sábado, 23 de junho de 2007

Diretores

Como um filme pode ser melhor do que um livro? É uma lógica que vai contra a matemática da teoria dos conjuntos: tudo que está no filme na verdade está contido no livro. No entanto, isso acontece.
Eu tinha um professor que contou uma história na aula. Foi fazer um curso em direção teatral e sua turma recebeu um texto para montar com a seguinte recomendação: “como poderá ser percebido, o texto é uma droga, mas a função do diretor não é fazer crítica literária, vocês irão montar esse texto e fazer o público chorar de tanta emoção!”
“A Insustentável Leveza do Ser” é um filme melhor do que o livro, o filme faz chorar, o livro não.
“O Amante” é um filme melhor do que o livro, conseguiu se livrar da verborragia da literatura francesa em imagens belíssimas.
“Encontros com Homens Notáveis”, de Peter Brook é uma obra-prima, aliás muito pouco assistida. O livro, não chega nem aos seus pés.
“Moby Dick”, aquele com o Gregory Peck, é tão bom quanto o livro, passa exatamente a carga literária de Melville.
Onde eu quero chegar com essa idéia? Em algo bem fora de cinema e literatura. É possível, sim pensar fora da caixa, extrapolar os esquemas já estabelecidos. E isso vale em tudo da vida.
No Brasil, pensamos que estamos predestinados ao fracasso, cada vez mais iremos ficar mais violentos, mas desorganizados, mais injustiçados até nos transformarmos em um imenso Haiti, mas isso não é necessariamente verdade. O nosso roteiro não está traçado, podemos quebrar paradigmas e construir um país melhor.
Nós somos os diretores desse filme que começa e o fato de termos um mal roteiro, não nos impõe um mal resultado, basta o nosso talento para mudar.

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