segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

"Me cansa" essa vida de artista...

Na década de 80, uma amiga criou uma locadora de fantasias para festas em Porto Alegre e convidou alguns amigos para animar a comemoração de lançamento da loja. Eu fui, no papel do galã brega, estilo Zé Bonitinho.
Agora, o Emílio Pacheco achou a gravação da TV e publicou no Youtube.

Cada uma que a gente faz na vida...
Confiram, clicando na foto.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Se Amanhã Fosse o meu Enterro

O que é que eu faria antes
Se amanhã fosse o meu enterro,
Faria algo importante
Ou cometeria mais erros?

Eu iria beber com um amigo,
Ou escalaria um cerro,
Ampararia um mendigo
Se amanhã fosse o meu enterro?

Talvez em uma jornada indolente,
Pensaria em algo maligno
Ou talvez decidisse ser gente
E viver por um dia mais digno.

Se tomo o ato que trajo
Por veste que a vida me empresta
E escolho usar um andrajo
Ao invés de uma roupa de festa,
Percebo o quanto é solene
Cada segundo que cessa
E o que gratifica é perene,
O que faz sorrir, interessa.

Assim, se exilo distante
A alma em interno desterro,
Pergunto: quem é que garante
Que amanhã não seja o meu enterro?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

A Arte da Gerência 2 – The Cargo Cult

Durante a segunda guerra mundial, a marinha americana tomou diversas ilhas do pacífico que tinham posição estratégica, o que interferiu enormemente no meio de vida nas populações de selvagens que ali viviam. Para minimizar o impacto de sua presença, traziam bens e suprimentos para os indígenas em constantes carregamentos aéreos.
Ao final da guerra, os americanos pararam de prover esses carregamentos. Alguns anos mais tarde, os antropólogos verificaram o surgimento de uma nova religião em diversas ilhas do pacífico que nunca tiveram contato entre si, o “cargo cult” (culto ao cargueiro). Os selvagens, tentando imitar as ações dos brancos construíam choupanas com estacas no alto imitando antenas de rádio, criavam descampados para imitar as pistas de pouso e falavam contra caixotes de madeira, tentando fazer com que os deuses mandassem do céu aquela mesma abundância de comida que já tinham presenciado.
Em qualquer empresa existe muito de “cargo cult”, as pessoas têm a tendência de executar coisas inúteis e sem sentido apenas porque sempre viram fazer e já observaram funcionar outras vezes. Das coisas mais difíceis para um administrador é identificar e transformar esses cultos infrutíferos em atividade produtiva.
Atitudes simples, como convencer as recepcionistas a cumprimentarem as pessoas que entram no prédio é uma tarefa árdua, pois afinal “nas outras empresas ninguém faz isso” ou “nunca cumprimentei e sempre funcionou...”
As folhas de ramais telefônicos normalmente são outro “cargo cult”. Normalmente são uma lista com os ramais dos diretores acima e os demais ramais a seguir. Cada vez que se precisa de um telefone, é preciso ficar procurando em uma lista enorme, sem qualquer grafismo mais inteligente que permita achar rapidamente o número desejado. Sugestão: eu organizo os ramais da empresa em que trabalho pela sua posição no prédio, subsolo abaixo último andar acima, quem senta mais à direita aparece mais à direita na lista e assim por diante, de modo que a procura fica mais intuitiva.
Eu nunca encontrei um comércio que investisse no visual do estacionamento. A gente chega de carro no supermercado, cheio de vontade de comprar e se depara com aquele verdadeiro calabouço medieval que são as garagens. Nada de plantas, nada de cores, nada de televisores anunciando ofertas e nem atendentes para nos entregar jornais de oportunidades. Imagine-se quanto as lojas perdem apenas porque repetem o que todos os outros fazem.
A lista de exemplos possíveis é enorme. A identificação e correção dos atos sem sentido é uma das principais tarefas de um profissional da administração, pois todos os “cargo cult” geram problemas que vão interferir no bom andamento da empresa e não adianta nada estarem ali, pois com certeza os deuses dos negócios não vão ter a sua ira aplacada com tais procedimentos.

domingo, 20 de janeiro de 2008

A Quem Interessa o Discurso Ecológico?

