Lembrei dos meus tempos de saudosista do Brasil. Eu sempre dizia por lá que na América é tudo “oroméric”: os carros são “automatic”, as portas são “automatic”, as pessoas são “autometic” (may I take your order?/ may I take your order?/ may I take your order?...)... A comida é meio artificial. Quando se dirige tem que parar em tudo que é sinal de “Pare”, o que é um saco (e na minha visão de brasuca, perfeitamente dispensável). Não tem atendimento gratuito em hospitais. As pessoas não se reúnem para almoço de domingo. A higiene por aqui é melhor. O americano médio é grosseiro e pouco instruído. Enfim, tem um monte de coisas que a gente sente falta do Brasil no dia-a-dia, apesar de que falando assim parecerem bobagens.
Daí comecei a indagar as queixas do meu amigo que um dia quer voltar prá nossa terrinha. “A gasolina por aqui está uma fortuna! US$4,40 o galão!” Calculei rapidamente – menos de R$1,60 o litro. E ninguém vai reeleger o presidente com preço tão absurdo. E o salário-mínimo por lá é mais de três vezes o nosso.
Então ele reclamou do preço dos imóveis que caíram, pois a crise tá braba por lá. Perguntei sobre o apartamento que ele havia comprado: ele já vendeu e, aproveitando o preço baixo, financiou uma casa de 160 mil dólares. Diga-se de passagem, não conheci o imóvel, mas uma casa americana normal tem garagem ampla, ar condicionado central, carteiro que traz – e leva também - correspondência na caixinha em frente ao gramado impecável, polícia que dispersa qualquer bagunça de adolescentes, carrocinha que recolhe cachorros vadios, ruas sem buracos, enfim, não é só a casa, mas toda a estrutura que o país oferece.
Amigo milionário na Flórida? Antes que o leitor interprete mal: ele é zelador de um campo de golfe e a esposa, enfermeira, aqui a renda familiar seria o quê? Uns R$1.500,00?
O que vai acontecer dentro de dez anos? A crise vai passar, os Estados Unidos continuarão sendo o maior mercado consumidor do mundo, a maior potência militar, o maior produtor de patentes e royalties. Tudo isso se baseando em idéias simples: respeito à livre iniciativa e interferência mínima do estado no cotidiano do cidadão, manutenção da lei e da ordem que são para todos e não para poucos, previsão de acontecimentos e provisão de infra-estrutura.
E dentro de dez anos, o que será do Brasil? A violência continuará crescendo. Os cachorros vadios continuarão pelas ruas. Adolescentes continuarão bebendo e atropelando pedestres nas calçadas e não respondendo por isso. Escândalos políticos ainda predominarão nos jornais. Os direitos básicos do indivíduo continuarão sendo desrespeitados de todas as maneiras.
E a economia, afinal, não entramos num ciclo virtuoso? Não creio, essa prosperidade alardeada na mídia é só vôo de galinha. O que é básico não está sendo resolvido. A carga tributária das empresas é cada vez maior. A infra-estrutura continua precária. A qualidade do ensino é muito baixa, sem entrarmos no mérito da educação como um todo. A desonestidade e o jeitinho brasileiro continuam predominando.
Assim, quando o Ricardo me perguntou o que eu achava de eles voltarem para o Brasil, o que eu poderia dizer, como amigo? Disse para ele ficar por lá, ora. Que ele e a esposa venham uma vez por ano matar a saudade de comer paçoca de amendoim e visitar os parentes, tudo bem, mas construir um futuro por aqui, podendo viver em um lugar melhor, pra quê?

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Teoria do Status – ou Teoria da Igualha –

