segunda-feira, 30 de abril de 2007

O Sentido da Vida


O ser humano é o único animal que sabe que vai morrer, portanto é o único também que busca sentido para a sua vida.
Como temos também consciência que o tempo passa e que a morte é uma conseqüência do tempo, o sentido da vida está em transformar o tempo fugaz em um tempo eterno. Para isso, existem duas maneiras, o desfrute do momento, buscando a eternidade do instante que passa e, ou ou, construir coisas que transcendam a nossa morte.
A origem grega da palavra êxtase tem o sentido de parar, em outros termos, a sensação de prazer extático é a sensação de que o tempo parou. Por outro lado, quando o homem constrói uma pirâmide, escreve um livro ou tem um filho, está plantando extensões do seu próprio eu que irá superar a morte.
Dessa forma, temos duas formas de eternidade, aquela construída com obras que superem o nosso tempo vivencial e outra que é a da eternidade do segundo, a apreensão do fluir do tempo, sendo que a conseqüência desses fatos é que existem apenas dois sentidos para a vida humana, o prazer que sentimos e as obras que deixamos.
Portanto, para cada de nossos atos na vida, devemos nos fazer essas duas perguntas. Isso está me dando prazer? Isso está me conduzindo a construir algo que vá permanecer após o fim dos meus dias? Tudo que não estiver nessas duas categorias irá nos fazer sentir vazios interiormente, pois será um tempo desperdiçado que nos aproxima mais e mais do momento inexorável em que o período que nos foi concedido acabará.
Ser humano significa lutar uma luta perdida contra a morte e aquele que nem sentir prazer e nem construir algo que, ainda que nada o seja, possa supor eterno, está simplesmente por aqui, passando pela vida como se nunca tivesse existido.



domingo, 29 de abril de 2007

Solilóquio

De onde é que vem esta onda
Que vai rebentar logo ali,
Esta que vem e me conta
Do fim desses mares sem fim?


De onde é que vem tanta força
Que faz uma rocha vibrar
De onde é que vem esta onda
Filha das deusas do mar?

Será que é a força da lua
Que embala os meus olhos sedentos
Ou será que a espuma flutua
No mar dos meus sentimentos?

Será que vem esta onda
Deitar-se à praia por nada
Ou será que faço a minha ronda
Onde o mar faz a sua morada?

sábado, 28 de abril de 2007

Direitos Humanos Ainda Não Inventados


A Declaração Universal dos Direitos Humanos já recebeu vários complementos como aqueles que condenam a tortura ou que falam dos direitos da mulher. Existem alguns direitos, no entanto, que são básicos e que nunca se ouve ninguém nem sequer cogitar de torná-los universais.
“Todo ser humano tem direito ao conforto.” - Por que aqueles que planejam as grandes cidades andam de automóvel e insistem tanto que o populacho ande de ônibus? Será que o acesso ao automóvel não deveria ser um direito de todos? Quem em sã consciência acha que esperar ônibus é melhor do que dirigir? E o ar condicionado, por que só alguns possuem? Não haveria um direito ao conforto térmico? E à ergonomia? Por que não existe um direito à qualidade de postura?
“Todo ser humano tem direito ao uso de seu tempo.” – Como pode existir uma fila de INSS? Não deveria ser caso de processo judicial por obrigar que as pessoas necessitadas percam os seus empregos porque têm que tirar ficha em um hospital? Como alguém pode telefonar para a sua casa apenas para fazer propaganda? Qual é o direito que nos protege do incômodo de levantar para atender ao telefone?
“Todo ser humano tem direito ao seu espaço pessoal.” – Se o vizinho faz uma festa, onde está escrito que ele pode invadir a sua casa com som alto e fumaça de cigarro? E por que um automóvel pode acelerar impaciente enquanto você atravessa no sinal fechado? Afinal, naquele momento, o espaço não é seu?
“Todo ser humano tem direito de exigir os seus direitos, independente da fragilidade daquele que o desrespeita.” – se a caixa do supermercado fica conversando com outra e desrespeitando o nosso direito ao tempo, quem foi que disse que não devemos reclamar ao gerente só porque achamos que ela é uma pessoa necessitada e os empregos estão difíceis? Quer dizer que vai continuar sendo ineficiente?
“Todo ser humano tem direito ao desfrute da organização e também à contemplação da beleza.” – se o vizinho mantém o gramado cheio de mato ou se uma loja do centro deixa o toldo apodrecido de tanta sujeira, por que não podemos reclamar? Por que a nossa sociedade não considera isso como um direito fundamental?
“Todo ser humano tem em si a sua honestidade presumida.” – por que a Polícia Federal pede a confirmação de que eu votei para emitir um passaporte? Não acreditam na palavra dos cidadãos? E se têm dúvidas porque não vão investigar? Nós é que temos que provar que somos honestos ou o ônus da prova de desonestidade deveria ser daquele que duvida? E um cadastro em uma loja? Por que é que justamente o cliente é que tem que provar que nunca ficou devendo no comércio?
São esses direitos que fazem com que um monte de gelo como a Islândia seja vista como pertencente ao Primeiro Mundo e um território rico como o Brasil esteja eternamente em desenvolvimento. Ainda que nunca tenham sido escritos ou inventados, esses direitos existem e são seguidos em diversos lugares do mundo.
Sou pessimista. Não creio que vá viver o tempo suficiente para ver em nosso país essas verdades sendo respeitadas. Não serão obedecidas com o enriquecimento das pessoas e nem com a distribuição de renda e nem ao menos no momento em que toda criança tiver acesso à escola e todo jovem chegar à universidade. Seria preciso mudar mentalidades. E cabeças não se compram com dinheiro e nem se educam com livros e fórmulas. Cidadania se compra e se aprende, mas não se vende ou ensina.
Eu tento passar isso para as pessoas próximas, mas sei que será difícil convencer aos nossos representantes no congresso e aos detentores dos meios de comunicação de massa sobre essas futilidades importantes (sic) que estão muito longe de ser respeitadas em Pindorama. Na condição de um grupo maior, o grupamento da humanidade, podemos chegar à conclusão de que esses desejos estão também impregnados no íntimo de nosso povo, e seriam possíveis de acontecer se fossem reunidos em uma coisa só, um único projeto de país que teria por princípio, não direitos, mas obrigações, e por isso o texto teria de começar mais ou menos assim: “Todo o ser humano tem o dever, sim o Dever, de contribuir para conferir ao seu país ou cidade as qualidades da boa convivência entre os homens e os cidadãos...”