O discurso ecológico tem algo em comum com Uri Geller, Mãe Dinah e Juscelino da Luz, pois em ambos os casos, a imprensa dá ampla cobertura de supostos acertos e não divulga as falhas.
A ação do homem está derretendo as geleiras da Groelândia? Mentira, já se descobriu que são fatores naturais, mas quem divulgou a contra-informação? Quantas pessoas sabem que já se descobriu que florestas de pinus não deterioram a qualidade do solo, como se falava anteriormente? Mas é verdade. E pesquisadores já chegaram à conclusão que a camada de ozônio está se recuperando. As usinas nucleares se transformaram de vilãs em heroínas, pois não emitem CO2. Tomar sol faz mais bem do que mal à saúde. Quem divulga essas boas novas achadas apenas em insossas publicações científicas e notas de pés de página? À grande imprensa parece só interessar o catastrofismo.
Alguém já leu um jornal só de notícias boas? Eu conheço um que pode ser acessado neste link e não faz nenhum grande sucesso. Sangue e desgraça vendem muito mais.
Aos países frios e desenvolvidos, certamente interessa mais o discurso ecológico do que aos seus concorrentes, países tropicais e em desenvolvimento que possuem uma grande vantagem no que tange aos produtos da agropecuária (duas safras de uva por ano, árvores para celulose que crescem mais rápido, gado com produção extensiva mais barata, etc.).
E quantas ONGs, grupelhos, associações, sindicatos, etc. não ganham fortunas extorquindo dos governos apoio aos seus projetos muitas vezes totalmente vazios. E pesquisadores em universidades? E universidades e outros institutos de pesquisa? Quanta grana não corre por aí?
E quantas indústrias se desenvolveram na cola deste discurso? Quantas necessidades desnecessárias (sic) não foram criadas nos últimos anos?
Como comparação, que tal um discurso ecológico verdadeiro? Que tal limparmos rios e córregos, promovendo o saneamento básico e tratamento de esgotos para toda a população? Por que não isentarmos de impostos os carros elétricos e com células de hidrogênio? Por que as prefeituras não plantam árvores em cada canteiro vazio da cidade, inclusive árvores frutíferas em praças, parques e terrenos baldios? Por que não se esteriliza os cães e gatos das ruas que defecam e trazem inúmeras zoonozes à população? Por que não se combate de forma efetiva as ocupações irregulares e a favelização das grandes cidades?
A resposta é fácil. Porque um discurso ecológico que seja real, inconteste, simples e cotidiano não dá grana, e nem votos, para ninguém. É muito mais lucrativo comover as pessoas com o afogamento dos ursinhos polares do Ártico do que com os cachorros sarnentos da esquina. Tem um monte de gente a que interessa o discurso ecológico, mesmo quando ele não é verdadeiro.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Jogos Elétricos