Há uns 15 anos que penso na razão por que duas pessoas se atraem. Por que o gênio da física se casa com a mocinha da roça ou como o rapaz pobre consegue casar com a beldade endinheirada? Qual é a regra que rege a atratividade humana?
Em todo esse tempo, o mais próximo que consegui chegar de uma resposta é o que chamei de Teoria do Status, ou Teoria da Igualha, que quero aqui compartilhar com meus leitores.
Igualha é um termo do português do século XVIII que significava uma paridade (financeira) entre o noivo e a noiva que deveria existir para que os pais passassem a negociar o casamento dos filhos.
O mundo mudou. Os casamentos não são mais arranjados, mas a igualha não deixou de existir. O que seria ela hoje? O que define o valor de um indivíduo?
Existem três valores que definem o “statu quo” de uma pessoa, o seu potencial monetário, o seu potencial cultural e o seu potencial sexual. Os três são importantes no momento de se apresentar em sociedade.
O potencial monetário se apresenta na forma como se gasta. Quem gasta mais tem mais status financeiro.
O potencial cultural se apresenta na forma de sucesso. Quem faz mais sucesso, tem mais status cultural.
O potencial sexual se apresenta na forma de atratividade sexual, o que dispensa qualquer comentário.
Até aí, morreu o Neves, pois todo mundo sabe que ter grana, sucesso e atratividade (charme, beleza, papo, etc.) são fatores importantes para conseguir parceiros de negócios e de relacionamentos mais interessantes.
Acontece que cada valor de status é “modulado” por um respectivo contraponto.
O potencial monetário, é o que se gasta, mas também é importante considerar o que se tem para gastar. Não adianta ser um traficante de drogas com carros e dinheiro à vontade para esnobar, se não houver um lastro por trás. Um homem rico, com fortuna sólida, de família, é de alguma forma mais rico do que aquele que apenas tem o dinheiro para aquele momento. O nível econômico, portanto “modula” o nível financeiro. Para se ter mais status, é preciso não só mostrar-se rico, como também ser rico.
O contrário também é verdade. Não adianta ser um “Tio Patinhas” milionário, se não se mostrar o dinheiro que tem com carros de luxo e mansões.
O contraponto do potencial de sucesso é o grau de erudição. Aquele mais evoluído em um nível cultural é aquele que não só consegue obter excelentes resultados naquilo que faz, mas também consegue ter um nível profundo de conhecimentos. Não adianta ser uma modelo de sucesso se ao ganhar um programa de televisão se começa a falar bobagens, erros de português, etc. Assim como o grau econômico corrói o potencial financeiro do indivíduo, o nível de erudição reduz o brilho de pessoas bem sucedidas.
O terceiro fator, mais complicado de explanar, é o valor da sexualidade. O que “modula” a atratividade sexual é o caráter íncubo-súcubo do indivíduo.
Essas palavras podem ser compreendidas por incubo, “aquele que está em cima”, sexualmente falando, e súcubo, “aquele que está em baixo”.
Estar por baixo representa sempre inferioridade: pisar numa caça ou num novo planeta significa dominar. Humildade vem da palavra terra, húmus. Estar por cima, representa poder e conquista. Quem está mais por baixo sexualmente é o súcubo e quem está por cima, o incubo.
Por esse motivo, uma prostituta é mal vista na sociedade, enquanto que uma moça virgem tem maior status – a prostituta é mais súcubo -. A sociedade discrimina homossexuais não é por simples cultura, mas por um valor arquetípico do ser humano: o homossexual, principalmente o passivo e, mais principalmente ainda, o que se prostitui são mais súcubos.
No momento que escrevo, ocorreram dois casos notórios com personalidades brasileiras. O jogador de futebol Ronaldo se envolveu com travestis e a modelo Daniela Cicarelli foi filmada em uma praia fazendo sexo com o namorado. Vistos por esta teoria, o que aconteceu com eles aos olhos da sociedade e da mídia? Tornaram-se súcubos, ou seja, decaíram sexualmente. Com isso perderam contratos de publicidade, pois várias empresas deixaram de investir neles.
Portanto, para o “statu quo” sexual não interessa apenas a atratividade do indivíduo, mas também o quanto incubo ele é, quanto mais estiver “por cima” no ato sexual, melhor.

Tudo o que foi descrito acima, pode ser mais bem compreendido pela análise do gráfico em que cada linha representa um potencial humano: sexual, monetário e cultural. O que interessa de forma positiva ao indivíduo é o potencial financeiro, o potencial de sucesso e potencial de atratividade, mas como podemos perceber, a baixa economia, a baixa erudição e a “sucumbência” contam pontos negativos, destruindo ou danificando todo o potencial pessoal.
Como cada pessoa tem um determinado “número” financeiro, outro de sucesso e outro de atratividade, se descontarmos os “moduladores” econômico, erudição e de sucumbência sexual encontraremos um determinado valor gráfico, o qual chamei de Volume de Statu Quo, por se apresentar como um verdadeiro volume geométrico, um prisma. Este prisma representa o valor de igualha do indivíduo, quanto maior for o Volume de Statu Quo, maiores serão as chances de ele se relacionar com pessoas de volumes também maiores.

Essa é a resposta porque um velho rico casa-se com uma jovem bonita. O que não acontece é de uma mulher jovem, virgem, bonita, rica, de sucesso e instruída se casar com um pobre, inculto e feio, pois os volumes de statu quo seriam muito diferentes.
Dá para entender?
Volumes similares se atraem, simples assim. As pessoas só se relacionam com pessoas da mesma igualha, mesmo que aparentemente o amor e a amizade se manifestem de formas tão diferentes. As diferenças estão em um ou dois aspectos, mas no somatório volumétrico, os relacionamentos sempre se completam.

A Cura da Morte

Caro leitor:
fiz um blog chamado A Cura da Morte para reunir informações publicadas na imprensa sobre tratamentos que visam retardar o envelhecimento.
De vez em quando, visite: http://acuradamorte.blogspot.com/