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Suporte para Bicicletas em Automóveis


Este é um suporte de bicicletas que eu gostaria de ver.
Trata-se de uma ventosa (1) que pode ser grudada no teto do automóvel. Nesta ventosa é implantada um suporte (2) correspondente ao formato do pneu de uma bicicleta , sendo que a mesma é encaixada na fenda superior (3).
Com dois destes suportes, um para cada roda, é possível apoiar uma bicicleta que ficaria firme com o uso de um tirante elástico, firmando ela na abertura dos vidros do carro.
Para remover esses suportes, puxa-se a lingüeta (4), soltando a ventosa.
Simples, barato e de fácil instalação no veículo.

quinta-feira, 26 de abril de 2007

Mjadra


Personagens: Al-Bonob e Bronco, ambos vestidos com túnicas árabes.
Cenário: a cozinha bagunçada de sempre.
Al-Bonob e Bronco estão no chão, fazendo sons que imitem o árabe e terminando suas rezas voltados para Meca.
Al-Bonob (levantando-se) – Bronto, brimo Bronco, agora que acabamos a nossa obrigação com Alá, famos fazer o nosso almoço.
Bronco – E o que famos fazer hoje, brimo Al-Bonob?
Al-Bonob – Nóis fazer mjadra!
Bronco – Não, brigado, eu fazer há pouco lá no banheiro.
Al-Bonob – Mjadra... comida...
Bronco – Fai fazer mjadra na comida? Não seja porco porque porco é animal impuro, ãh?
Al-Bonob – Mjadra é o nome da comida, ó estúpido!
Bronco – Ah! E o que vai no mjadra, brimo Al-Bonob?
Al-Bonob – Tudo comida que não estraga: trigo sarraceno, lentilha e cebola. Pega o trigo lá fora. (Bronco sai).
Bronco (voltando enquanto Al-Bonob corta a cebola em rodelinhas) – Al-Bonob, o camelo fugiu!
Al-Bonob – E daí?
Bronco – E daí que estava com o trigo, já equipado prá caravana no deserto.
Al-Bonob – Então famos fazer com arroz mesmo que já está por aqui. É a mesma coisa.
Bronco – E como se faz?
Al-Bonob - Aqui tem arroz cozido. Sabe como fazer arroz bem soltinho? Um pouquinho de óleo, uma xícara de arroz para duas e meia de água e ferver até secar. Se não ficar bom, colocar um pouco mais de água.
E aqui tem lentilha cozida. Sabe como fazer? Coloca água em cima da lentilha e ferve até ficar bom.
Bronco – Por Alá, é bem simples!
Al-Bonob – Daí é só fritar a cebola e misturar tudo. Só tem um segredinho!
Bronco – Segredinho, brimo?
Al-Bonob – Tem que salgar apenas um dos ingredientes, entendeu? Os outros ficam sem sal. Agora vai, experimenta!
Bronco (comendo) – Muito bom! Dá até prá vender na nossa lojinha, ãh?





quarta-feira, 25 de abril de 2007

Teatro Grego


Na tragédia grega os heróis tinham apenas duas opções na vida, sendo que qualquer que fosse o caminho escolhido, este o levaria à própria danação pelo abandono da outra possibilidade. A opção era entre cumprir a sua obrigação perante o estado e cumprir os desejos dos deuses, escolhas sempre antagônicas.
Com o advento da civilização cristã, surgiu a possibilidade de uma terceira via, a da redenção. Qualquer um poderia ser perdoado em caso de arrependimento em qualquer momento antes de sua morte. Com o expurgo da culpa, destruiu-se a figura do herói, nenhum líder seria jamais colocado ante o conflito de ter que decidir entre os seus valores éticos e prerrogativas cósmicas por um lado e os deveres daquilo que interessa à sociedade por outro. Os interesses pessoais e os interesses do partido podem suplantar tudo aquilo que tem real valor, desde que exista um arrependimento posterior.
O gênero teatral da tragédia, dizia Aristóteles, é a retratação da vida daqueles que são superiores a nós: os reis, os bravos e os heróis, enquanto que a comédia nos mostra aqueles que estão abaixo do indivíduo médio: o estrangeiro com sotaque, o torto, o bêbado, o desviado, o travestido...
O Brasil é um país cômico, risível, porque é carente de tragédia. Como o maior país católico do mundo, é de nosso feitio aceitar que muitos de nossos líderes não tenham nem ética e nem defendam os interesses de nossa sociedade, esperamos como bons cordeiros apenas que eles um dia se arrependam para que finalmente vejam a luz de Jesus e se não o fizerem, de qualquer forma irem direto para as garras de Belzebu.
Só que isso não é necessariamente verdade. Talvez não exista nem recompensa, nem punição e nem sentido para a vida. E se formos apenas um pó no canto de uma galáxia sem importância, perdidos em um instante fugaz entre o infinito passado e o infinito futuro? Será que o que nos faria grandes e eternos não seria justamente o respeito às grandes leis que regem o cosmos e que fazem nos diferenciar das pedras, das plantas e dos animais? Será que a dignidade, a ética, o respeito ao próximo e a capacidade de superação constante não seriam valores que deveríamos buscar com mais intensidade do que o pensamento do Deus dará, Deus tomará?
E se, no balanço final do grande mistério da vida, existir mesmo um Deus no firmamento, seria isso que temos apresentado como povo que Ele esperaria de nós?

terça-feira, 24 de abril de 2007

Pequeno Vocabulário Português Metido a Besta X Inglês

Algumas das expressões usadas em português de bobos, traduzidas para inglês de verdade:
out-door – billboard
folder - flyer
jet ski - wave runner (mais usado, o jet ski é o de ficar em pé)
disk pizza – pizza delivery
kitchenette – efficiency
flat- suite
banana split – banana boat (mais usado)
shopping center – mall
motor home – RV (mais usado)
point – promenade, spot
smoking – tuxedo
black-tie – bow tie
whiskey – bourbon
whiskey cowboy – bourbon straight
cooper – jogging
bookmaker – pool
hi-fi (drink) – sunshine
water closet – restroom
CDV – laserdisc
black power (cabelo) – afro haircut
skate – skate board
roller – roller skate
clip – Video
box (de carro) - garage, parking space
box (de chuveiro) - (shower) stall
playback (na expressão "cantar com playback") - backing tape, prerecorded backing
no break - UPS (uninterrupted power supply)
(Obrigado Vânia Bastos e Emílio Pacheco por alguns acréscimos nesta lista)

segunda-feira, 23 de abril de 2007

domingo, 22 de abril de 2007

Eu devo ser muito burro!


