segunda-feira, 26 de maio de 2008

Aristóteles: Game Over

Certas vezes fico pensando na falta que os grandes autores fazem no ensino brasileiro, pois em troca de Shakespeares e Dantes, aprendemos no colégio uma penca de autores nacionais cujas maiores obras que os tornaram notórios foi o preenchimento de ficha do Partido Comunista, alguns até nazistas notórios que viraram a casaca após a derrocada de Hitler.
No século terceiro antes de Cristo já se falava na violência provocada pelas peças de teatro. Será que as tragédias não seriam detonadoras do caos social? Afinal, será que assistir Édipo Rei não faria com que os espectadores quisessem dormir com a mãe e assassinar o pai? Aristóteles deu a resposta a essa questão na sua Poética: a função do teatro é justamente provocar a catarse das emoções, de modo que os espectadores percebam as conseqüências e não ousem praticá-las na vida real.
Pulando 2300 anos: será que os videogames violentos provocam violência?
Claro que não! São jogos catárticos. Não só não provocam, como também evitam, justamente para isso é que existe a ficção, para sanar a sociedade do lado destrutivo do ser humano.
Além disso, como proibir os games violentos, se qualquer adolescente pode baixar pela Internet? Não parece uma proibição que serve apenas para tirar a polícia de suas funções e conseqüentemente onerar ainda mais o contribuinte? Uma coisa que volta e meia me vem à cabeça é uma entrevista de Cora Ronai no Jô Soares, bem no início da Internet em que ela falava que as pessoas ainda não haviam percebido que os computadores criaram a primeira forma de comunicação sem censura da humanidade, mesmo que tentássemos, não poderíamos controlá-los. Quase quinze anos depois que assisti essa entrevista, as pessoas ainda tentam domar o impossível, colocar rédeas na Web. Seria cômico, se não fosse trágico.
Agora, cabe a pergunta. E os jornais noturnos que ensinam aos bandidos de todo o país o know how de como arrastar criancinhas pelas ruas e queimar vivos os passageiros de um ônibus, será que têm ação catártica ou são uma verdadeira escola para os criminosos? Se positivo, então por que alguns dos nossos juristas que adoram uma censurinha, não proibem?
Por incrível que pareça, os melhores telejornais são aqueles que os intelectuais torcem o nariz, aqueles de baixaria que espirram sangue pelo vídeo. A mensagem que passam é de que lugar de bandido é na cadeia, polícia é mocinho e a todo crime corresponde um castigo.
Será que o relativismo cultural que prega que índio tem direito de dar facadas em homem branco que lhe roubou as terras no ano de 1500 e que ladrão é apenas uma vítima de uma sociedade injusta é positivo para a sociedade? Onde está a verdadeira violência nas telecomunicações?
Dessa maneira, essa discussão sobre os games violentos é, além de infrutífera, já página virada no pensamento ocidental.
É uma pena que poucos saibam que a resposta para tal questão foi dada há 23 séculos.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Projetos Manhattans ou Por Que as Coisas Não Acontecem?

Durante a Segunda Guerra, o governo americano reuniu os melhores cientistas e todo o capital necessário para um esforço único na história: ser o primeiro país a construir a bomba atômica. Foi o chamado Projeto Manhattan.
Para algumas coisas eu me pergunto porque não existem mais projetos Manhattans. Por que os governos não disponibilizam cérebros e valores para a resolução de problemas cruciais?
Encontro três explicações: inércia cultural, teorias da conspiração e ninguém ganha nada com um mundo melhor.
Um exemplo é o fim do dinheiro “cash”, que eu já defendi largamente por aqui no blog. Por que não existe um esforço público para isso, já que traria inúmeros benefícios? Por experiência, percebo que a maior parte das pessoas não acredita que isso seja possível (a bomba atômica também não era!). Esse assunto é um exemplo de inércia cultural.
E o imposto único? Por que ninguém levanta essa bandeira seriamente? Afinal não ficaria mais fácil de controlar e com muito menos burocracia e corrupção? Não. Não acontece por que ninguém nos nossos sucessivos governos ganharia com isso, simples. O país ganharia, mas não aqueles que detém o poder político no Brasil.
E para os engarrafamentos, qual seria a solução? Uma a longo prazo, controlar o crescimento populacional. Não funciona porque as instituições que não querem isso, com especial destaque para a Igreja, auferem enormes lucros com grandes massas populacionais empobrecidas. Ao mesmo tempo, muitos economistas pensam que o capitalismo funciona como uma daquelas correntes da felicidade, isto é, só funciona enquanto estiver crescendo, portanto parar o crescimento parece ser complicado para eles. No entanto, quem conseguiu isso? A China, lembremos bem, o maior tubarão capitalista do mundo atual. Que dá certo, dá.
Solução para os engarrafamentos no médio prazo: construir viadutos. Basta dar uma volta por sua cidade que você perceberá que os semáforos funcionam como represas para o tráfego. O tráfego só embola porque se permite estacionar nas vias públicas e se trava o fluxo de veículos com intermináveis luzes vermelhas. Basta dirigir as três da manhã para perceber que não existe “onda verde” nas nossas cidades, vai-se parando de quadra em quadra. Como já disse aqui, o transporte público não é solução, mesmo porque é extremamente injusto que alguns andem de carro e outros apertados em ônibus e metrôs. Caro brasileiro, há quanto tempo você não vê a prefeitura construir um viaduto em sua cidade? Uns trinta anos, certo? Esse fato, eu já vejo com uma boa teoria da conspiração: governantes querem os votos dos mais pobres, por isso promovem tal demagogia do transporte público.
E as queimadas nas fazendas do país inteiro? Não bastaria que o INPE tirasse uma daquelas fotos de satélite das queimadas de que tanto se vangloriam e mandasse uma multinha bem salgadinha para o fazendeiro, como ocorre com as multas de trânsito? Será que alguém iria ousar queimar uma só árvore com um Big Brother ecológico sempre atento? A explicação parece ser uma teoria da conspiração também: os sucessivos governos do Estado brasileiro, apesar do discurso contrário para apaziguar os xiitas ambientalistas europeus, na verdade querem aumentar as áreas de plantio. A destruição das nossas matas não se dá por descontrole, conforme apregoado, mas por método.
E a fome zero? Por que não plantar árvores frutíferas nos parques e laterais de estradas? Não parece tampouco haver um interesse no país em acabar definitivamente com a fome. Diga-se de passagem, eu faço isso, guardo todas as sementes das frutas que como e jogo por aí, acredito ser uma forma bem positiva de desobediência civil. Se acabasse a fome, quem ganharia, além do povo?
Projetos Manhattans, onde estão? Soluções existem, por que não se mudam paradigmas?
Ninguém ganharia com isso! Não é da nossa cultura! Mentes diabólicas planejam nossa destruição! Alguém encontra explicações melhores?