terça-feira, 17 de junho de 2008

Três Notícias

Nesta semana vi três notícias sobre tecnologia que são bem mais importantes que o tímido destaque que a mídia lhes deu.
A primeira, versa sobre a invenção de uma cerâmica termoelétrica, conforme poderá ser vista neste link.
Em um primeiro momento, pode parecer apenas mais uma invenção curiosa, mas fabricar um gerador térmico de baixo custo irá ter um impacto profundo na economia mundial. Imaginemos que o telhado de nossas casas, venha a ser revestido com telhas que gerem eletricidade.
Conseqüência 1: poderemos desligar a casa da rede elétrica. Não mais blecautes e nem mais contas de luz. Conseqüência 2: não mais usinas nucleares e nem hidrelétricas. Conseqüência 3: não mais contas de água, pois poderemos ter uma máquina para extrair umidade do ar. Conseqüência 4: comida básica poderá ser produzida em pequenas estufas-robô instaladas em um quarto do apartamento, sem trabalho e com custo mínimo. Conseqüência 5: o combustível (hidrogênio) do carro poderá ser produzido pela eletrólise da água. Dá para imaginar o impacto, contando ainda com as conseqüências que ainda nem sequer sonhamos?
Ligado ainda à notícia anterior, ontem na TV apareceu a notícia do início de produção pela Honda do FCX Clarity, o primeiro carro comercial com célula de combustível. Imaginemos o impacto de produzirmos o nosso próprio combustível dentro de poucos anos. Petróleo? Cana-de-açúcar? Não. Água!
Esse é o futuro, pena que as autoridades brasileiras pensem que o neo-ciclo da cana de açúcar será a salvação da humanidade. Dentro de alguns anos, quando der uma quebradeira geral na produção dos usineiros (e o governo, com certeza, socorrê-los com os nossos impostos suados), lembre, leitor, que leu esse vaticínio primeiro aqui no Bonowblog.
A terceira notícia de impacto nesta semana foi (para mim pelo menos, pois já existe há algum tempo, eu é que estava desatualizado) o surgimento do Megacubo, um programa que permite assistir gratuitamente canais de TV (abertos e à cabo) de todo o mundo.
Conseqüência 1: A TV vai ser para todos, a hegemonia das grandes redes vai acabar. Conseqüência 2: a Internet ganhou aquilo que foi mais desejado pelo ser humano, a passividade! Clicar, digitar? Não, assistir! Chega de esforço mental e digital, queremos alienação!
Brincadeiras postas à parte, vamos à conseqüência 3: qualquer um poderá colocar o seu próprio canal de TV na Web. O impacto que houve com os blogs na informação das classes sociais que liam jornal, agora terá com as pessoas que assistem TV, isto é, os mais pobres e menos informados. De agora em diante, ficará cada vez mais difícil fazer a cabeça do populacho e usá-lo como massa de manobra ou bucha de canhão.
Não são três notícias sensacionais? Fiquei admirado que nenhuma grande mídia deu muito destaque para nenhuma das três, pois com certeza irão mudar o mundo de forma muito profunda.
Será que quando inventaram a pólvora, o papel e bússola, as pessoas das respectivas épocas perceberam as revoluções que estavam se aproximando?

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Biopirataria

Eu gostaria de aqui declarar que sou contra qualquer exigência da Índia em cobrar royalties dos produtores de manga brasileiros, apenas pelo fato de ser esta uma planta originária daquele país. Pelo mesmo motivo, não creio que eles têm o direito de cobrar qualquer tipo de comissão pela criação de gado, apesar de os bovinos serem originários também dali.
Sou terminantemente contra que países da América Central nos cobrem por importarmos deles a cana-de-açúcar sem dar nada em troca. Não devemos pagar nada aos mexicanos por nossas criações de peru e nem aos norte-americanos pela grama forquilha que serve para alimentar os nossos rebanhos.
O mesmo vale dos produtos brasileiros: acho que a macarronada italiana é um excelente uso para os tomates que são originários daqui da América do Sul, gostaria de declarar publicamente que não tenho nenhum sentimento de propriedade com relação a eles e nenhuma mágoa do país de Marco Polo.
Sartre já dizia, que não interessa o que o mundo fez de ti, interessa o que fizestes com o que o mundo fez de ti. Extrapolando a idéia, não interessam os nossos recursos naturais, interessa o que fizemos com os nossos recursos naturais.
E o que fizemos com a Amazônia? Estamos por lá com centenas de equipes, laboratórios sofisticados e técnicos treinados para produzirmos curas de milhares de doenças que afligem a humanidade com os segredos que as plantas e os animais dali escondem? Os brasileiros estão tentando contribuir com a raça humana ao tentar curar o Alzheimer, o Parkinson e outras doenças degenerativas com o patrimônio que a natureza nos contemplou dentro de nossas próprias fronteiras?
Não. Não ainda, nos diz a imprensa: aquela mancha verde lá em cima no mapa é um “patrimônio das gerações futuras”. Só que a julgar pelas políticas públicas, tudo indica que a destruição da Amazônia é um ato intencional dos nossos governantes que vem desde os tempos do Presidente Médici mais ou menos com a mesma maneira e propósito: destruir para ocupar o território e gerar mais impostos. Não estou criticando essa política, acho até correta, pois, afinal, como proteger região tão ampla, mas que é um discurso hipócrita, isso é, deixa-se desmatar e ao mesmo tempo se promove o discurso de proteção da Floresta. Literalmente falando, política para inglês ver. Portanto, pelo andar da carruagem, as gerações futuras nem sequer receberão o tão propagado “patrimônio”.
Agora, se um turista belga levar uma flor amazônica na mala para a namorada, será preso por biopirataria. Legal, né? Mas pensemos no pior, e se for mesmo um cientista malévolo que quer nos roubar a patente da cura do câncer, será que os cidadãos brasileiros ganhariam mais com o segredo guardado na cápsula do tempo equatorial ou com os benefícios de tal descoberta?
E quantas espécies são extintas diariamente por nossa incompetência em preservar a floresta? Será que se ninguém pesquisar agora, esse conhecimento estará disponível no futuro?
Quanto tempo vale uma patente? 20 anos! Menos 2 anos que é o tempo para colocar um produto em produção, quer dizer que quem descobrir um produto baseado em uma planta amazônica terá que obter lucros em apenas 18 anos, após isso a idéia será de domínio público, isso é, qualquer um poderá produzir em qualquer lugar do mundo. Voltando ao exemplo, será que não valeria a pena esperar esse pequeno tempo e, como em toda a novidade tecnológica, pagando caro pelo novo tratamento, veja-se bem que hoje sequer ainda existe, para que no futuro tenhamos a resolução definitiva e a um custo baixo de vários problemas que afligem o ser humano há milênios?
Essa bioxenofobia amazônica vem desde o tempo que os supostos vilões internacionais roubaram mudas de seringueiras para plantar na Indonésia, encerrando assim o nosso Ciclo da Borracha, como se tal fase econômica não houvesse sido acabada pela nossa própria incompetência mercadológica, e não pela perfídia alheia.
Inimigos externos querendo roubar nossas riquezas naturais? Que riquezas naturais, pois não existem riquezas naturais?! Toda riqueza é, por essência, inventada, trabalhada.
Será que vamos passar a vida inteira reclamando do azedume do limão ao invés de fazermos uma limonada com ele?