Alguma coisa deve estar muito errada comigo, esses dias saí de um órgão público que abria as 9 e no qual tinha um banco lá dentro que abria as 9.30. Será que eles pensam que meu tempo é capim? Falando ainda em noves, tenho a sensação de que em noventa e nove por cento dos serviços públicos de que preciso, ou melhor me fazem precisar em uma burocracia infame, sou desrespeitado de alguma forma. Mas acho que sou só eu que penso assim, devo ser um estúpido que não consegue perceber as vantagens que as estatais, órgãos autarquias, chamem como chamar, me oferecem.

Devo ser muito burro para não perceber que hospitais públicos são melhores do que os privados, que a burocracia, o tempo perdido são ótimos para o país.

Devo ser muito burro para não perceber que foi um erro privatizar a Vale, que hoje gera milhares de empregos e impostos e antes era um cabide de empregos totalmente quebrada e drenando os cofres públicos dos seus recursos básicos. E que o mesmo vale para a Embraer e tantas outras empresas públicas.

Devo ser muito burro em achar que não era muito melhor o tempo em que as empresas estatais gerenciavam os telefones celulares e possuir um era tão caro que era até símbolo de status. Sei lá, algo deve estar faltando a minha compreensão quando fechei a conta que eu tinha em banco público por medo de ter o meu sigilo quebrado e meus direitos desrespeitados. Isso nunca acontece, eu sei, é burrice minha.

A população adora ficar na chuva em fila de INSS e de matrícula em escola pública, eu sei. Todo mundo acha ótimo ver os velhinhos ficarem curtindo um recadastramento na previdência, devo ser muito estúpido para não perceber onde está a graça. E também privatizar o aerolula? Que absurdo! Onde vai viajar a comitiva presidencial? Por mim que vão de ônibus, de classe turística, de carroça. Ou melhor, que não vão, de preferência. Por que ir gastar o meu rico dinheirinho com que eu pago de forma suada os impostos?

Também é burrice da minha parte quando todos os políticos, praticamente sem excessão afirmam que não vão privatizar nada e que o monstro do Estado vai continuar a ser alimentado e eu ainda cogitar que um deles vai ser melhor do que o outro. Por quê?

Sou mesmo um asno!

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Sketch para TV: Yogurt, Ach!


Personagens: Frau Bonof, matrona alemã e Bronco, com peruca loira channel.
Cenário: a cozinha bagunçada de sempre...
Bronco dorme com os braços cruzados sobre a mesa enquanto o leite ferve atrás dele transbordando no fogão.
Frau Bonof – Bronco, sentido!
Bronco (acordando e pulando da cadeira) – Sim, Frau Bonof?
Frau Bonof – Ja, Ja, Ja, Bronco, e o que eu mandar você fazer?
Bronco – Yogurt, Frau Bonof.
Frau Bonof – Yogurt! Non sujeirra! Você saber que eu gostar de tudo muito limpinha! Olha como me deixou o fogon! Mões!
Bronco olha o que fez, se assusta e apresenta as duas mãos, virando o rosto para esperar pela dor. Frau Bonof pega uma palmatória e bate nas mãos de Bronco.
Frau Bonof – Ach du liebier gott! Esses serviçais estan cada vez mais burros. Vamos ver se agorra aprendeu. O que vai no yogurt?
Bronco – Leite, mein frau.
Frau Bonof – Muito bem e o que mais?
Bronco – Ãã... vinagre?
Frau Bonof – Mõens!
Bronco – Não, vinagre não, não vai vinagre no yogurt!
Frau Bonof – Mõens!
Bronco estende as mãos e leva duas pancadas.
Frau Bonof – Preste antençon, Bronco, vou ensinar de novo.
Primeirro, a gente pegar 3 litras de leite de caixinha. Desses 3 litras, a gente separar 900ml e ferver. Entendeu? Só 900ml, não vá ferver os três litras!
Bronco (compenetrado) – Fervo 900ml...
Frau Bonof – Depois misturra um pocadinho dessa leite com um copinho de yogurt naturral, desses de supermercado, até dissolver bem. Pode colocar três colherres de sopo de leite em pó parra ficar com consistência mais firme.
Bronco – E daí? Já posso comer?
Frau Bonof – Mões! (Bronco estende as mãos e apanha)
Frau Bonof – Parra comer só amanhã, Bronco. É preciso misturrar tudo com o resto do leite e depois enrolar num cobertor.
Bronco – Num cobertor?
Frau Bonof (enrolando a panela num cobertor) – Ja, ja.! Yogurt ficar 6 horras quentinho, até ficar pronta.
- Corta para o relógio da cozinha que avança seis horas.
Bronco (desenrolando a panela do cobertor) – Só depois de seis horas é que temos um delicioso yogurt?
Frau Bonof – Sim, está prronta, pode trazer aqui parra guardar na geladeirra por até 15 dias!
Bronco traz a panela, tropeça e vira todo o yogurt da panela sobre Frau Bonof.
Frau Bonof – Mões!

