sexta-feira, 6 de abril de 2007

Opinião: “Só existe uma maneira de abrir uma porta, é caminhar até ela e abri-la.”

Não creio que seja despropositado comparar os novos liberais que se tornaram famosos com a Internet com os liberais brasileiros do passado, pois eles têm algo de Roberto Campos, Paulo Francis ou Carlos Lacerda e talvez esse algo seja a influência direta para muitos deles.
O que diferencia esse grupo que pensa de forma clara e objetiva nos problemas nacionais dos liberais norte-americanos? Por que suas idéias não têm conseguido penetrar com intensidade nos corações e mentes do povo brasileiro se falam de forma tão sensata?
A resposta é simples. Pelo mesmo motivo que temos literatos às pencas e nenhum Dante ou Nabokov. Temos um povo criativo e não depositamos tantas patentes como deveríamos, um subsolo riquíssimo e praticamente inexplorado. Nunca recebemos um prêmio Nobel. Não conseguimos uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU, enfim, somos um fracasso como povo, com pouquíssimas grandes contribuições para a humanidade.
Nós somos o que fazemos e não o que pensamos ou falamos.
Lincoln patenteou um sistema de desatolar barcos e faliu duas vezes no comércio. Franklin fazia pesquisas com eletricidade e Jefferson desfilava contra todos os preconceitos com uma amante negra e ex-escrava. Se os “pais fundadores” tivessem sido apenas homens de boa verve, os Estados Unidos nunca teriam sido a nação mais rica do mundo. Acontece que enquanto falávamos na união entre os povos, os americanos inventaram um protocolo que permite a comunicação entre computadores, criando a Internet. Enquanto discutimos os privilégios das empresas de telefonia, os suecos inventam o Skype. Enquanto nos vangloriamos de como o povo brasileiro é criativo, ingleses e japoneses depositam patentes às pencas. Ao Brasil falta a noção de que o cosmos é um local de prática e não de palavras, só isso.
Aos liberais brasileiros, eu teria simples perguntas que me fariam respeitá-los: quantos pais e mães de família vocês empregam nas suas empresas? Quantas patentes depositaram? Quantos livros publicaram sem usar incentivos fiscais?
E o principal: que tal formarmos um partido político que não use dinheiro público? Podem formar que eu quero me filiar!
Além de falar, será que nossos liberais têm feito algo para melhorar o mundo que nos cerca de maneira alinhada com suas teorias? Por exemplo, no panorama crítico brasileiro, Antônio Ermínio pode nem escrever tão espetacularmente assim, mas todo mundo, inclusive a dita esquerda, o respeita, pois ele não fala só sobre idéias vagas. Nesse ponto de vista, ele é o grande pensador liberal brasileiro, pois tem por trás uma ação vivencial para confirmar suas palavras.
Por tudo isso, tenho um certo medo que na crítica liberal esteja surgindo mais uma geração-tambor, nas palavras do Barão de Itararé, que faça muito barulho, mas que seja vazia por dentro.