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aristóteles: Game Over

Certas vezes fico pensando na falta que os grandes autores fazem no ensino brasileiro, pois em troca de Shakespeares e Dantes, aprendemos no colégio uma penca de autores nacionais cujas maiores obras que os tornaram notórios foi o preenchimento de ficha do Partido Comunista, alguns até nazistas notórios que viraram a casaca após a derrocada de Hitler.
No século terceiro antes de Cristo já se falava na violência provocada pelas peças de teatro. Será que as tragédias não seriam detonadoras do caos social? Afinal, será que assistir Édipo Rei não faria com que os espectadores quisessem dormir com a mãe e assassinar o pai? Aristóteles deu a resposta a essa questão na sua Poética: a função do teatro é justamente provocar a catarse das emoções, de modo que os espectadores percebam as conseqüências e não ousem praticá-las na vida real.
Pulando 2300 anos: será que os videogames violentos provocam violência?
Claro que não! São jogos catárticos. Não só não provocam, como também evitam, justamente para isso é que existe a ficção, para sanar a sociedade do lado destrutivo do ser humano.
Além disso, como proibir os games violentos, se qualquer adolescente pode baixar pela Internet? Não parece uma proibição que serve apenas para tirar a polícia de suas funções e conseqüentemente onerar ainda mais o contribuinte? Uma coisa que volta e meia me vem à cabeça é uma entrevista de Cora Ronai no Jô Soares, bem no início da Internet em que ela falava que as pessoas ainda não haviam percebido que os computadores criaram a primeira forma de comunicação sem censura da humanidade, mesmo que tentássemos, não poderíamos controlá-los. Quase quinze anos depois que assisti essa entrevista, as pessoas ainda tentam domar o impossível, colocar rédeas na Web. Seria cômico, se não fosse trágico.
Agora, cabe a pergunta. E os jornais noturnos que ensinam aos bandidos de todo o país o know how de como arrastar criancinhas pelas ruas e queimar vivos os passageiros de um ônibus, será que têm ação catártica ou são uma verdadeira escola para os criminosos? Se positivo, então por que alguns dos nossos juristas que adoram uma censurinha, não proibem?
Por incrível que pareça, os melhores telejornais são aqueles que os intelectuais torcem o nariz, aqueles de baixaria que espirram sangue pelo vídeo. A mensagem que passam é de que lugar de bandido é na cadeia, polícia é mocinho e a todo crime corresponde um castigo.
Será que o relativismo cultural que prega que índio tem direito de dar facadas em homem branco que lhe roubou as terras no ano de 1500 e que ladrão é apenas uma vítima de uma sociedade injusta é positivo para a sociedade? Onde está a verdadeira violência nas telecomunicações?
Dessa maneira, essa discussão sobre os games violentos é, além de infrutífera, já página virada no pensamento ocidental.
É uma pena que poucos saibam que a resposta para tal questão foi dada há 23 séculos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Projetos Manhattans ou Por Que as Coisas Não Acontecem?

