O Meiaoito

Quando nós naquela época, adolescentes tardios ou adultos em projeto, pensávamos em fazer alguma coisa, o Meiaoito logo falava com uma voz esganiçada: “É, mas tem que ter uma proposta pólitica. Entenderam bem? Pó-li-ti-ca!”. Falava dessa maneira mesmo, foi o inventor da ante-proparoxítona. Para ele, não interessava o resultado prático, para o que quer que fosse feito interessava apenas a ação pólitica.
Meiaoito, onde vai ser a festa de sábado à noite? No sindicato tal, para apoiar a greve! Meiaoito, vamos ver o show da banda tal? Não, vou ver aquela peça de teatro de Brecht, pois é mais pólitica. Meiaoito, sabe aquela gata? Cabecinha vazia, prefiro a fulana que é mais pólitica!
Enfim, era um chato perfeito. Parasita dos bons. Cabeça tremendamente fechada para qualquer coisa que fosse beleza, trabalho, criação ou empreendimento.
O tempo passou, o muro caiu e o Meiaoito, perdendo o sentido de sua existência, ficou perdido nas cinzas do tempo e do esquecimento.
Nunca soube que tenha feito nada de mal, mas é claro que todo mundo da turma se afastou dele. Nunca mais fiquei sabendo do que se sucedeu na sua vida, mas pelos acontecimentos atuais no país, acredito que deve ter se dado muito bem, no mínimo deve ter conseguido um cargo de confiança no alto escalão em Brasília.
Um comentário:
Hahaha
Ótima postagem, está cheio deles atualmente, principalmente na Am. Latrina.
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