quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Fogo de Prometeu

Ontem assisti um vídeo impressionante que pode ser visto NESTE LINK, em inglês, em que os cientistas ensinaram a um gorila que ele iria morrer um dia.
O bicho ficou depressivo. Nunca na minha vida tinha visto algo tão cruel com um animal, os pesquisadores tiraram o macacão do paraíso.
Mas, ora, diriam os protetores dos animais, esse era o elemento que faltava para tornar os bichos como sujeitos de direito, idéia que, aliás, está sendo cogitada na Alemanha, afinal, o que nos separa dos animais não é exatamente a consciência de que temos da morte?
Se considerarmos como seres inferiores os animais que pintam, têm linguagem, criam ferramentas, são solidários e também praticam crueldade por prazer, criam escravidão e, agora sabemos, até podem ter consciência da morte, qual argumento que poderíamos usar para não utilizarmos, por exemplo, pessoas com retardos mentais como cobaias de remédios e tratamentos? Os nazistas fizeram isso, por que abominamos essa atitude e aceitamos que ratos sejam aleijados para testarmos os efeitos das células-tronco? Será que é só uma questão de grau de inteligência? Ou será que simplesmente desprezamos o que é diverso a nós? Qual seria a qualidade que nos torna diferentes dos outros habitantes do planeta?
A resposta é que, nós não só temos consciência da morte, mas também do prazer, além de sentirmos prazer, nós sabemos que sentimos prazer. Eros e Thanatos. Além de sabermos que vamos morrer, sabemos também que cada grão de areia que cai da ampulheta representa todo um universo único e que podemos fazer escolhas que geram benefícios no tempo que nos resta e para aqueles que ficarão depois que nós nos formos. Nós criamos, por esse motivo, obras de arquitetura, obras artísticas, estruturas sociais e econômicas, estruturas de comunicação, viagens a outros planetas...
Os animais não fazem nada disso, não porque possuem um grau de inteligência inferior, mas lhes falta a qualidade de pensamento que é completamente diversa da nossa. Não, não é apenas uma questão de grau.
Nós temos a noção do tempo, da efemeridade, eles não. Isso nos aproxima dos deuses, o que nos autoriza a nos proclamarmos senhores da Terra e considerarmos um bicho estranho vindo de outro planeta, mas com tais características, que porventura aportasse por aqui como um igual a nós, mas não um gorila, que é 97% geneticamente idêntico ao ser humano.
Aos animais, devemos apenas piedade, aos humanos, uma quase divinação.