quinta-feira, 19 de abril de 2007

B-25

O avião estava bem próximo à costa e tivemos a sorte de ser os primeiros a achá-lo, já que era muito grande a probabilidade de alguém o avistar, desde os tempos da segunda guerra, naquela praia de águas límpidas e cheia de turistas.
No primeiro mergulho já percebemos que o aparelho estava coberto de cracas, o que tornava difícil de vê-lo. Largamos o balão localizador para o pessoal da lancha e limpamos a sujeira do estabilizador vertical para lermos o prefixo. Era um bombardeiro B-25 que devia estar ter caído ali em alguma missão de treinamento ou defesa da costa, pois éramos aliados dos americanos e a guerra acontecera longe, na Europa.
A porta ainda abria. A fuselagem havia tornado-se moradia de inúmeros crustáceos e peixes coloridos, que fugiram em cardume quando nós entramos. Um pouco do sol chegava ao fundo do mar e penetrava pelas janelas sujas de algas, o que dava uma certa claridade no interior do aparelho. Pudemos ver um esqueleto usando o cinto de segurança, ainda sentado no seu posto de telegrafia e com o crânio quebrado. Os ossos estavam ainda empilhados, como se tivessem sido grudados um ao outro, provavelmente por algum tipo de calcificação. Ademais ninguém mais à bordo. Encontramos o avião praticamente intacto, com as portas fechadas, pousado de barriga com razoável precisão no fundo do mar e sem pilotos, navegador ou operadores das metralhadoras. Não encontramos nenhum buraco grande nos vidros ou na fuselagem que permitisse a passagem de algum peixe grande que poderia ter devorado os cadáveres, portanto os ossos deviam estar por ali, só que não estavam.
Demos uma boa olhada, mas não quisemos tocar em nada antes de avisar o consulado. Fechamos novamente a porta e comunicamos o achado à imprensa e ao governo norte-americano.
Ninguém sabia de nada. Aliás, durante a guerra os B-25 estavam ocupados em missões de bombardeio na Europa e na Ásia e não operavam naquela região. Não tinha-se registro de qualquer missão secreta na época envolvendo aqueles aparelhos e era muito pouco provável um desvio tão grande de rota, pois não teriam tido combustível para atravessar o Atlântico. Não havia nem sequer registro do prefixo do avião.
No mergulho seguinte, a estranheza foi maior ainda. Foi enviado um senhor com um forte sotaque, especialista em resgates subaquáticos, uma pessoa totalmente idônea, para mergulhar conosco. Quando entramos no avião, e isso ele poderá confirmar, o telegrafista havia sumido, mas no assento de pilotagem esquerdo estava sentado um outro esqueleto vestido com farrapos do que outrora fora uma jaqueta de couro. Alguma brincadeira macabra, certamente. Procuramos em volta do avião e não encontramos o paradeiro do telegrafista. Resolvemos colocar um lacre na porta para sabermos de futuras entradas no aparelho e subimos para comunicar à polícia a ocultação dos cadáveres.
Nessa altura, a imaginação popular dos moradores das redondezas já havia dado mil e uma explicações sobre o caso. Falava-se de um grupo de homens estrangeiros, com uniforme militar, que nas noites de lua cheia entravam nas festas e dançavam com as moças de uma forma antiga, mais para swing do que para rock e depois se iam, sem conversar com ninguém. Falava-se também que nas noites de tempestade se ouvia um ruído de motor passando rasante por sobre as casas, mas ao olhar-se para fora, podia-se ver apenas a chuva e o vento.
Em um último mergulho, descemos com um bom número de mergulhadores para ajudar na retirada dos ossos e tentar a identificação do cadáver que restava, na esperança de descobrir a origem do vôo. Não conseguimos o nosso intento. Ao chegarmos lá, mais uma surpresa: o avião estava erguido, montado sobre os trens de pouso, totalmente coberto por búzios e algas e, o mais estranho, emitindo um facho vermelho de luz por causa que o farol rotativo estava aceso, depois de décadas na água salgada. Para a estupefação de todos, as hélices começaram a girar sem nenhum ruído e depois de alguns instantes o avião começou a correr no fundo do mar, afastando-se cada vez mais de nós.
A última coisa presenciada por todos foi quando as rodas desgrudaram do leito do oceano e o aparelho sumiu na escuridão das águas límpidas, para nunca mais ouvirmos falar dele.

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Explosão de Tanque da IMCOPA

Eu estava em Araucária, PR, hoje pela manhã quando explodiu o tanque de combustível da IMCOPA. Tirei esta foto uns 20 minutos depois da explosão.
Impressionante.

A Luta de Classes

No programa Big Brother 7 havia um loiro chamado Alemão e um negro chamado Negão. Por essas terras chamar um descendente de italianos de “carcamano” (aquele que “carca” a mão na balança para pesar mais, portanto ladrão) não é ofensa, como não o é tampouco ser chamado de mulato, palavra relacionada com mula. Judiaria (coisa de judeu) é ainda uma palavra usual. Ser japa é simpático. Ninguém vê essas referências raciais como ofensivas, muito pelo contrário.
Ao mesmo tempo, um juiz do supremo tribunal tem um padrão de consumo muito superior ao de muitos fazendeiros que lutam para pagar as prestações das suas colheitadeiras, no entanto o proprietário de terras é visto como rico capitalista explorador dos pobres e o funcionário público como trabalhador esforçado.
A região sul reclama de ter as suas riquezas expropriadas enquanto o nordeste reclama por não receber incentivo para o seu crescimento.
Por que os sucessivos governos do Brasil tentam criar conflitos que não existem? O sul e sudeste lutam contra o nordeste? Negros lutam contra brancos? Ricos proprietários lutam contra pobres trabalhadores? Será isso verdade?
Essas guerras de categorias foram inventadas como cortina de fumaça para a verdadeira luta de classes que é aquela entre os que produzem riqueza e os que parasitam a riqueza alheia. No Brasil, isso é muito claro e essa guerra se dá entre o poder público e a iniciativa privada. O Estado cria a ilusão de que é o responsável por deter os conflitos de categorias no país, quando na verdade é o principal agente das desigualdades.
O Estado brasileiro age como um verdadeiro mafioso quando impõe aos seus protegidos que paguem tributos para ele ou sofram as conseqüências funestas. E esses tributos não retornam na forma de benefícios significativos, servem só para alimentar a máquina pública que quer crescer cada vez mais, sem falarmos nos corruptos, que é mais uma deturpação dessa luta de classes. No Brasil 90% dos que estão na iniciativa privada sustentam os outros 10% que dominam o poder público. Esse é o verdadeiro conflito nacional.
Portanto, antes de falarmos de igualdades racial, regional ou de riqueza, precisamos antes falar em igualdade produtiva. Seria justo aquele que produz riqueza ser parasitado pelos que só se aproveitam dela?

terça-feira, 17 de abril de 2007

Idéia: Fechadura de Trinco Triplo



Este é o protótipo de uma idéia que posso melhorar bastante. Trata-se de uma fechadura que bloqueia a porta em três pontos, no centro, no topo e em baixo. Com um sistema de engrenagens, toda vez que a lingüeta central é movida, movimenta também as hastes verticais, dando mais segurança contra arrombamentos.
Procuro parceiro na área de metal-mecânica para a fabricação desta fechadura.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Aniversário: Um Caos de Idéias Claras


Hoje, 16 de abril, as 03:47hs da madrugada, fiz anos. 43.
De um cara que como eu também nasceu neste dia, Anatole France, dizia-se que ele era um “caos de idéias claras”. Coincidência dos astros neste segundo decanato de Áries, ou não, tento seguir essa filosofia neste blog.
Aos que têm acompanhado esse meu caos diário e todos os amigos e parentes que enviaram votos de apreço, meu muito obrigado por participarem da minha vida e fico feliz de termos chegado juntos até aqui.

