Viagens de Trem
Muitos jovens não sabem disso, mas no Brasil já se viajou de trem. Na década de setenta, quando eu era criança, viajei muito.
Até 1969, o trem para Santa Maria, saía às dez horas de Porto Alegre, da estação que ficava mais ou menos onde hoje é o atual Viaduto da Conceição. Em 1970, foi inaugurada a nova estação, na Rua Voluntários da Pátria, que permaneceu ali até a inauguração do Trensurb.
Eu viajei algumas vezes no trem da foto, o Minuano, que, como o vento que lhe deu o nome, passava muito rápido. Quando o trem parava na estação, minha mãe me jogava para dentro e já partíamos. Devia ficar menos de cinco minutos na plataforma.
Mas o bom mesmo para uma criança era o Noturno. Era um trem que partia às 10 da noite de Porto Alegre e chegava em Santa Maria lá pelas 6 da manhã. Minha família viajava no vagão-dormitório, que consistia em cabines com beliches. Meus pais ficavam em uma cabine e eu e minha irmã, em outra, ambas conectadas por uma porta. Em cada cabine havia uma mesa, banquinhos e uma pequena pia, com torneira de alavanca, que só saía água enquanto se ficava apertando. Havia um cheiro de DDT no ar e logo que o trem saía, eu caminhava com meu pai até o vagão-restaurante para comer um sanduíche e depois voltar para dormir. De vez em quando, íamos passear pelo trem. tinha a segunda classe (bancos de pau), a primeira (bancos estofados que podiam ter os encostos virados, ficando frente a frente com os passageiros de trás) e o vagão pullman (poltronas reclináveis).
Dormir com o sacolejar e o barulhinho do trem era uma maravilha que acho que nunca mais vou experimentar. De vez em quando, acordava no meio da noite, abria a veneziana da janela e ficava olhando o trem parado em alguma estação.
O café da manhã era em Santa Maria, onde fazíamos a baldeação para subir a serra em um trem que ia até Cruz Alta. Muitos anos depois, evoluiu-se, e o mesmo vagão que partia de Porto Alegre, era trocado para o trem da outra linha, de modo que não precisávamos carregar as bagagens.
Lá por 1978, surgiu o trem Húngaro, que era de um conforto só, com vidros espelhados, mesinha nas poltronas e serviço de bordo, como os dos aviões. Eu adorava o pudinzinho de pão que era servido de sobremesa.
Vários estados tinham linhas de trens como estas (tinha trem Húngaro em São Paulo, ligando à Santos). Imaginemos como vários dos problemas rodoviários do nosso país não teriam acontecido se tivéssemos mantido os investimentos no setor ferroviário.
Bem, para quem não esteve por lá naquela época, basta apenas imaginar, mas para quem viveu, ficam as saudades. Muitas.
Até 1969, o trem para Santa Maria, saía às dez horas de Porto Alegre, da estação que ficava mais ou menos onde hoje é o atual Viaduto da Conceição. Em 1970, foi inaugurada a nova estação, na Rua Voluntários da Pátria, que permaneceu ali até a inauguração do Trensurb.
Eu viajei algumas vezes no trem da foto, o Minuano, que, como o vento que lhe deu o nome, passava muito rápido. Quando o trem parava na estação, minha mãe me jogava para dentro e já partíamos. Devia ficar menos de cinco minutos na plataforma.
Mas o bom mesmo para uma criança era o Noturno. Era um trem que partia às 10 da noite de Porto Alegre e chegava em Santa Maria lá pelas 6 da manhã. Minha família viajava no vagão-dormitório, que consistia em cabines com beliches. Meus pais ficavam em uma cabine e eu e minha irmã, em outra, ambas conectadas por uma porta. Em cada cabine havia uma mesa, banquinhos e uma pequena pia, com torneira de alavanca, que só saía água enquanto se ficava apertando. Havia um cheiro de DDT no ar e logo que o trem saía, eu caminhava com meu pai até o vagão-restaurante para comer um sanduíche e depois voltar para dormir. De vez em quando, íamos passear pelo trem. tinha a segunda classe (bancos de pau), a primeira (bancos estofados que podiam ter os encostos virados, ficando frente a frente com os passageiros de trás) e o vagão pullman (poltronas reclináveis).
Dormir com o sacolejar e o barulhinho do trem era uma maravilha que acho que nunca mais vou experimentar. De vez em quando, acordava no meio da noite, abria a veneziana da janela e ficava olhando o trem parado em alguma estação.
O café da manhã era em Santa Maria, onde fazíamos a baldeação para subir a serra em um trem que ia até Cruz Alta. Muitos anos depois, evoluiu-se, e o mesmo vagão que partia de Porto Alegre, era trocado para o trem da outra linha, de modo que não precisávamos carregar as bagagens.
Lá por 1978, surgiu o trem Húngaro, que era de um conforto só, com vidros espelhados, mesinha nas poltronas e serviço de bordo, como os dos aviões. Eu adorava o pudinzinho de pão que era servido de sobremesa.
Vários estados tinham linhas de trens como estas (tinha trem Húngaro em São Paulo, ligando à Santos). Imaginemos como vários dos problemas rodoviários do nosso país não teriam acontecido se tivéssemos mantido os investimentos no setor ferroviário.
Bem, para quem não esteve por lá naquela época, basta apenas imaginar, mas para quem viveu, ficam as saudades. Muitas.
4 comentários:
Gostaria de ter vivido essas sensações todas. Será que ainda existe alguma linha e veículos similares circulando em alguma parte do Brasil ?
Não conheço nenhuma. Existem alguns trens de turismo, mas de longa distância, só conheço o Vitória-Minas que é uma viagem meio cansativa e o de São Paulo à Corumbá que até a década de oitenta ainda tinha vagões-dormitório, hoje não sei se ainda existe.
Querem criar um trem-bala entre Rio e São Paulo, mas conhecendo as duas cidades acho que deveria se chamar de trem-leva-bala...
Nunca andei de trem. Em 1975, um colega sugeriu que a turma fizesse uma excursão. Chegou a elaborar um documento escrito com a proposta e a encaminhou a uma professora que gostava de fazer excursões. Infelizmente a proposta era ousada demais para uma turma de 8ª série. Mas tenho uma lembrança de infância: passava trem na Avenida Mauá, onde eu morava. Não de passageiros, claro. Um dia eu estava com minha mãe na sacada e vinha vindo um trem soltando a maior fumaceira, bem preta. E ela se aproximava bem na altura do 9º andar, onde estávamos. Fiquei na expectativa. De repente, a fuligem "preteou" a sacada. Eu até fiquei um pouco assustado. Minha mãe só ria.
..eu andei muito no trem que saia as dez para santa maria chegava lá e voltava no mesmo dia no trem de volta! só pelo prazer de fazer a viagem, lembro das estações fanfa, foguista melo, pederneiras... e no minuano o trem vermelho lembro de ter vindo de flores da cunha para caxias do sul, uma fantástica aventura...bons tempos
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