domingo, 25 de janeiro de 2009

Embalagens de Pneus

Hoje eu estava assistindo em um canal público de TV uma daquelas intermináveis e infrutíferas discussões de como controlar os crimes de Internet. Gosto de assistir, pois sempre rio por dentro nesses programas de humor “non sense”.
“É consenso que precisamos fazer alguma coisa.”, dizia um dos participantes.
Consenso entre quem? Fazer o quê e como?
Quando iniciou a indústria de pneus, discutiu-se muito qual deveria ser a embalagem ideal do produto: sacos? Caixas? Vender em unidade, em quatro? No final das contas, chegou-se à conclusão que a atitude ideal era a de não se fazer nada. Hoje nos parece absurdo criar uma embalagem para pneus, mas à época, não.
Controlar a Internet como na China? Não. Todos são unânimes. A constituição brasileira garante a liberdade de expressão, todos concordam. E proíbe também o anonimato e isso, para o meu espanto, todos também concordam!
Fico imaginando aquelas anedotas de delegacia dos tempos da ditadura:
- “Dotô Delegado!”, fala o escrivão, “Temos um crime praticado por um anônimo!”.
- “Então prende esse tal de Anônimo e vamu batê nele até confessá!”
- “Mas Dotô, o senhor não entendeu, é anônimo.”
- “Pode sê Anônimo, sindicalista, deputado e até bispo! Na minha delegacia a gente trata todo mundo igual!”...
Até hoje, não entendi o artigo 5º/ IV da constituição. Alguém tem idéia de como pode ser vedado o anonimato? Para quem quiser praticar crimes “on line”, basta ir a um ciber café, tomando o cuidado de verificar se não existem câmeras no local, e mandar ver. Ou estacionar o carro em frente a um shopping e acessar a rede wi-fi do estabelecimento com um laptop. Ou baixar programas de anonimato, como o “Anonimyzer” e outros. Ser anônimo é a coisa mais fácil que existe e tentar combater esse fato é apenas jogar dinheiro público pelo ralo, pois, mantendo a liberdade de expressão, é impossível.
E os golpes cometidos pela Internet por bandidos sem face? E as barbáries cometidas pelos pedófilos?
Bem, o primeiro caso combate-se, desculpem-me ser chato, mas volto sempre ao assunto, acabando com o anonimato do dinheiro, conforme sempre defendo aqui. Se acabássemos com o dinheiro “cash”, terminariam os negócios ilícitos, simples.
Quanto aos pedófilos, mudar a maioridade para 15 anos, como na Dinamarca, já reduziria o problema pela metade. A idade mínima para os direitos políticos corresponde à bíblica proposição do fruto do bem e do mal. Será que para entender o que é um crime e para manter relações sexuais, 15 anos não seria já o suficiente? Para comer da Maçã do Pecado ou para receber o Fogo de Prometeu, não é preciso infantilizar tanto assim a população.
Aliás, há pouco mais de um século, as pessoas casavam-se até aos 12, 10 anos, pois esperavam morrer aos trinta e poucos. Proibir uma criança do acesso à pornografia é coisa nova também: nos castelos medievais não havia corredores e as pessoas praticavam sexo em qualquer lugar, às vistas de todos que por ali passavam, inclusive menores, e não constam nos apontamentos históricos crianças traumatizadas por esse fato. Na história da humanidade, os regulamentos de continência sexuais só apareceram na Inglaterra vitoriana para lidar com dois fatores novos, a era da produção industrial e o controle do crescimento populacional, como um dos fatores para o aumento de riqueza.
Usando a expressão de Michel Foucault, “nós, os moralistas”, precisamos aprender a fazer essa distinção. O comércio ilegal, inclusive o de fotos de crianças, pode ser combatido com uma simples mudança na Casa da Moeda, acabar com o dinheiro “cash”. Claro que para isso, basta convencer alguns juízes que são donos de prostíbulos, alguns deputados traficantes de drogas e algum ministro corrupto, que ditam a administração do planeta, a implantar tal sistema, o que não é tarefa fácil, mas é a única ação que teria efetividade nesse campo.
O outro problema, em parte, talvez não seja um problema real, mas criado por nós mesmos. Talvez tenhamos passado a infantilizar as nossas crianças além do tempo necessário.
Pode ser que as questões não sejam a liberdade de expressão, os métodos de controle ou a ineficácia governamental, mas a displicência dos pais e educadores em verificar o que as crianças em tenra idade acessam ou com quem conversam. Infelizmente, o Estado não tem condições de cumprir um papel que é de responsabilidade familiar. Intrasferível.
Por isso, tentar regular a Internet é como tentar solucionar o problema da embalagem dos pneus, ou seja, o melhor a fazer, é nada.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Nunca Houve uma Guerra entre Duas Democracias