Durante a Segunda Guerra, o governo americano reuniu os melhores cientistas e todo o capital necessário para um esforço único na história: ser o primeiro país a construir a bomba atômica. Foi o chamado Projeto Manhattan.
Para algumas coisas eu me pergunto porque não existem mais projetos Manhattans. Por que os governos não disponibilizam cérebros e valores para a resolução de problemas cruciais?
Encontro três explicações: inércia cultural, teorias da conspiração e ninguém ganha nada com um mundo melhor.
Um exemplo é o fim do dinheiro “cash”, que eu já defendi largamente por aqui no blog. Por que não existe um esforço público para isso, já que traria inúmeros benefícios? Por experiência, percebo que a maior parte das pessoas não acredita que isso seja possível (a bomba atômica também não era!). Esse assunto é um exemplo de inércia cultural.
E o imposto único? Por que ninguém levanta essa bandeira seriamente? Afinal não ficaria mais fácil de controlar e com muito menos burocracia e corrupção? Não. Não acontece por que ninguém nos nossos sucessivos governos ganharia com isso, simples. O país ganharia, mas não aqueles que detém o poder político no Brasil.
E para os engarrafamentos, qual seria a solução? Uma a longo prazo, controlar o crescimento populacional. Não funciona porque as instituições que não querem isso, com especial destaque para a Igreja, auferem enormes lucros com grandes massas populacionais empobrecidas. Ao mesmo tempo, muitos economistas pensam que o capitalismo funciona como uma daquelas correntes da felicidade, isto é, só funciona enquanto estiver crescendo, portanto parar o crescimento parece ser complicado para eles. No entanto, quem conseguiu isso? A China, lembremos bem, o maior tubarão capitalista do mundo atual. Que dá certo, dá.
Solução para os engarrafamentos no médio prazo: construir viadutos. Basta dar uma volta por sua cidade que você perceberá que os semáforos funcionam como represas para o tráfego. O tráfego só embola porque se permite estacionar nas vias públicas e se trava o fluxo de veículos com intermináveis luzes vermelhas. Basta dirigir as três da manhã para perceber que não existe “onda verde” nas nossas cidades, vai-se parando de quadra em quadra. Como já disse aqui, o transporte público não é solução, mesmo porque é extremamente injusto que alguns andem de carro e outros apertados em ônibus e metrôs. Caro brasileiro, há quanto tempo você não vê a prefeitura construir um viaduto em sua cidade? Uns trinta anos, certo? Esse fato, eu já vejo com uma boa teoria da conspiração: governantes querem os votos dos mais pobres, por isso promovem tal demagogia do transporte público.
E as queimadas nas fazendas do país inteiro? Não bastaria que o INPE tirasse uma daquelas fotos de satélite das queimadas de que tanto se vangloriam e mandasse uma multinha bem salgadinha para o fazendeiro, como ocorre com as multas de trânsito? Será que alguém iria ousar queimar uma só árvore com um Big Brother ecológico sempre atento? A explicação parece ser uma teoria da conspiração também: os sucessivos governos do Estado brasileiro, apesar do discurso contrário para apaziguar os xiitas ambientalistas europeus, na verdade querem aumentar as áreas de plantio. A destruição das nossas matas não se dá por descontrole, conforme apregoado, mas por método.
E a fome zero? Por que não plantar árvores frutíferas nos parques e laterais de estradas? Não parece tampouco haver um interesse no país em acabar definitivamente com a fome. Diga-se de passagem, eu faço isso, guardo todas as sementes das frutas que como e jogo por aí, acredito ser uma forma bem positiva de desobediência civil. Se acabasse a fome, quem ganharia, além do povo?
Projetos Manhattans, onde estão? Soluções existem, por que não se mudam paradigmas?
Ninguém ganharia com isso! Não é da nossa cultura! Mentes diabólicas planejam nossa destruição! Alguém encontra explicações melhores?

terça-feira, 29 de abril de 2008

Conselhos aos Jovens Brasileiros

Certa vez perguntaram a Nélson Rodrigues qual conselho ele daria aos jovens e ele foi lacônico: “cresçam!”
Não sei se existe algum valor em aconselhar alguém que começa a vida. Será que todos temos que aprender, geração após geração, da maneira mais sofrida possível? De qualquer forma, gostaria de contar algumas coisas que aprendi que são muito específicas do país em que vivemos e que muitas vezes, apesar de óbvias, só percebemos depois de muitos anos vividos.
Em primeiro lugar, jovem, três dicas básicas: 1, poupe dez por cento de tudo o que ganhar; 2, contribua para a previdência o mais breve possível e tente nunca parar de contribuir e 3, faça uma faculdade qualquer.
Se você poupar 10% de cada centavo que receber, em algum tempo terá uma fortuna considerável, mesmo que ganhe pouco e isso será muito útil na sua vida.
A previdência social só aposenta aqueles que contribuem. Quanto antes você iniciar, mais cedo terá uma renda extra que será importante no final da sua vida. Existem três coisas certas na vida: que vamos envelhecer, que vamos ficar doentes e que vamos morrer. Para as três, será importante ter contribuído com a previdência.
Não interessa a faculdade e nem o curso que você fizer, pois qualidade não é valorizada em nosso país. Interessa apenas ser “dotô”. Existem duas únicas vantagens em se esforçar para passar em uma universidade pública, é de graça e os colegas são os mais capazes do estado, elevando o nível do ensino da instituição, mas não pense que a estrutura e os professores são melhores do que de uma universidade paga e nem que o seu patrão irá valorizar muito o local em que você se formou.
O curso também não interessa, pois por qualquer coisa que aprendermos com zelo, iremos nos apaixonar. Além disso, não conheço ninguém que chegue aos cinqüenta anos que não esteja cansado do que faz e ainda tenha o mesmo amor profissional que tinha aos vinte. Se não souber o que fazer, escolha direito ou contabilidade, pelo motivo que vou explicar abaixo.
Vou adiantar o seu futuro: você vai se formar, arrumar o primeiro emprego e depois de alguns anos de serviçalismo você vai perceber que existe uma coisa chamada mais-valia que é o lucro que o seu patrão retira a partir do esforço empregado com o seu trabalho. Além disso, você começará a perceber que a sua aposentadoria será vexatória.
Cuidado aí! Muitos pensam em abrir uma empresa nesse ponto para tentar retirar para si a própria mais-valia. Não largue o seu emprego para isso, acredite. Não é o patrão que paga pouco, mas 40% de impostos que você paga para o governo e mais 100% do seu salário que o patrão paga para o governo extorquir de você, ou seja, para cada 1.000 reais que você ganha, além do seu poder aquisitivo verdadeiro ser de apenas 600, o seu salário real seria de uns 2.000. Essa diferença, de R$1.400,00, o governo rouba de você para devolver em serviços absolutamente precários.
Se for abrir uma empresa, a coisa piora. Por que você acha que as empresas de sucesso são aquelas que trabalham com dinheiro cash e, de preferência, fora de horário de expediente (carrocinhas de cachorro-quente, por exemplo)? Simples, porque para abrir uma empresa, pagar todos os impostos e ainda crescer, é praticamente impossível no país, a menos que você seja um gênio administrativo, pois a extorsão do poder público é maior ainda do que sobre as pessoas físicas.
Por isso, um bom conselho, faça concurso para um cargo público na mais tenra idade possível, pois você irá ter estabilidade no emprego, se aposentará com salário integral, além de pertencer aos 10% da elite profissional brasileira.
Repito: estude apenas para passar em concurso público. No Brasil, esqueça a idéia de obter sucesso através de sua capacidade intelectual. Mestrados, pós-doutorados e larga experiência profissional e de vida, na iniciativa privada não lhe servirão para nada.
Lembre-se: quem começa a contribuir com a previdência bem cedo tem a chance de se aposentar a partir dos 44 anos e os nossos ”sábios” legisladores decidiram que os últimos anos antes da aposentadoria garantem estabilidade no emprego. Como ninguém quer contratar alguém que não possa ser mandado embora, depois dos 40 anos ficará muito difícil de conseguir ocupação, por isso você, depois de ter decidido parar de trabalhar e falido com sua própria empresa, terá de se sujeitar a ganhar menos do que sua capacidade permite. Em outras palavras, reitero, esforce-se para passar em um concurso público.
Por isso que eu disse para estudar direito ou contabilidade, pois são os cargos públicos que pagam mais...

