quarta-feira, 18 de abril de 2007

A Luta de Classes

No programa Big Brother 7 havia um loiro chamado Alemão e um negro chamado Negão. Por essas terras chamar um descendente de italianos de “carcamano” (aquele que “carca” a mão na balança para pesar mais, portanto ladrão) não é ofensa, como não o é tampouco ser chamado de mulato, palavra relacionada com mula. Judiaria (coisa de judeu) é ainda uma palavra usual. Ser japa é simpático. Ninguém vê essas referências raciais como ofensivas, muito pelo contrário.
Ao mesmo tempo, um juiz do supremo tribunal tem um padrão de consumo muito superior ao de muitos fazendeiros que lutam para pagar as prestações das suas colheitadeiras, no entanto o proprietário de terras é visto como rico capitalista explorador dos pobres e o funcionário público como trabalhador esforçado.
A região sul reclama de ter as suas riquezas expropriadas enquanto o nordeste reclama por não receber incentivo para o seu crescimento.
Por que os sucessivos governos do Brasil tentam criar conflitos que não existem? O sul e sudeste lutam contra o nordeste? Negros lutam contra brancos? Ricos proprietários lutam contra pobres trabalhadores? Será isso verdade?
Essas guerras de categorias foram inventadas como cortina de fumaça para a verdadeira luta de classes que é aquela entre os que produzem riqueza e os que parasitam a riqueza alheia. No Brasil, isso é muito claro e essa guerra se dá entre o poder público e a iniciativa privada. O Estado cria a ilusão de que é o responsável por deter os conflitos de categorias no país, quando na verdade é o principal agente das desigualdades.
O Estado brasileiro age como um verdadeiro mafioso quando impõe aos seus protegidos que paguem tributos para ele ou sofram as conseqüências funestas. E esses tributos não retornam na forma de benefícios significativos, servem só para alimentar a máquina pública que quer crescer cada vez mais, sem falarmos nos corruptos, que é mais uma deturpação dessa luta de classes. No Brasil 90% dos que estão na iniciativa privada sustentam os outros 10% que dominam o poder público. Esse é o verdadeiro conflito nacional.
Portanto, antes de falarmos de igualdades racial, regional ou de riqueza, precisamos antes falar em igualdade produtiva. Seria justo aquele que produz riqueza ser parasitado pelos que só se aproveitam dela?

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