quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Jogos Elétricos

Vi no jornal que as Lan Houses são o maior sucesso no verão do litoral. Existe até lista de espera para usar os computadores. Uma coisa que a nova geração não viveu foi o tempo em que não existiam jogos eletrônicos, apenas jogos elétricos, os chamados fliperamas, que também eram um sucesso na praia.
Quando criança, eu ia para Tramandaí, no Rio Grande do Sul e,sempre que conseguia descolar alguns trocados, corria para as máquinas. Eram grandes, barulhentas, vivam engolindo as fichas, mas eram sensacionais.
Eu gostava muito do submarino. Era um maquinão, com um telescópio de submarino como nos filmes, em que se colocava a ficha e começavam a passar navios inimigos no horizonte. Ao apertar um botão, disparava-se um torpedo. Se afundassem navios suficientes, se ganhava tempo extra. Depois de uma certa cota, se ganhava mais uma ficha. O legal é que nada era eletrônico, tudo era físico mesmo. Haviam navios de verdade, isto é, de plástico mesmo, passando no fundo da máquina. Quando o torpedo acertava o navio, ele se curvava e sumia pela borda do mar.
Tinha também uma máquina de aviões acrobáticos, em que se tinha de passar por uns arcos, no mesmo esquema dos submarinos. E tinha o cowboy, na qual apareciam os bandidos na frente e com um revólver, precisava-se matar. E tinha o carrinho de corrida, sempre de plástico, em que uma pista corria abaixo dele com os adversários desenhados nela. Se batesse em um dos adversários, perdia-se pontos. Em outras palavras, dá prá imaginar todos os games que existem hoje em dia, feitos de forma física, 3D, com roldanas e motores ao invés de bits e TVs?
E o futebol, como era? Eram onze bonequinhos em cada lado, correndo em vinte e duas pistas pelo campo, empurrando a bola. Dez alavanquinhas de cada lado e mais uma para o goleiro. Ao empurrar a alavanca, o bonequinho corria para frente ou para trás. Havia um jogo de vôlei, no mesmo esquema, uma mesa com um vidro por cima e um monte de buracos. Ao apertar os botões, a bola ia saltando até o campo do adversário.
Para os mais crescidinhos, o melhor era o pinball. Não eram cheios de luzes, com placares eletrônicos. Os números da contagem de pontos apareciam rolando em contadores elétricos. Tudo era feito com molas e relés que faziam um barulho desgraçado. Ao meu ver, eram muito mais divertidas do que as máquinas atuais, de visual pasteurizado.
Os últimos remanescentes dos jogos elétricos são os autoramas. Esses dias, levei o meu sobrinho em um deles e constatei uma coisa terrível: autorama não cai mais da pista. Basta acelerar o máximo e correr com o carrinho. Perdeu a graça da competição. Antes, se tinha que dosar a aceleração, havia pilotagem, hoje não, ganha o com motor mais potente, só isso.
Só sei que competir com as máquinas está perdendo a graça. Será que querem fazer com que não existam mais vencedores e derrotados até no autorama? Sei, não, parece ser coisa do PT...

Um comentário:

Anônimo disse...

Sou estudante de Ciências da Computação e sou amante de tecnologia. Vc deve concordar comigo que esses jogos virtuais não preenchem completamente a verdadeira sensação do físico! Embora seja caro, imagine-se derrotando inimigos de verdade! Mesmo que sejam apenas legos robotizados.... Ter como criar uma arena de competição no meio do jardim ou no meio da sala de estar!!
Ao terminar minha faculdade, pretendo juntar as técnicas de programação com dispositivos elétricos. Seria uma baita diversão!
Adorei o post!
Abraço
Theo B (theodrums@gmail.com)