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Até o Fim do Mundo

Salvador Dali falava em uma de suas entrevistas que existe uma deturpação no conhecimento humano, pois a busca última da ciência é descobrir a cura do envelhecimento e da morte, esse seria o grande sentido da vida, justamente um assunto-tabu, que é praticamente ignorado pelos cientistas ditos sérios.
Eu acrescentaria mais uma questão a ser levantada no quesito de busca última da ciência.
Um filme do diretor alemão Win Wenders que pouca gente viu, mas nem por isso deixa de ser uma de suas muitas obras primas é o “Até o Fim do Mundo”. Nessa película, o personagem de William Hurt procura pelo pai desaparecido, um cientista que descobriu uma máquina interessante: um gravador que reproduzia sonhos em vídeo.
Imaginemos que sensacional! Ao acordar, colocaríamos um “pen drive” no computador e poderíamos assistir em detalhes todos os momentos que vivemos enquanto dormíamos...
Falo que isso seria uma das questões últimas da existência, pois é das necessidades mais flagrantes do ser humano. Desde os tempos ancestrais, os xamãs das tribos mais primitivas tentam entrar em contato com esse “mundo dos espíritos” existente em cada um de nós.
Também os drogados, os bêbados, os yogues, os macumbeiros, os projeciologistas, os bebedores de Santo Daime, os espíritas kardecistas, os pesquisadores de EQM (experiências de quase morte), caçadores de fantasmas e outros amalucados-para-quem-vê-de-fora tentam viver experiências nessa fuga de realidade que é o nosso inconsciente.
Acontece que a seguinte pergunta é premente: e se não for irrealidade? E se realmente existir aquilo que se convencionou chamar de alma e se essa alma se desprender do corpo quando dormimos ou morremos indo para um universo em que tudo que pensamos é possível, habitado por outras infinitas almas que já morreram ou que dormem naquele momento?
Não é porque uma idéia é repetida milhões de vezes que ela se torna verdade. Por tudo que já pesquisei, não existe nenhuma prova científica de que reencarnaremos, nem que exista um Ka (corpo astral, “segundo eu”) ou algo que o valha, mas milhões de pessoas ao redor do mundo juram já ter vivido experiências assim ao ingerirem alguma droga, meditarem ou passarem por um acidente quase que fatal. Eu próprio já relatei aqui no blog alguns incidentes que aconteceram comigo ou com pessoas próximas. Com uma rápida pesquisa sobre esses assuntos na Internet, percebe-se que os relatos são tão intensos, similares e repetitivos que nos fazem pensar.
Enquanto os geriatras e os neurologistas não pararem de se debruçar sobre as doenças que afligem a humanidade e mudarem seus paradigmas para uma busca do que existe de mais fundamental na existência do homem sobre a terra, continuaremos vivendo em um mundo vago de medo e supertições.
Acredito que um dia pesquisar-se-ão esses temas com mais intensidade, só espero que o início dessas buscas científicas não dure até o fim do mundo.


segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

"Me cansa" essa vida de artista...

Na década de 80, uma amiga criou uma locadora de fantasias para festas em Porto Alegre e convidou alguns amigos para animar a comemoração de lançamento da loja. Eu fui, no papel do galã brega, estilo Zé Bonitinho.
Agora, o Emílio Pacheco achou a gravação da TV e publicou no Youtube.

Cada uma que a gente faz na vida...
Confiram, clicando na foto.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Se Amanhã Fosse o meu Enterro

O que é que eu faria antes
Se amanhã fosse o meu enterro,
Faria algo importante
Ou cometeria mais erros?

Eu iria beber com um amigo,
Ou escalaria um cerro,
Ampararia um mendigo
Se amanhã fosse o meu enterro?

Talvez em uma jornada indolente,
Pensaria em algo maligno
Ou talvez decidisse ser gente
E viver por um dia mais digno.

Se tomo o ato que trajo
Por veste que a vida me empresta
E escolho usar um andrajo
Ao invés de uma roupa de festa,
Percebo o quanto é solene
Cada segundo que cessa
E o que gratifica é perene,
O que faz sorrir, interessa.

