Desígnios e Saudade
Cada povo cria palavras de acordo com a sua percepção de mundo. Os esquimós possuem mais de cinqüenta palavras para conceitualizar neve porque as diferenças sutis no meio ambiente em que vivem são de suma importância para a vida cotidiana deles.
No sentido oposto dessa idéia, existe uma falha grave no idioma português.
Em muitas línguas o ato de desenhar e o ato de fazer um projeto são designados por palavras diferentes (to draw x to design, dibujo x diseño...). Infelizmente nós não temos a palavra “designar” no sentido de projetar, vislumbrar, criar e interferir no futuro como os franceses, os espanhóis e os ingleses têm.
É até mesmo difícil de explicar esse conceito em português. Na falta de uma expressão melhor, muitas vezes se usa “desenhar o futuro”, mas desenhar significa ilustrar a realidade percebida. Se desenharmos o futuro, teremos apenas uma cópia, uma perpetuação do presente.
Nós, lusófonos, não conseguimos criar “desígnios”, ou seja um projeto inovador de futuro, simplesmente porque não possuímos essa idéia nas nossas cabeças. A nossa percepção de mundo nos leva apenas a seguir momentos, a direção do vento. Não vemos o cosmos como um local em que possamos interferir na busca de um progresso constante.
É por isso que em cidades como Buenos Aires, Assuncion ou Montevidéu as ruas são retas, partindo de uma praça central, projetadas desde os tempos do descobrimento da América e nas cidades portuguesas, como Salvador ou Florianópolis, temos um urbanismo aleatório e confuso. Os engenheiros de obras no Brasil são mais importantes do que os de prancheta e as empresas são criadas sem um plano de negócios. Em nós não existe a idéia de planejar o porvir.
Por outro lado, os estrangeiros até conseguem compreender o conceito de nostalgia, a tristeza de nos afastarmos daquilo que nos é querido, mas jamais entendem o conceito de saudade que é o oposto, é quando aquilo que nos é querido se afasta de nós. Saudade é uma espécie de incompetência em termos nas mãos as rédeas do destino. Essa palavra, de que tanto nos vangloriamos por sermos os únicos a possuir, representa na verdade o nosso fracasso como povo, o nosso desejo em deixar tudo como sempre foi.
Em outras palavras, ficaremos para sempre na saudade até que aprendamos gerir os nossos desígnios.
No sentido oposto dessa idéia, existe uma falha grave no idioma português.
Em muitas línguas o ato de desenhar e o ato de fazer um projeto são designados por palavras diferentes (to draw x to design, dibujo x diseño...). Infelizmente nós não temos a palavra “designar” no sentido de projetar, vislumbrar, criar e interferir no futuro como os franceses, os espanhóis e os ingleses têm.
É até mesmo difícil de explicar esse conceito em português. Na falta de uma expressão melhor, muitas vezes se usa “desenhar o futuro”, mas desenhar significa ilustrar a realidade percebida. Se desenharmos o futuro, teremos apenas uma cópia, uma perpetuação do presente.
Nós, lusófonos, não conseguimos criar “desígnios”, ou seja um projeto inovador de futuro, simplesmente porque não possuímos essa idéia nas nossas cabeças. A nossa percepção de mundo nos leva apenas a seguir momentos, a direção do vento. Não vemos o cosmos como um local em que possamos interferir na busca de um progresso constante.
É por isso que em cidades como Buenos Aires, Assuncion ou Montevidéu as ruas são retas, partindo de uma praça central, projetadas desde os tempos do descobrimento da América e nas cidades portuguesas, como Salvador ou Florianópolis, temos um urbanismo aleatório e confuso. Os engenheiros de obras no Brasil são mais importantes do que os de prancheta e as empresas são criadas sem um plano de negócios. Em nós não existe a idéia de planejar o porvir.
Por outro lado, os estrangeiros até conseguem compreender o conceito de nostalgia, a tristeza de nos afastarmos daquilo que nos é querido, mas jamais entendem o conceito de saudade que é o oposto, é quando aquilo que nos é querido se afasta de nós. Saudade é uma espécie de incompetência em termos nas mãos as rédeas do destino. Essa palavra, de que tanto nos vangloriamos por sermos os únicos a possuir, representa na verdade o nosso fracasso como povo, o nosso desejo em deixar tudo como sempre foi.
Em outras palavras, ficaremos para sempre na saudade até que aprendamos gerir os nossos desígnios.
Um comentário:
Sempre considerei esse "orgulho" tupiniquim da "exclusividade" da palavra "saudade" patético, como que agarrando-se a uma tábua de salvação (quando não abismo).
Postar um comentário