segunda-feira, 21 de abril de 2008

Até o Fim do Mundo

Salvador Dali falava em uma de suas entrevistas que existe uma deturpação no conhecimento humano, pois a busca última da ciência é descobrir a cura do envelhecimento e da morte, esse seria o grande sentido da vida, justamente um assunto-tabu, que é praticamente ignorado pelos cientistas ditos sérios.
Eu acrescentaria mais uma questão a ser levantada no quesito de busca última da ciência.
Um filme do diretor alemão Win Wenders que pouca gente viu, mas nem por isso deixa de ser uma de suas muitas obras primas é o “Até o Fim do Mundo”. Nessa película, o personagem de William Hurt procura pelo pai desaparecido, um cientista que descobriu uma máquina interessante: um gravador que reproduzia sonhos em vídeo.
Imaginemos que sensacional! Ao acordar, colocaríamos um “pen drive” no computador e poderíamos assistir em detalhes todos os momentos que vivemos enquanto dormíamos...
Falo que isso seria uma das questões últimas da existência, pois é das necessidades mais flagrantes do ser humano. Desde os tempos ancestrais, os xamãs das tribos mais primitivas tentam entrar em contato com esse “mundo dos espíritos” existente em cada um de nós.
Também os drogados, os bêbados, os yogues, os macumbeiros, os projeciologistas, os bebedores de Santo Daime, os espíritas kardecistas, os pesquisadores de EQM (experiências de quase morte), caçadores de fantasmas e outros amalucados-para-quem-vê-de-fora tentam viver experiências nessa fuga de realidade que é o nosso inconsciente.
Acontece que a seguinte pergunta é premente: e se não for irrealidade? E se realmente existir aquilo que se convencionou chamar de alma e se essa alma se desprender do corpo quando dormimos ou morremos indo para um universo em que tudo que pensamos é possível, habitado por outras infinitas almas que já morreram ou que dormem naquele momento?
Não é porque uma idéia é repetida milhões de vezes que ela se torna verdade. Por tudo que já pesquisei, não existe nenhuma prova científica de que reencarnaremos, nem que exista um Ka (corpo astral, “segundo eu”) ou algo que o valha, mas milhões de pessoas ao redor do mundo juram já ter vivido experiências assim ao ingerirem alguma droga, meditarem ou passarem por um acidente quase que fatal. Eu próprio já relatei aqui no blog alguns incidentes que aconteceram comigo ou com pessoas próximas. Com uma rápida pesquisa sobre esses assuntos na Internet, percebe-se que os relatos são tão intensos, similares e repetitivos que nos fazem pensar.
Enquanto os geriatras e os neurologistas não pararem de se debruçar sobre as doenças que afligem a humanidade e mudarem seus paradigmas para uma busca do que existe de mais fundamental na existência do homem sobre a terra, continuaremos vivendo em um mundo vago de medo e supertições.
Acredito que um dia pesquisar-se-ão esses temas com mais intensidade, só espero que o início dessas buscas científicas não dure até o fim do mundo.


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