Assim, se exilo distante
A alma em interno desterro,
Pergunto: quem é que garante
Que amanhã não seja o meu enterro?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Arte da Gerência 2 – The Cargo Cult

Durante a segunda guerra mundial, a marinha americana tomou diversas ilhas do pacífico que tinham posição estratégica, o que interferiu enormemente no meio de vida nas populações de selvagens que ali viviam. Para minimizar o impacto de sua presença, traziam bens e suprimentos para os indígenas em constantes carregamentos aéreos.
Ao final da guerra, os americanos pararam de prover esses carregamentos. Alguns anos mais tarde, os antropólogos verificaram o surgimento de uma nova religião em diversas ilhas do pacífico que nunca tiveram contato entre si, o “cargo cult” (culto ao cargueiro). Os selvagens, tentando imitar as ações dos brancos construíam choupanas com estacas no alto imitando antenas de rádio, criavam descampados para imitar as pistas de pouso e falavam contra caixotes de madeira, tentando fazer com que os deuses mandassem do céu aquela mesma abundância de comida que já tinham presenciado.
Em qualquer empresa existe muito de “cargo cult”, as pessoas têm a tendência de executar coisas inúteis e sem sentido apenas porque sempre viram fazer e já observaram funcionar outras vezes. Das coisas mais difíceis para um administrador é identificar e transformar esses cultos infrutíferos em atividade produtiva.
Atitudes simples, como convencer as recepcionistas a cumprimentarem as pessoas que entram no prédio é uma tarefa árdua, pois afinal “nas outras empresas ninguém faz isso” ou “nunca cumprimentei e sempre funcionou...”
As folhas de ramais telefônicos normalmente são outro “cargo cult”. Normalmente são uma lista com os ramais dos diretores acima e os demais ramais a seguir. Cada vez que se precisa de um telefone, é preciso ficar procurando em uma lista enorme, sem qualquer grafismo mais inteligente que permita achar rapidamente o número desejado. Sugestão: eu organizo os ramais da empresa em que trabalho pela sua posição no prédio, subsolo abaixo último andar acima, quem senta mais à direita aparece mais à direita na lista e assim por diante, de modo que a procura fica mais intuitiva.
Eu nunca encontrei um comércio que investisse no visual do estacionamento. A gente chega de carro no supermercado, cheio de vontade de comprar e se depara com aquele verdadeiro calabouço medieval que são as garagens. Nada de plantas, nada de cores, nada de televisores anunciando ofertas e nem atendentes para nos entregar jornais de oportunidades. Imagine-se quanto as lojas perdem apenas porque repetem o que todos os outros fazem.
A lista de exemplos possíveis é enorme. A identificação e correção dos atos sem sentido é uma das principais tarefas de um profissional da administração, pois todos os “cargo cult” geram problemas que vão interferir no bom andamento da empresa e não adianta nada estarem ali, pois com certeza os deuses dos negócios não vão ter a sua ira aplacada com tais procedimentos.

domingo, 20 de janeiro de 2008

A Quem Interessa o Discurso Ecológico?

O discurso ecológico tem algo em comum com Uri Geller, Mãe Dinah e Juscelino da Luz, pois em ambos os casos, a imprensa dá ampla cobertura de supostos acertos e não divulga as falhas.
A ação do homem está derretendo as geleiras da Groelândia? Mentira, já se descobriu que são fatores naturais, mas quem divulgou a contra-informação? Quantas pessoas sabem que já se descobriu que florestas de pinus não deterioram a qualidade do solo, como se falava anteriormente? Mas é verdade. E pesquisadores já chegaram à conclusão que a camada de ozônio está se recuperando. As usinas nucleares se transformaram de vilãs em heroínas, pois não emitem CO2. Tomar sol faz mais bem do que mal à saúde. Quem divulga essas boas novas achadas apenas em insossas publicações científicas e notas de pés de página? À grande imprensa parece só interessar o catastrofismo.
Alguém já leu um jornal só de notícias boas? Eu conheço um que pode ser acessado neste link e não faz nenhum grande sucesso. Sangue e desgraça vendem muito mais.
Aos países frios e desenvolvidos, certamente interessa mais o discurso ecológico do que aos seus concorrentes, países tropicais e em desenvolvimento que possuem uma grande vantagem no que tange aos produtos da agropecuária (duas safras de uva por ano, árvores para celulose que crescem mais rápido, gado com produção extensiva mais barata, etc.).
E quantas ONGs, grupelhos, associações, sindicatos, etc. não ganham fortunas extorquindo dos governos apoio aos seus projetos muitas vezes totalmente vazios. E pesquisadores em universidades? E universidades e outros institutos de pesquisa? Quanta grana não corre por aí?
E quantas indústrias se desenvolveram na cola deste discurso? Quantas necessidades desnecessárias (sic) não foram criadas nos últimos anos?
Como comparação, que tal um discurso ecológico verdadeiro? Que tal limparmos rios e córregos, promovendo o saneamento básico e tratamento de esgotos para toda a população? Por que não isentarmos de impostos os carros elétricos e com células de hidrogênio? Por que as prefeituras não plantam árvores em cada canteiro vazio da cidade, inclusive árvores frutíferas em praças, parques e terrenos baldios? Por que não se esteriliza os cães e gatos das ruas que defecam e trazem inúmeras zoonozes à população? Por que não se combate de forma efetiva as ocupações irregulares e a favelização das grandes cidades?
A resposta é fácil. Porque um discurso ecológico que seja real, inconteste, simples e cotidiano não dá grana, e nem votos, para ninguém. É muito mais lucrativo comover as pessoas com o afogamento dos ursinhos polares do Ártico do que com os cachorros sarnentos da esquina. Tem um monte de gente a que interessa o discurso ecológico, mesmo quando ele não é verdadeiro.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Jogos Elétricos

