quarta-feira, 28 de março de 2007

A MULHER DE CÉSAR

Diz-se que da mulher de César não se esperava ela fosse apenas honesta, deveria, sobretudo, parecer honesta.
Se trouxermos esse pensamento para o Brasil de hoje, devemos nos perguntar, qual é o nível de confiança da população sobre instituições nacionais se, muito antes de entrarmos no mérito se elas são ou não são honestas, a maioria dos brasileiros fica com a impressão de que elas não lhe parecem honestas.
Ora, se vemos todo dia um poder executivo não sabe de nada, um quinto do legislativo está envolvido em escândalos, pode-se comprar sentenças do judiciário e ainda as grandes mídias noticiam a favor de quem lhes paga mais, em qual poder confiar? Qual é a instituição que nos parece honesta?
Quando os podres poderes perdem a confiabilidade, enfraquecem, e a história prova que o último dos moribundos é sempre o chefe de governo, o capitão tirânico que deixa o navio afundar para se salvar e flutuar acima dos naufragados no mar das incertezas do futuro. É ele que modifica a constituição, tiraniza a imprensa e fecha o congresso apenas para se manter no prazer do poder, na solidão do poder...no prazer solitário do poder.
Em priscas eras, quando um deputado pediu ao General Eurico Gaspar Dutra para aprovar um projeto, ele respondeu com um categórico “não posso, está no livrinho!”. Mais tarde, o tal deputado foi perguntar a um assessor que livrinho era esse o qual foi respondido com um sorriso: “É a constituição!”.
Será que o nosso chefe do executivo nos parece honesto? Será que, se pudesse ele não rasgaria o livrinho, mandaria surrar jornalistas, aposentaria compulsoriamente os deputados e colocaria juízes sob jugo?
Antes de ficarmos com questiúnculas, se ele sabia ou não sabia, se a turma dele é barra-pesada ou não, se entorna um copo ou não, devemos escolher nosso voto sempre lembrando da mulher de César: ele parece honesto?

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