Poesia: Histórias de Fantasmas



Todos os casarões, eu acho,
Têm fantasmas no porão, os apartamentos, não
Porque têm o vizinho de baixo.
Conhecemos as suas formas estranhas, vivas,
Tatuadas na parede, anteriores à reforma da casa,
Existem fantasmas velhos, antigos na sala de estar,
Com asma, que brincam de pegar ou chamam para jantar,
Existem fantasmas por todos os lados,
Com espírito ou desalmados. Desencarnados,
Com o linho branco do lençol
Secando no varal em uma manhã de sol,
Fantasmas dos cinco anos, dos dez, da adolescência...
Idades em que a nossa inocência
Não nos permitia ver fantasmas no ar.
Os fantasmas querem voltar,
Mas obedecem ao fantasmão ainda vivo, submissos:
- Desapareçam, vocês estão muito velhos para isso!

domingo, 15 de abril de 2007

Opinião: Lendo Paulo Coelho

Canso de ver intelectuais despeitados com o fenômeno literário Paulo Coelho que eles dizem ser injusto. O que seria justo? Qual é o critério?
Em primeiro lugar, a obra de Paulo Coelho carrega em si um dos indícios de qualidade presentes em autores como Shakespeare, Sófocles ou Victor Hugo, o sucesso em vida. Kafka só foi reconhecido depois de morto, sendo portanto uma das exceções que conformam essa regra, mas em geral os imortais são reconhecidos por seus contemporâneos.
Comparar Paulo Coelho com Sófocles é absurdo, certo, mas não é total despropósito lhe comparar com os Alexandre Dumas ou com Dashiel Hammet, por exemplo, que também escreviam historias fúteis. A superficialidade não é critério para colocarmos de lado um bom escritor e nem para pensarmos que ele não tem chances de se tornar um imortal.
Além disso, ele tem duas características que não são muito comuns.
A primeira é a qualidade de ação do texto. Gigantes como Joyce ou Thomas Mann não têm isso, as suas narrativas não avançam. Hemmingway, nem tão gigante assim, mas de qualquer forma venerado pelos americanos, é um tremendo chato, fica repetindo informações que o leitor já sabe.
A segunda qualidade de Paulo Coelho é a verossimilhança. Eu gosto de comparar essa característica com os filmes do 007. A gente sabe que aquilo é mentira, mas o personagem é totalmente verossímil, naquele momento se acredita que a realidade seja assim mesmo porque o filme é bem construído. O mesmo acontece com o nosso sucesso literário. O leitor consegue acreditar nos personagens do Paulo Coelho, eles têm uma pegada de realidade.
Tom Jobim já dizia que brasileiro detesta ver o sucesso alheio, somos um povo invejoso. Para aqueles que falam que Paulo Coelho não presta, eu gostaria de perguntar quem é bom no panorama nacional, afinal? Quem poderia ir para a lista dos 50 melhores escritores mundiais de todos os tempos? Jorge Amado, Érico Veríssimo? Machado? João Ubaldo, Rubem Fonseca? Não creio. Eu pessoalmente diria que até existe uma obra-prima brasileira, infelizmente pouco citada, que é o “Lendas do Sul”, do Simões Lopes Neto, mas em geral falta na nossa literatura aquele toque de Midas que diferencia o grande do gigante.
Por tudo isso, não sou dos que ousam falar mal de Paulo Coelho.

sábado, 14 de abril de 2007

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Opinião: Para Escrever Bem

Para escrever bem é preciso esquecer aquilo que se aprende na escola.
Lembra? Uma boa redação deve ser composta de uma introdução, depois o desenvolvimento da idéia, depois o contraponto e finalmente a conclusão. Por exemplo, se você for falar de gatos: primeiro fala o que é gato (introdução), depois fala de gato (desenvolvimento), depois fala de rato (contraponto) e finalmente sintetiza (conclusão). Correto?
Só se você for um idiota! Quem disse que o contraponto de gato é rato? Por que não cachorro? Ou leão? Quem deu direitos ao autor de fechar a idéia como se fosse única?
Essa maneira de escrever que consiste em uma hipótese, uma antítese e uma síntese se chama dialética. É um pensamento de uma imbecilidade gigantesca porque exclui o leitor do raciocínio. Essa redação só tem duas utilidades, ser aprovado em vestibulares de universidades públicas, que exigem essa estrutura, e também mentir.
Mentir, sim, porque a dialética supõe que a única verdade é a verdade do todo-poderoso autor, por isso não é mero acaso que os países que seguiram essa forma de pensamento são paupérrimos e com ditaduras sanguinárias.
E qual seria a maneira correta?
Escrever é comunicar de maneira sucinta e a forma de comunicação humana mais resumida que existe é aquela entre pilotos e controladores de vôo porque precisam dividir uma freqüência de rádio única entre diversas aeronaves. A estrutura de comunicação é simples: (1) Que(m) é; (2) De onde vem; (3) Para onde vai e (4) O que quer. “PP-XYZ (quem é) proveniente de São Paulo (de onde) para Curitiba (para onde) solicita instruções de tráfego e pouso (o que quer).” Só.
Para escrever bem, é simples assim: do que se está falando? De onde se tirou isso? Para onde isso está apontando? O que se busca falando isso?
Se parassem de ensinar ideologia nas aulas de redação, talvez o brasileiro médio tivesse mais chances de aprender a escrever. Quem sabe não conseguiríamos ganhar um prêmio Nobel ou nossa sociedade não gerasse um clássico universal do nível de um Cervantes ou Kafka? Não é sintomático que o único gigante incontestável da língua portuguesa, Fernando Pessoa, não seja brasileiro?
Para escrever bem é preciso escrever com a pena, não com a espada.

