sexta-feira, 8 de junho de 2007

Mau Humor


Como já falei por aqui, do que está realmente errado em publicidade, ninguém reclama, mas leio que a justiça tirou do ar aquela propaganda em que o casal decide jogar a sogra para fora do carro por ofender as sogras. A ministra do supremo é loira, será que daqui a pouco vão proibir piadas de loiras também?
Está certo que Aristóteles há 23 séculos já falava com muita propriedade que sempre rimos daquele que consideramos inferior e numa sociedade que finge querer ser igualitária como a nossa ninguém pode aceitar que uns sejam mais iguais do que os outros, mas pessoal, alôô! Vamos acordar? Também devemos considerar que o ser humano é o único animal que ri, gente sem senso de humor é sempre meio “especial”. (Usar o termo “retardado” pode, ou é politicamente incorreto e vai ofender aos retardados?)
Enquanto a nossa sociedade não for totalmente igualitária, ou seja, como uma colônia de formigas como almejam muitos dos nossos governantes, de preferência com eles próprios no topo do formigueiro, continuará a existir humor e humor é, em via de regra, cruel. O antropólogo Claude Levi-Strauss já apontava como um dos fatores para o surgimento cultural justamente o surgimento de um senso de humor na sociedade. Sem sutileza e riso, viramos animais, só isso.
Quando Shakespeare fala que “há algo de podre no reino da Dinamarca”, falando da Inglaterra de sua época, estava sendo engraçado. Quando Jesus fala em Mateus 16, 18 “és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja” estava fazendo um trocadilho. Sem humor não é possível construir um raciocínio sensato e sério, toda a comunicação humana fica insossa, desinteressante.
Explicar o motivo pelo qual devemos prestigiar as manifestações de humor, sei, é tão inútil quanto explicar uma piada. Ou se entende ou não se entende, não existe meio termo. Se o nosso sistema judiciário não dispõe de capacidade intelectual para perceber isso, basta lamentar.

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