sábado, 16 de junho de 2007

Cold Reading

Existe uma técnica de convencimento usada por charlatões chamada de cold reading (“leitura fria”) que consiste em induzir a pessoa a passar informações desconhecidas pelo manipulador de modo que ela não perceba o engodo. É a técnica da cartomante: “-Vejo uma homem na sua vida!” ; “- É o meu marido.”, responde a incauta cliente, “- E uma moça loira.”; “- É a secretária dele! Eles estão tendo um caso?”.
É possível fazer uma cold reading coletiva? É claro que é.
Existiria uma técnica de manipulação para que as pessoas passem a fornecer indícios de que uma catástrofe se avizinha? O mar está subindo? Sem dúvida. A temperatura da terra está altíssima? Sim, ainda que próxima das temperaturas que já ocorreram na Idade Média e que durante o período dos anos 1940 até os 70 a temperatura média da terra tenha caído, levando os cientistas a anunciar uma nova era glacial e esse fato seja muitas vezes escamoteado do grande público, parece que a temperatura média está subindo, sim.
Extremos climáticos estão acontecendo? Evento extremo: nevou em Curitiba em 1975 e em Porto Alegre em 1982. Se nevasse no próximo inverno seria uma prova de que o clima está mudando? O furacão mais violento que atingiu a Flórida foi em 1928. Será que esses eventos estão ficando mais intensos? Tudo indica que sim, ainda que excessões ocorram.
Os cientistas afirmam? Cientistas já afirmaram que a terra era plana, que os negros seriam inferiores e que a barreira do som nunca seria ultrapassada. Cícero dizia que não existe asneira que ainda não tenha sido defendida por algum filósofo.
Algum gênio do mal planejou isso? Tudo isso é uma grande mentira? Claro que não, tudo isso está ocorrendo de fato. Mas que o exagero é muito conveniente para alguns, isso é.
Com que objetivo? Mercado, como sempre. Vejamos alguns exemplos.
Por que houve tanta pressão contra o programa Pró-álcool brasileiro e agora os mesmos que criticavam, veneram os biocombustíveis? Porque a cana-de-açúcar retira áreas de alimentos
e só um punhado de grandes empresas controla toda a comida do mundo e não têm muito interesse em provocar uma queda nos preços.
Por que já foram presos agentes provocadores europeus infiltrados no MST destruindo pesquisas científicas com eucaliptos no Brasil? Porque nas latitudes subtropicais um eucalipto cresce muito mais rápido do que na Europa e o papel produzido por aqui tende a ser mais barato.
Será que não se pode destruir as nossas florestas como os europeus destruíram as deles porque o clima vai mudar ou porque teria muito mais gado e soja no mercado e os preços dessas commodities iriam cair?
Por que o Brasil é o país em desenvolvimento em que existe maior consciência ecológica? Por que é tropical e com várias áreas inexploradas, tendo condições de agricultura muito mais competitivas do que as dos países mais industrializados. Mesmo com o governo atrapalhando, a economia de escala em um país amplo e quente como o nosso é muito significativa.
Quantas ONGs, pesquisadores, políticos, empresas, agentes de turismo, países inteiros e grupos radicais ganham e ganham muito com a indústria do catastrofismo? Não estamos falando aqui de muito dinheiro no padrão do comum dos mortais. Cinqüenta milhões é um prêmio da loteria almejado por muitos? É ninharia! Estamos falando aqui de bilhões e bilhões de dólares, interesses descomunais.
Um pneu na natureza dura duzentos anos? Bem, uma pedra dura um milhão de anos, qual é a diferença, além da estética? Espécies não podem ser extintas sem comprometer a nossa sobrevivência? Espécies são extintas desde que a vida surgiu no planeta terra e a vida tem continuado sempre com força. O ser humano está destruindo algumas espécies e criando outras mais convenientes ao seu uso. Devemos economizar a água dos rios? Por quê? Não vai chover e encher o rio de novo? A terra vai se desertificar? Como, se aumentar o nível dos mares não vai aumentar a evaporação e chover mais? O pum do gado provoca efeito estufa? Ah, vá se catar!
Por tudo isso, prefiro ser em parte politicamente incorreto. A cold reading reinante ainda não me convenceu por completo.

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