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Poema: Réquiem do Cheeseburguer

Na mesa fito o meu cheeseburguer
Pedindo a mim uma canção
Uma canção que ele sabe ser de extrema-unção...
Fito aquela maravilha
De olhinhos de ervilha
E de língua de ovo frito
E repito para a mesa uma reza
Na certeza de louvar a criação,
Mas não! Pensamentos me ocorrem:
Será que os cheeseburgueres quando morrem vão pro céu
Ou suas almas perturbadas ficam a vagar ao léu?
Será que os cheeseburgueres reencarnam em outro bar
Prum outro cara como eu que espera o guaraná?
Necessito urgentemente resolver este conflito,
Em desatino ele sente qual vai ser o seu destino,
Pelos olhinhos com mostarda passa toda a vida em frente
E num instante tudo acaba...
Com a mordida dos meus dentes.

quarta-feira, 11 de abril de 2007

Sketch para TV: Guacamole, que rico!


Personagens: Bonozito, com chapéu mexicano e Bronco, com trajes de camponês mexicano.
Cenário: a mesma cozinha bagunçada de sempre...

Bonozito (entrando) – Ai, ai, ai, Bronco!
Bronco (entrando afobado) – Que se passa, Bonozito?
Bonozito – É que me recordei de mi mamazita e me deu una vontade loca de comer um bueno guacamole.
Bronco – Ai, que rico!
Bonozito – Vamos fazer un guacamole!
Bronco – Guacamole? E como se faz isso?
Bonozito (tira um violão gigante, de mariachi, e canta enquanto Bronco mostra os ingredientes) –
Abacate bem no punto,
Um tomate bem picado,
La cebola, bota junto
E coentro misturado.
Bronco – Y el sal y la pimienta?
Bonozito – Tudo junto combinado!
Bronco - Y un poquito de lemon?
Bonozito - Pode ser acrescentado!
Close nas mãos, mostrando os ingredientes já picados sendo colocados e misturados numa tigela.
Bonozito – Abacate bem no punto, um tomate bem picado, la cebola bota junto e coentro misturado.
Bronco – Y el sal y la pimienta?
Bonozito – Tudo junto combinado!
Bronco - Y un poquito de lemon?
Bonozito - Pode ser acrescentado!
Bronco – Vai al fuego?
Bonozito – No!
Bronco – Vai al freezer?
Bonozito – No!
Bronco (erguendo a tigela) – Arriba?
Bnozito – No!
Bronco (baixando a tigela) – Abaixo?
Bonozito – No!
Bronco (oferecendo a tigela a Bonozito)– Al centro?
Close mostra um cestinho de nachos, Bonozito apanha um nacho, mergulha no guacamole.
Bonozito (comendo o nacho com guacamole) – A dentro!
Bronco (comendo nachos com guacamole) – A dentro, muchacho!
Fade out.





Opinião:Empresa é como o Fogo

Uma empresa é como o fogo e como o fogo, uma empresa é composta de quatro fases, a faísca, a chama, a brasa e o borralho.
Como a faísca, precisamos de uma idéia para iniciar uma empresa. Sem um projeto científico, uma técnica, uma patente. Sem uma simples, mas iluminada, idéia, a empresa não existirá. Àquele que faz a idéia, chamaremos de inventor.
Como a chama, precisamos de um calor e de uma luz que fará a idéia expandir. Ao que cria essa expansão, chamaremos de empreendedor.
A brasa, é o resultado da idéia e do empreendimento. O que cuida da brasa se chama administrador.
O calor do borralho é a finalização do fogo, e aquele que desfruta deste conforto se chama empresário ou investidor.
Algumas vezes são a mesma pessoa, mas normalmente, não.
Uma empresa precisa dos quatro elementos. O grande erro dos programas públicos de geração empresarial é que se concentram entre o empreendedor e o administrador, sendo que o ato mais importante para um país é unir o investidor com o inventor.
O que faz queimar, o comburente, é o dinheiro e o que queima, o combustível, é o pensamento. Isso é que faz o fogo empresarial.
Graham Bell teve que montar a Bell Company porque ninguém quis investir no telefone. O inventor do velcro morreu sem ver sua idéia realizada. Os gregos descobriram o avião, a máquina à vapor e o robô mais de dois mil anos antes da nossa civilização. Sem a água e o solo fértil, boas sementes apodrecem ao tempo.
Imaginemos só, quantas idéias geniais não estão perdidas dentre os quase vinte milhões de documentos de patentes guardados na biblioteca do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, simplesmente porque não existe uma linha de comunicação eficiente entre o inventor e o investidor? Quantas curas de doenças? Quantas soluções simples para problemas sérios precisarão esperar por mais quanto? Dois mil anos?
Quando se pensa em fogo, a maioria pensará na luz da chama e no calor da brasa, mas quantos lembrarão das faíscas e do borralho?

terça-feira, 10 de abril de 2007

Política para Crianças: O Mapinguari


“Não qué encontrar um Mapinguari quando estiver sozinho na floresta”, já dizia o vô do meu vô, “pôs ele é a pior das criatura dessa terra disgramada!”
Sabe por que ele dizia isso? Vou explicá. Todo bicho e todo homem tem uma função, o joão-de-barro constrói casinha, a onça caça e até a minhoca faz buraquinho na terra. O Mapinguari, não. Ele só quer sabê de comê, andando por aí, abrindo o bocão e jogando criança lá prá dentro para mastigar com aqueles dente de tubarão. Como ele tem um olho só, ele enxerga mal, e como ele só tem boca, não tem nariz, ele não cheira. Assim, o Mapinguari só pega quem se mexe, não come bicho-preguiça, gente dormindo ou morta.
Ocê tá lá, anuviado, pensando na vida e construindo uma cerca, e de repente vem o Mapinguari e come ocê e a cerca. Sim, ele come coisa também, mas só aquelas coisa que foram fruto de trabaio honesto. Tá plantando mandioca e nhoc, o Mapinguari come toda a sua plantação e se não correr, ele come ocê também. Ainda bem que ele é grande, pesadão e desajeitado, mas o pobrema é que tem cada vez mais por aí e eles tão cada vez maió e com mais fome.
Eles vão ficando grandão porque comem gente que deveria tá construindo coisa útil pro mundo, imagina, todo esse pessoal que é comido fica lá no barrigão do Mapinguari sem fazê nada, mandando os que chegam fazê fila. Tudo isso prá quê? Só pro Mapinguari crescê mais e mais.`
Por isso, quando o Mapinguari aparecer, corre dele! Matar, não adianta porque mata um, surgem dois.