Vi no jornal que as Lan Houses são o maior sucesso no verão do litoral. Existe até lista de espera para usar os computadores. Uma coisa que a nova geração não viveu foi o tempo em que não existiam jogos eletrônicos, apenas jogos elétricos, os chamados fliperamas, que também eram um sucesso na praia.
Quando criança, eu ia para Tramandaí, no Rio Grande do Sul e,sempre que conseguia descolar alguns trocados, corria para as máquinas. Eram grandes, barulhentas, vivam engolindo as fichas, mas eram sensacionais.
Eu gostava muito do submarino. Era um maquinão, com um telescópio de submarino como nos filmes, em que se colocava a ficha e começavam a passar navios inimigos no horizonte. Ao apertar um botão, disparava-se um torpedo. Se afundassem navios suficientes, se ganhava tempo extra. Depois de uma certa cota, se ganhava mais uma ficha. O legal é que nada era eletrônico, tudo era físico mesmo. Haviam navios de verdade, isto é, de plástico mesmo, passando no fundo da máquina. Quando o torpedo acertava o navio, ele se curvava e sumia pela borda do mar.
Tinha também uma máquina de aviões acrobáticos, em que se tinha de passar por uns arcos, no mesmo esquema dos submarinos. E tinha o cowboy, na qual apareciam os bandidos na frente e com um revólver, precisava-se matar. E tinha o carrinho de corrida, sempre de plástico, em que uma pista corria abaixo dele com os adversários desenhados nela. Se batesse em um dos adversários, perdia-se pontos. Em outras palavras, dá prá imaginar todos os games que existem hoje em dia, feitos de forma física, 3D, com roldanas e motores ao invés de bits e TVs?
E o futebol, como era? Eram onze bonequinhos em cada lado, correndo em vinte e duas pistas pelo campo, empurrando a bola. Dez alavanquinhas de cada lado e mais uma para o goleiro. Ao empurrar a alavanca, o bonequinho corria para frente ou para trás. Havia um jogo de vôlei, no mesmo esquema, uma mesa com um vidro por cima e um monte de buracos. Ao apertar os botões, a bola ia saltando até o campo do adversário.
Para os mais crescidinhos, o melhor era o pinball. Não eram cheios de luzes, com placares eletrônicos. Os números da contagem de pontos apareciam rolando em contadores elétricos. Tudo era feito com molas e relés que faziam um barulho desgraçado. Ao meu ver, eram muito mais divertidas do que as máquinas atuais, de visual pasteurizado.
Os últimos remanescentes dos jogos elétricos são os autoramas. Esses dias, levei o meu sobrinho em um deles e constatei uma coisa terrível: autorama não cai mais da pista. Basta acelerar o máximo e correr com o carrinho. Perdeu a graça da competição. Antes, se tinha que dosar a aceleração, havia pilotagem, hoje não, ganha o com motor mais potente, só isso.
Só sei que competir com as máquinas está perdendo a graça. Será que querem fazer com que não existam mais vencedores e derrotados até no autorama? Sei, não, parece ser coisa do PT...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Autoconhecimento


Depois de umas férias tanto do trabalho quanto do blog, cá estamos de volta para mais um ano de novos planos e realizações.
Alguém já disse que o ser humano se conhece diante de três situações: diante de 30 milhões de dólares, diante do cano de uma arma e diante de um quadro de Goya.
Diante de Goya, eu já fiquei, conforme pode ser observado na foto acima.
Na semana passada, acabei de almoçar em um restaurante do centro e estava pagando no caixa. Quando havia acabado de passar o meu cartão, um cara do lado me pegou pelo braço, puxou uma pistola e falou: “- É um assalto, vai lá prá dentro.” Eu, bem quietinho, fui pros fundos do restaurante, daquele jeito, né? nem tão devagar que parecesse provocação, nem tão rápido que ao assaltante valesse a pena praticar tiro-ao-alvo e fiquei esperando até ele limpar o caixa.
Onde eu quero chegar com essa história? Que estou iniciando 2008 pronto para concluir o meu processo de autoconhecimento e devo anunciar ao Astral Superior que pode mandar os meus 30 milhões de dólares, pois já cumpri os pré-requisitos e estou plenamente preparado em mais essa árdua missão para o meu crescimento pessoal. Aceito também o pagamento em reais ou em cheque-presente da Koppenhagen.
Assim, como devemos ver o lado positivo em todas as situações, sob os bons augúrios do ano que principia, desejo a todos os meus leitores, um 2008 pleno.
Menos impostos! Que os carrinhos indianos de 2500 dólares saturem mais ainda as ruas das cidades, obrigando os governos a darem mais ênfase ao transporte privado, que hoje é só para poucos! Que acabe o dinheiro em “cash”! Que o carnaval caia no início de fevereiro para melhorar logo a programação da TV! Que acabe o culto à pobreza no Brasil! Que roubar e matar passe a dar cadeia também para os ricos e para os políticos...
Enfim, em 2008 desejo apenas alguns desejos simples. Felicidades.