Vi no jornal que as Lan Houses são o maior sucesso no verão do litoral. Existe até lista de espera para usar os computadores. Uma coisa que a nova geração não viveu foi o tempo em que não existiam jogos eletrônicos, apenas jogos elétricos, os chamados fliperamas, que também eram um sucesso na praia.
Quando criança, eu ia para Tramandaí, no Rio Grande do Sul e,sempre que conseguia descolar alguns trocados, corria para as máquinas. Eram grandes, barulhentas, vivam engolindo as fichas, mas eram sensacionais.
Eu gostava muito do submarino. Era um maquinão, com um telescópio de submarino como nos filmes, em que se colocava a ficha e começavam a passar navios inimigos no horizonte. Ao apertar um botão, disparava-se um torpedo. Se afundassem navios suficientes, se ganhava tempo extra. Depois de uma certa cota, se ganhava mais uma ficha. O legal é que nada era eletrônico, tudo era físico mesmo. Haviam navios de verdade, isto é, de plástico mesmo, passando no fundo da máquina. Quando o torpedo acertava o navio, ele se curvava e sumia pela borda do mar.
Tinha também uma máquina de aviões acrobáticos, em que se tinha de passar por uns arcos, no mesmo esquema dos submarinos. E tinha o cowboy, na qual apareciam os bandidos na frente e com um revólver, precisava-se matar. E tinha o carrinho de corrida, sempre de plástico, em que uma pista corria abaixo dele com os adversários desenhados nela. Se batesse em um dos adversários, perdia-se pontos. Em outras palavras, dá prá imaginar todos os games que existem hoje em dia, feitos de forma física, 3D, com roldanas e motores ao invés de bits e TVs?
E o futebol, como era? Eram onze bonequinhos em cada lado, correndo em vinte e duas pistas pelo campo, empurrando a bola. Dez alavanquinhas de cada lado e mais uma para o goleiro. Ao empurrar a alavanca, o bonequinho corria para frente ou para trás. Havia um jogo de vôlei, no mesmo esquema, uma mesa com um vidro por cima e um monte de buracos. Ao apertar os botões, a bola ia saltando até o campo do adversário.
Para os mais crescidinhos, o melhor era o pinball. Não eram cheios de luzes, com placares eletrônicos. Os números da contagem de pontos apareciam rolando em contadores elétricos. Tudo era feito com molas e relés que faziam um barulho desgraçado. Ao meu ver, eram muito mais divertidas do que as máquinas atuais, de visual pasteurizado.
Os últimos remanescentes dos jogos elétricos são os autoramas. Esses dias, levei o meu sobrinho em um deles e constatei uma coisa terrível: autorama não cai mais da pista. Basta acelerar o máximo e correr com o carrinho. Perdeu a graça da competição. Antes, se tinha que dosar a aceleração, havia pilotagem, hoje não, ganha o com motor mais potente, só isso.
Só sei que competir com as máquinas está perdendo a graça. Será que querem fazer com que não existam mais vencedores e derrotados até no autorama? Sei, não, parece ser coisa do PT...

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Autoconhecimento


Depois de umas férias tanto do trabalho quanto do blog, cá estamos de volta para mais um ano de novos planos e realizações.
Alguém já disse que o ser humano se conhece diante de três situações: diante de 30 milhões de dólares, diante do cano de uma arma e diante de um quadro de Goya.
Diante de Goya, eu já fiquei, conforme pode ser observado na foto acima.
Na semana passada, acabei de almoçar em um restaurante do centro e estava pagando no caixa. Quando havia acabado de passar o meu cartão, um cara do lado me pegou pelo braço, puxou uma pistola e falou: “- É um assalto, vai lá prá dentro.” Eu, bem quietinho, fui pros fundos do restaurante, daquele jeito, né? nem tão devagar que parecesse provocação, nem tão rápido que ao assaltante valesse a pena praticar tiro-ao-alvo e fiquei esperando até ele limpar o caixa.
Onde eu quero chegar com essa história? Que estou iniciando 2008 pronto para concluir o meu processo de autoconhecimento e devo anunciar ao Astral Superior que pode mandar os meus 30 milhões de dólares, pois já cumpri os pré-requisitos e estou plenamente preparado em mais essa árdua missão para o meu crescimento pessoal. Aceito também o pagamento em reais ou em cheque-presente da Koppenhagen.
Assim, como devemos ver o lado positivo em todas as situações, sob os bons augúrios do ano que principia, desejo a todos os meus leitores, um 2008 pleno.
Menos impostos! Que os carrinhos indianos de 2500 dólares saturem mais ainda as ruas das cidades, obrigando os governos a darem mais ênfase ao transporte privado, que hoje é só para poucos! Que acabe o dinheiro em “cash”! Que o carnaval caia no início de fevereiro para melhorar logo a programação da TV! Que acabe o culto à pobreza no Brasil! Que roubar e matar passe a dar cadeia também para os ricos e para os políticos...
Enfim, em 2008 desejo apenas alguns desejos simples. Felicidades.