Fotografia: Céu de Curitiba


segunda-feira, 9 de abril de 2007

Sketch para TV: Fritar Um Ovo

Personagens: Monsieur Bonot (com chapéu de cozinheiro e forte sotaque francês) e Bronco (ajudante).
Cozinha suja de farinha e bagunçada: Monsieur Bonot está em cena.

Monsieur Bonot – Bonjour, para vocês em casa, hoje vamos fazer um prato que todo mundo gosta: ovo frito. O ovo frito é muito nutritivo, fácil de fazer e é um ingrediente que não deve faltar em nenhuma cozinha. Bronco, traz o ovo!
Bronco (entrando com um ovo de codorna) – O ovo monsieur Bonot!
Monsieur Bonot – O que é isso, Bronco? Preciso de um ovo maior!
Bronco (fazendo sons de galinha poedeira e tirando um ovo das calças) – Como este, monsieur?
Monsieur Bonot (examinando o ovo com surpresa, cheira) – Ah, bon! O ovo frito tem vários segredinhos. O primeiro é que ele não deve estar gelado para ser frito. Veja bem: precisamos só de poucos ingredientes. Manteiga?
Bronco (tirando uma manteigueira das calças) – Manteiga!
Monsieur Bonot (examinando a manteiga) – Sal?
Bronco (procura nas calças, não acha, então tira o sapato, as meias e retira dali um sachê de sal.) – Sal!
Monsieur Bonot – Gotinhas de óleo?
Bronco (espremendo os cabelos sebosos e pingando óleo na frigideira) – Óleo!
Monsieur Bonot – Veja bem, o óleo é importante para não queimarmos a manteiga, porque um dos segredinhos é manter a frigideira bem quente.
- Ao ligar o fogo, sobe um fogaréu da boca do fogão. Monsieur Bonot, desesperado, tenta assoprar, depois abafar com um pano de prato, depois traz um extintor. Quando aponta o aparelho para o fogão, Bronco que assistia a tudo calmamente, simplesmente desliga o fogão e o fogo cessa.
Monsieur Bonot (tentando aparentar que nada havia acontecido, batendo o ovo em uma tigela) – Ah, bon! Com a frigideira quente, derretemos a manteiga e depois colocamos o ovo. Quando tiver fritado um dos lados, viramos. (joga para cima, como se fosse panqueca. Demora um tempão para descer, então pega um cabo de vassoura e desgruda o ovo do teto e o apanha de novo com a frigideira.)
Monsieur Bonot – E aqui está pronto um delicioso ovo frito. Servido, Bronco?
Bronco – Não, obrigado, Monsieur Bonot, eu trouxe minha marmita de casa.
Bronco abre a pequena marmita de alumínio e tira dali um lauto almoço: um frango assado inteiro, tortas, garrafa de champagne, etc. e senta-se na mesa com Monsieur Bonot que trata de comer o seu ovo com inveja. Monsieur Bonot tenta pegar uma perna do frango, mas é impedido por Bronco que avança em sua mão rosnando como um cachorro.
Fade out.


domingo, 8 de abril de 2007

Design: Um sabonete que eu gostaria de comprar.

Tem uma cavidade na parte superior, de modo que é mais fácil de grudar o sabonete antigo no novo, não ficam sobrando aqueles toquinhos pelo banheiro.
É uma pena que não tem no mercado, tive que escavar um sabonete normal para tirar essa fotografia.

Fabricantes de sabonete, liguem-se!

sábado, 7 de abril de 2007

Política para Crianças: Dr. Bebeto e o Famaleal

Em uma noite de lua cheia, Dr. Bebeto catou o ovo de uma franga preta e enterrou no cemitério atrás da igreja até que apodrecesse. Treze luas depois desenterrou e pôs para chocar dentro de uma garrafa de pinga.
Ali e assim conseguiu seu próprio Famaleal, um diabinho preto, bem pequenino. Era careca, tinha olhos de gato, língua de cobra, barbicha de bode e pés de pato. Já nasceu falando e reconhecendo o seu mestre lá de dentro da garrafa.
Dr. Bebeto havia aprendido os segredos para criar um Famaleal com o seu amigo que vivia lá no norte, o Coronel Hugo, que por sua vez adorava que falassem bem dele próprio e mandava o Homem do Saco levar embora os seus desafetos, mas o diabinho dele tinha nascido na forma de um óleo escuro que brotava em suas terras.
Todos aqueles que criam um Famaleal sabem que ele vai deixá-los ricos, por isso a única pergunta que o diabinho fez era como ele queria receber essa riqueza. Dr. Bebeto pensou, pensou e demorou muito para decidir.
Como homem que amava a família, ele não queria que o seu demoniozinho ficasse só para si, emprestou para os seus irmãos, primos e muitos parentes, de modo que todos ficaram ricos também.
Este é um final feliz? Não.
Como em todos os monstrinhos, existe aí uma pegadinha. Quando um Famaleal traz riqueza para um, ele tira de outro. Famaleais são diabinhos maus. Dessa maneira, quando toda a família do Dr. Bebeto enriqueceu, as outras famílias da região ficaram muito, muito pobres e têm sofrido muito desde então.Por isso, criança, se um dia você tiver um demoniozinho dentro de uma garrafa, pense também em quem você não está vendo. Ajude o próximo, mas nem tão próximo assim.

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Opinião: “Só existe uma maneira de abrir uma porta, é caminhar até ela e abri-la.”

