sexta-feira, 29 de junho de 2007

Jogos que as Pessoas Jogam

No livro, “Game People Play”, o psiquiatra canadense Eric Berne expõe os fundamentos da Análise Transacional. Essa teoria psicanalítica trata das relações entre os diversos grupos no desenvolvimento das psicoses. Por exemplo: o bêbado não consegue ser bêbado sozinho: precisa da esposa que o alimenta depois da bebedeira, do dono do boteco que vende a cachaça, etc. A idéia é quebrar um elo na cadeia dos acontecimentos de modo que o processo não venha a se desencadear.
Por extensão, o Brasil não é do jeito que conhecemos porque o político rouba, mas porque o empresário quer se beneficiar da proximidade do poder, o funcionário público quer manter o seu empreguinho, o eleitor quer manter seu auxílio qualquer-coisa a qualquer custo, o banqueiro quer manter os juros altos e assim por diante. Enfim, é uma cadeia de eventos que produzem um resultado que todos, inclusive os beneficiados dela, percebem ser pernicioso.
Por que falo nos que lucram? Imaginemos o exemplo de um barão das drogas: se a economia prosperasse, como qualquer negociante, ele ganharia mais, portanto, quando ele corrói o país com a violência, na verdade está minando o próprio negócio. Todos, sem exceção têm interesse em um país melhor e mais rico. Não importa o quão beneficiados do sistema nós somos, é importante ser um cidadão.
E como começar a mudar a corrente dos acontecimentos? Por qualquer dos elos. E onde está contido o gérmen da destruição de um desses eventos. No próprio fato. E quem provoca o fato?
O trânsito é violento? Eu paro, mesmo no sinal verde para mim e sob buzinadas de protesto, para pedestres que colocam o pé abaixo do meio-fio. Alguém mais faz isso por aqui? A cidade está suja? Eu tenho um saco de lixo pendurado no câmbio do carro. Quantos fazem isso? A cidade é mal cuidada? Eu sento no meu canteiro para arrancar pragas do gramado e apresentar uma casa agradável para os meus vizinhos. Alguém mais faz isso? O governo oferece uma saúde péssima? Eu como frutas e cereais diariamente para tentar me afastar dos hospitais. Está cheio de pedintes nos sinais? Eu não dou esmola.
Portanto, quem é agente de construção de um país e de um mundo melhor? Eu e você. Acha tudo isso inútil? Uma gota d`água num mar? Uma coisa é certa, se esperar pelos outros, a cadeia de fracassos do nosso país não irá se romper.
Quem são os verdadeiros culpados por esses jogos que as pessoas jogam? Seria Deus? Seriam os políticos, a emissora de TV, os bandidos, os banqueiros?
Temos que fazer nossa parte, os culpados somos nós mesmos, é claro!


2 comentários:

Jayme Guedes disse...

LB, jogamos com todos o tempo todo enquanto não aprendemos a identificar um jogo em curso e decidir se queremos jogar aquele jogo com aquele parceiro. Se tivesse que me retirar para uma ilha deserta a obra "Os Jogos que as Pessoas Jogam" seria um dos dois únicos livros que levaria. Quanto a mim, não sou o que digo ou dizem que sou; não sou nem mesmo o que penso ou pensam que sou. Sou o que faço. Só minhas ações, minhas pegadas ao longo do caminho, podem me revelar.

Jayme Guedes disse...

Depois de aprender a conhecer os jogos que jogamos, passei a me interiorizar mais e me dei conta de que em breve meu corpo deixará de funcionar e finalmente descobrirei se sobrevivo como consciência ou não. Se não sobreviver como consciência terei alcançado o paraíso pois todo sofrimento resulta de necessidades e/ou desejos não atendidos. Todavia, se sobreviver, terei chegado ao inferno diante da forma desigual como distribuí o meu tempo - nosso único patrimônio real - entre o que importa e o que não importa, entre o pão e o circo.