Poucos meses após o término da Guerra das Malvinas, fui acampar em Posadas, na Argentina e, às margens do Rio Paraná, fiz amizade com o salva-vidas que havia sido sargento durante a guerra.
Estando eu naquela idade em que a psicologia ainda não conseguiu definir exatamente entre juventude airada e retardo mental, conversando sobre a experiência recente do argentino, lá pelas tantas perguntei para ele: “y entonces, usted ha matado muchos gurkas?”. Ele me olhou com cara feia e ficou quieto, mudando de assunto.
Naquele momento, percebi que, apesar de termos quase a mesma idade, ele já era um homem vivido e eu, um pirralho. Eu ainda estava naquela fase de acreditar que existia uma solidariedade sul-americana e que os mais fracos estão sempre com a razão.
Acontece que não era só eu, esse era o zeitgeist. Os jornais da época incentivavam essa visão de que a Argentina, por ser próxima, teria o “direito natural” às Malvinas e que a guerra era a opção natural. Aliás, até hoje em dia, se vê placas pelas rodovias de lá: “Malvinas son Argentinas”.
O fato histórico é que o Galtieri, um ditadorzinho de republiqueta, resolveu fazer uma bravata contra um dos países militarmente mais fortes do mundo. É possível que tenha sido a guerra mais quixotesca da história: curta, sanguinolenta, de precisão cirúrgica e extremamente estúpida. A Argentina era um rato rugindo.
Uma das maiores mentiras que as nossas esquerdas nos impingem é a de que guerras são causadas por motivos econômicos. Se fosse assim, já teriam ocorrido guerras entre duas democracias, pois os interesses econômicos valem para todos os países, mas isso não aconteceu em mais de duzentos anos da existência dos estados democráticos modernos.
A França e a Inglaterra eram inimigos históricos, quando eram dominados por autocracias ditatoriais. Deixaram de ser. O mesmo ocorreu entre a França e a Alemanha, guerreavam porque a Alemanha era uma ditadura. A Coréia do Norte é uma ditadura até hoje. O Vietnam estava sendo transformado em uma ditadura. Muitos países africanos. O Iraque e o Afeganistão...
O Brasil tinha medo de entrar em guerra com a Argentina quando éramos duas ditaduras, agora temos medo de entrar em guerra com a Venezuela. Por que o perigo se mudou do sul para o norte? Simples, porque mudou a ditadura de local!
Guerras são provocadas pelos governos. Povos têm governos que merecem.
E, também outro fato histórico, os intelectuais das respectivas épocas que sempre se auto-proclamaram pacifistas, foram metodicamente contra as democracias e a favor dos regimes ditatoriais. Na Inglaterra, a eugenia de Hitler foi aclamada por intelectuais do porte de Bernard Shaw e H.G. Wells. Nos Estados Unidos, milionários como Rockfeller financiavam ações eugenistas. Até por aqui, o “santo” comunista Jorge Amado foi colaborador nazista durante a guerra, verdade escamoteada pelos nossos esquerdinhas de plantão.
Sendo assim, fico incomodado quando me dizem que a causa da guerra na Palestina é para a família Bush desovar estoques de armas. Ou porque os judeus americanos mandam milhões para Israel promover um genocídio. Fico incomodado por uma imprensa que afirma que os palestinos só disparam mísseis caseiros (a existência de um míssel não pressupõe uma indústria – e um comércio – bélico?), quando se critica as ações desproporcionais de Israel (existe uma guerra bem proporcionada?), quando confundem israelenses com judeus, num nítido racismo, mas não confundem palestinos com muçulmanos, numa nítida atitude tendenciosa. Fico incomodado quando ditadores como Chavez, os irmãos Castro e Almadinejah se alinham com a causa palestina e ninguém levanta a voz para lembrar que eles são inimigos da liberdade.
Fico incomodado com uma imprensa que afirma que Israel joga armas de alta tecnologia contra crianças de estilingue e que tenta negar que não existem crianças-bomba. Durante a Segunda-Guerra, os nazistas treinaram cachorros para comer linguiças embaixo de tanques e os encheram de explosivos quando chegaram as tropas russas. Dessa maneira, os russos eram obrigados a disparar contra todos os cães que viam pelas ruas, pois eram um potencial torpedo. Criando crianças-bomba, os palestinos estão dando aos seus filhos a mesma consideração que os nazistas davam a seus cachorros, mas disso ninguém fala.
A verdade histórica continua valendo. Guerras são causadas por ditadores fazendo bravatas à la General Galtieri. Israel é uma democracia cercada por um mar de ditaduras. O fim da guerra não se dará com o cessar-fogo, mas apenas quando o conceito de regime do povo, pelo povo e para o povo for incorporado nesses países, o que certamente durará séculos para acontecer.
No entanto, para Israel é uma guerra já vencida, pois temos um último fato que nos consola: historicamente, as democracias sempre vencem!