Não creio que seja despropositado comparar os novos liberais que se tornaram famosos com a Internet com os liberais brasileiros do passado, pois eles têm algo de Roberto Campos, Paulo Francis ou Carlos Lacerda e talvez esse algo seja a influência direta para muitos deles.
O que diferencia esse grupo que pensa de forma clara e objetiva nos problemas nacionais dos liberais norte-americanos? Por que suas idéias não têm conseguido penetrar com intensidade nos corações e mentes do povo brasileiro se falam de forma tão sensata?
A resposta é simples. Pelo mesmo motivo que temos literatos às pencas e nenhum Dante ou Nabokov. Temos um povo criativo e não depositamos tantas patentes como deveríamos, um subsolo riquíssimo e praticamente inexplorado. Nunca recebemos um prêmio Nobel. Não conseguimos uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, enfim, somos um fracasso como povo, com pouquíssimas grandes contribuições para a humanidade.
Nós somos o que fazemos e não o que pensamos ou falamos.
Lincoln patenteou um sistema de desatolar barcos e faliu duas vezes no comércio. Franklin fazia pesquisas com eletricidade e Jefferson desfilava contra todos os preconceitos com uma amante negra e ex-escrava. Se os “pais fundadores” tivessem sido apenas homens de boa verve, os Estados Unidos nunca teriam sido a nação mais rica do mundo. Acontece que enquanto falávamos na união entre os povos, os americanos inventaram um protocolo que permite a comunicação entre computadores, criando a Internet. Enquanto discutimos os privilégios das empresas de telefonia, os suecos inventam o Skype. Enquanto nos vangloriamos de como o povo brasileiro é criativo, ingleses e japoneses depositam patentes às pencas. Ao Brasil falta a noção de que o cosmos é um local de prática e não de palavras, só isso.
Aos liberais brasileiros, eu teria simples perguntas que me fariam respeitá-los: quantos pais e mães de família vocês empregam nas suas empresas? Quantas patentes depositaram? Quantos livros publicaram sem usar incentivos fiscais?
E o principal: que tal formarmos um partido político que não use dinheiro público? Podem formar que eu quero me filiar!
Além de falar, será que nossos liberais têm feito algo para melhorar o mundo que nos cerca de maneira alinhada com suas teorias? Por exemplo, no panorama crítico brasileiro, Antônio Ermínio pode nem escrever tão espetacularmente assim, mas todo mundo, inclusive a dita esquerda, o respeita, pois ele não fala só sobre idéias vagas. Nesse ponto de vista, ele é o grande pensador liberal brasileiro, pois tem por trás uma ação vivencial para confirmar suas palavras.
Por tudo isso, tenho um certo medo que na crítica liberal esteja surgindo mais uma geração-tambor, nas palavras do Barão de Itararé, que faça muito barulho, mas que seja vazia por dentro.

quinta-feira, 5 de abril de 2007

Sonho: Metalinguagem

Abro os olhos e percebo que uma bolinha de papel alumínio deixada entre o colchão e a cabeceira da cama está se movendo.
Será que é um inseto que está embaixo dela? Talvez uma pequena e perigosa aranha-marrom, tão comum em minha região. Resolvo me levantar e acender a luz para ver melhor.
Quando chego ao interruptor, percebo que não me levantei na verdade, continuo dormindo.
Tento de novo, me levanto de novo e vou até o interruptor da parede (Será que no mundo dos sonhos, eu estaria condenado para toda a eternidade nessa espécie de “loop” onírico?).
Foi quando acordei de verdade. Eu ainda estava deitado e não havia sequer papel alumínio sobre a minha cama, mesmo porque não costumo dormir com lixo.
Hoje, eu sonhei que estava sonhando. Foi um sonho metalinguístico.

quarta-feira, 4 de abril de 2007

terça-feira, 3 de abril de 2007

Opinião: O Mercador de Veneza Contra Deus e Contra o Estado Leviatã

Shakespeare viveu quase duzentos anos antes que a onda liberal tomasse conta da Europa, mas n`O Mercador de Veneza fala de como nem todos os contratos firmados livremente entre as partes podem ser cumpridos. Na peça, um banqueiro exige uma libra de carne do corpo do devedor como garantia de pagamento da dívida.
Ao mesmo tempo, a idéia comunista de que o Estado deva ser o controlador das riquezas é totalmente infundada, pois qualquer pessoa de mínima compreensão das coisas irá perceber que o Estado não gera riqueza, portanto este é o culto à pobreza e à desgraça, como de fato acontece nos países comunistas e populistas.
Num terceiro vértice do triângulo, é totalmente alucinada a idéia de um estado teocrático que defenda os valores de uma religião em detrimento de todas as outras. Os estados do “deus-dará” já foram tentados e tampouco funcionaram devido à falta de liberdade.
Os liberais, os conservadores e os comunistas dependem uns dos outros para existir, porque nenhuma das compreensões de mundo se esgota em si, todas têm problemas intrínsecos.
O mais engraçado é que todos os extremistas se odeiam. Os comunistas chamam de direita retrógrada tanto os teocratas quanto os liberais. Os liberais por sua vez, dizem que os comunas sanguessugas do Estado andam de mãos dadas com os que chamam de papa-hóstias. Por fim, os conservadores colocam no mesmo saco os comunistas comedores de criancinhas com os liberais defensores da Lei da Selva.
E qual das três é a concepção ideal de sociedade, que traz mais felicidade aos seus povos?
Nenhuma delas.

É a honestidade.
O problema de um Estado-monstro é que as pessoas querem extorquir esse estado. O problema do liberalismo é que as pessoas exigem demais pelo seu dinheiro e o ideal de recompensar pelo empenho, engenho e suor deixa de existir. Os conservadores pecam em pensar que Deus é único e, além disso, seu, particular.
Os países que prosperaram, uns mais carolas, outros mais mercantilistas, outros mais socialistas foram para frente porque os povos são honestos, só por isso.
Portanto, é má idéia ensinar ideologia as nossas crianças. Precisamos é ensinar Moral e Civismo, matéria excluída do currículo das escolas brasileiras. Enquanto continuarmos sendo um país que valoriza a ideologia ao invés da retidão de caráter, continuaremos vivendo nessa m... mistura de opiniões.

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Poema: A Paixão

Será que a paixão é um momento,
Só chuva correndo na calha,
Não mais que rajada de vento,
Não mais que um fogo de palha?

Será que a paixão é um instante
No raiar da minha madrugada,
Que mesmo fátuo, fugaz, inconstante,
Se impõe para que luz me invada?

Será que o que eu sinto é sólido,
É a visão de um dólmen de aço,
Ou será que apanhou-me esse bólido
E vai-se ir, deixando-me em pedaços?

domingo, 1 de abril de 2007

Idéia de Negócio: Vaporizador de Exterior

Nos bares de Key West, extremo sul dos Estados Unidos, o calor extremo faz com que os bares ao ar livre busquem uma solução extrema para tornar o ambiente mais agradável: vaporizar água no ar.
Tenho o palpite razoável de que uma fábrica de vaporizadores de água para ambientes externos por aqui seria um excelente negócio.