Recado aos Primeiroanistas
O início de um curso superior em uma universidade pública é sempre difícil. Na tentativa de auxiliar você, neófito, seguem algumas informações que serão necessárias durante o seu período de permanência nessa instituição.
Ser acadêmico significa aprender a falar. Por exemplo, no ensino médio, se você chutava, agora você passará a usar o método empírico-indutivo de validação científica. No ensino médio, se você colava, agora usa um conceito informal de pesquisa bibliográfica.
Você precisa aprender duas expressões fundamentais na sua formação acadêmica: “grosso modo” (assim mesmo, sem o “a” e grifado porque não é português, é latim), que se usa quando a gente não está com saco de pesquisar alguma coisa em detalhes e “em princípio” (também sem o “a”), quando não se tem a mínima idéia do que se está falando.
Você não passa o tempo todo jogando pebolim no Centro Acadêmico, mas passa a exercer atividades de extensão sócio-recreativas.
Não é correto falar que alguns professores matam aula, mas que ocorrem ausências docentes devido a “gaps” espaço-temporais na grade curricular.
Tampouco é correto dizer que os banheiros são fedidos, mas se trata de uma incompatibilidade de uso massivo das instalações sanitárias.
E nem adianta reclamar que a comida do Restaurante Universitário é uma droga. É alimento palatável de elevado teor nutritivo.
Não é verdade que precisou de um determinado setor e deu com a cara na porta porque eles abrem em umas horas malucas, mas ocorre uma adequação horária departamental.
Não pense também que se trata de uma “pocavergonha” o fato de, por um motivo ou outro, você acabar não tendo, “grosso modo” (viu?), 40% das aulas que deveria ter e, portanto, um curso de cinco anos poder ser reduzido a três num nítido desperdício de dinheiro público. O tempo livre é necessário e dedicado a atividades extracurriculares com vistas à integração social do corpo discente (no ensino médio se chamava “bater-papo”), complemento curricular nas áreas de pesquisa (jogo de truco), além, é claro, de atividades de extensão sócio-recreativas (sinuca e pebolim, lembra?).
A palavra “universidade” pressupõe uma cidade aberta a todas as novas idéias do universo, mas assim como os padres da Idade Média não podiam negar a existência de Deus ou a supremacia da Igreja, no meio acadêmico público brasileiro é pecado negar o poder do Estado e a própria validade do estatismo. Se você ousar esboçar um pensamento liberal e contestar o desperdício do dinheiro público, em última instância a discussão vai acabar em “e o que você está fazendo aqui, mamando?” (argumentos “ad hominem” são muito usados na universidade, se não aprendeu o que são, vai aprender logo). Contra esse argumento, poucos têm honestidade intelectual de olhar nos olhos, abrir um sorriso e responder: “Sim!”. Portanto, nas muitas vezes que escutar de como o nosso governo é bom e necessário, prossiga no procedimento “input-output” auricular (isto é, entrar num ouvido e sair pelo outro).
Pelo mesmo motivo, quando disserem que a universidade pública se destaca nos escores de avaliação do Ministério da Educação, não pense que é porque é gratuita, selecionando os alunos mais estudiosos e capazes da sociedade em vestibular concorridíssimo e que conservam essas qualidades durante a vida acadêmica, mas sim porque tem instalações adequadas à excelência de ensino e competentes mestres. Em outras palavras, isso se dá à potentosa capacidade estatal, e não a talentos individuais.
Em outras palavras ainda: chamaram você de burro, mas não repare porque aqui tem um fundo de razão. Quem não aprende essas verdades muito rapidamente, pacóvio é.
Ser acadêmico significa aprender a falar. Por exemplo, no ensino médio, se você chutava, agora você passará a usar o método empírico-indutivo de validação científica. No ensino médio, se você colava, agora usa um conceito informal de pesquisa bibliográfica.
Você precisa aprender duas expressões fundamentais na sua formação acadêmica: “grosso modo” (assim mesmo, sem o “a” e grifado porque não é português, é latim), que se usa quando a gente não está com saco de pesquisar alguma coisa em detalhes e “em princípio” (também sem o “a”), quando não se tem a mínima idéia do que se está falando.
Você não passa o tempo todo jogando pebolim no Centro Acadêmico, mas passa a exercer atividades de extensão sócio-recreativas.
Não é correto falar que alguns professores matam aula, mas que ocorrem ausências docentes devido a “gaps” espaço-temporais na grade curricular.
Tampouco é correto dizer que os banheiros são fedidos, mas se trata de uma incompatibilidade de uso massivo das instalações sanitárias.
E nem adianta reclamar que a comida do Restaurante Universitário é uma droga. É alimento palatável de elevado teor nutritivo.
Não é verdade que precisou de um determinado setor e deu com a cara na porta porque eles abrem em umas horas malucas, mas ocorre uma adequação horária departamental.
Não pense também que se trata de uma “pocavergonha” o fato de, por um motivo ou outro, você acabar não tendo, “grosso modo” (viu?), 40% das aulas que deveria ter e, portanto, um curso de cinco anos poder ser reduzido a três num nítido desperdício de dinheiro público. O tempo livre é necessário e dedicado a atividades extracurriculares com vistas à integração social do corpo discente (no ensino médio se chamava “bater-papo”), complemento curricular nas áreas de pesquisa (jogo de truco), além, é claro, de atividades de extensão sócio-recreativas (sinuca e pebolim, lembra?).
A palavra “universidade” pressupõe uma cidade aberta a todas as novas idéias do universo, mas assim como os padres da Idade Média não podiam negar a existência de Deus ou a supremacia da Igreja, no meio acadêmico público brasileiro é pecado negar o poder do Estado e a própria validade do estatismo. Se você ousar esboçar um pensamento liberal e contestar o desperdício do dinheiro público, em última instância a discussão vai acabar em “e o que você está fazendo aqui, mamando?” (argumentos “ad hominem” são muito usados na universidade, se não aprendeu o que são, vai aprender logo). Contra esse argumento, poucos têm honestidade intelectual de olhar nos olhos, abrir um sorriso e responder: “Sim!”. Portanto, nas muitas vezes que escutar de como o nosso governo é bom e necessário, prossiga no procedimento “input-output” auricular (isto é, entrar num ouvido e sair pelo outro).
Pelo mesmo motivo, quando disserem que a universidade pública se destaca nos escores de avaliação do Ministério da Educação, não pense que é porque é gratuita, selecionando os alunos mais estudiosos e capazes da sociedade em vestibular concorridíssimo e que conservam essas qualidades durante a vida acadêmica, mas sim porque tem instalações adequadas à excelência de ensino e competentes mestres. Em outras palavras, isso se dá à potentosa capacidade estatal, e não a talentos individuais.
Em outras palavras ainda: chamaram você de burro, mas não repare porque aqui tem um fundo de razão. Quem não aprende essas verdades muito rapidamente, pacóvio é.
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