domingo, 11 de janeiro de 2009

O Supercego

Com a visão de raios-X, Super-Homem vê tudo,
Mas vê tudo tão profundamente
Que vê além de tudo o que vê.
O Super-Homem vê além das paredes,
Vê além da metrópole,
Vê além das estrelas...

Ele nada vê porque vê sempre além!
Ele ronda a cidade em vôos cegos!
Ele ronda a cidade em vôos cegos!

"Tremei! o Homem de Aço chegou!"
A visão de raios X não passa o aço,
O aço não passa, não,
Mas o Super-Homem não se pode ver:
Derreter-se-ia com a visão de calor.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Os Cânones Ocidentais

Nesses tempos de relativismo cultural, devemos valorizar os nossos valores mais básicos. Por esse motivo, criei signos para que nós, ocidentais, possamos nos guiar e inspirar, de modo a nunca esquecer aquilo que temos de mais fundamental.
Uma imagem icônica vale mil palavras, um indício, mil ícones e um símbolo vale mil indícios. A civilização ocidental é ampla, por isso é tão difícil representá-la por um único signo, de modo que as idéias de Lutero, Montesquieu, Descartes e dos enciclopedistas, nossas bases, não se encerram dentro de si mesmas, devendo ser vistas de forma ampla, ilustrando todas as nossas atitudes e consequências que dali advieram.

O símbolo que inicia a série representa uma pequena moeda se transformando em uma grande moeda e serve para nos lembrar que a primeira conquista do Ocidente e que derrubou a ignorância da Idade Média foi a idéia que o tempo é dinheiro. Os empréstimos a juros criaram sociedades prósperas, uma vez que financiaram grandes idéias e descobertas, sendo por isso básicos na simbologia de nossa civilização.
Uma consequência desta aquisição civilizatória é a de que os negócios devem ser tratados com honestidade... sim, apesar de isso soar estranho para nós, brasileiros, um dos grandes valores ocidentais é o da honestidade, sendo os países capitalistas mais prósperos aqueles em que as pessoas tratam seus assuntos de forma mais correta. Assim sendo, este logo representa também este valor.

O segundo signo, um tridente de três pontas unidas, representa a arma dos cidadãos contra a opressão do Estado, os três poderes da república. Tem a função de nos lembrar que, mesmo com todos os entraves, a democracia ainda é o único valor que temos para lutar contra a opressão e por isso não devemos nunca esquecer do seu poder imenso.

O terceiro ícone do Ocidente, representa as coordenadas cartesianas. Lembra-nos que devemos sempre combater a ignorância do misticismo e da superstição através de um método que busque uma verdade aceita por todos que acompanhem um raciocínio lógico e metódico. Esta é a logo da razão. O último símbolo nos lembra dos valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Ao contrário da bandeira da França que coloca as três idéias de igual força apenas diferenciadas por cores, a atual jurisprudência internacional defende, através dos direitos de primeira, segunda e terceira gerações, que existe uma hierarquia entre esses tópicos: não existe fraternidade sem igualdade de oportunidades e nem igualdade sem liberdade. Por isso, representei-as por uma escada descendente da esquerda para a direita (como a nossa leitura ocidental): Liberdade como um valor mais alto, seguido da igualdade e da fraternidade, pois muitas vezes as pessoas fingem esquecer deste fato e sacrificam a liberdade em nome da igualdade.

Ainda que muitas vezes esqueçamos, os nossos valores civilizatórios devem ser respeitados de forma intransigente, quase que sagrada, pois representam aquilo que temos de mais profundo, nos levaram ao domínio econômico, político e cultural do mundo e foram frutos de conquistas árduas e sangrentas.
Sendo assim, torno aqui esses signos de livre copyright, autorizando a reprodução e a divulgação para qualquer finalidade a que se destinem.

sábado, 3 de janeiro de 2009

Apresentação no SlideShare

Publiquei no Slideshare uma apresentação sobre Dinheiro Eletrônico, tema já conhecido dos frequentadores deste blog e que pode ser conferido CLICANDO AQUI ou na figura acima.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Balão