terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Para que existe o calor latente?

“Dans la nature rien ne se crée, rien ne se perd, tout change.”
Antoine-Laurent de Lavoisier

Lembremo-nos das aulas de física do colégio.
O calor sensível é aquele que todos conhecemos: quando aumentamos a temperatura de um objeto, ele se aquece, quando baixamos, esfria-se.
No entanto isso nem sempre acontece. Ao chegar a um determinado ponto, podemos aumentar ou diminuir a temperatura que nada ocorre enquanto toda a massa não ferver, ficar líquida ou congelar. A esse calor que não aquece chamamos de calor latente.
Muito bem, sabemos que os vapores têm mais energia do que os líquidos e estes, mais do que os sólidos. A pergunta é: o que acontece quando cerramos as cortinas da energia, como enxergar aquilo que não conseguimos ver? Se Lavoisier acertou dizendo que na natureza tudo muda, para onde está indo o calor do fogão de nossas casas nos instantes anteriores que a chaleira ferve? O que acontece com a energia da água quando ainda não é vapor, mas já tem temperatura para tanto? Ou, formulando melhor a pergunta, por que existe tanto água, quanto vapor a 100ºC, se eles possuem energias diferentes?
Dá para entender a pergunta? Uma resposta sem pensar muito seria que o calor latente está vaporizando a água, no entanto, existe um período de tempo em que a água ainda é líquida e a temperatura se mantém constante, além disso, com a mesma energia (temperatura) podemos ter água no estado líquido e no estado de vapor.
Calor latente, portanto, é uma gama de energia que, no caso da água pura e em condições normais de temperatura e pressão, é 100ºC. Esses 100 graus podem significar água ou vapor, portanto, não podemos dizer que o bico do fogão está apenas dando energia para a água mudar de estado, pois com a mesma energia, temos dois estados físicos.
O que a boca do fogão faz é criar uma “gama energética”. Prestemos atenção a esta expressão exótica, pois ela será útil mais adiante.
Ora, se ali existe uma energia acumulada, quer dizer que podemos recuperá-la, pois Lavoisier estava certo. Assim, devem existir máquinas que aproveitem esse conceito e que aparentemente, veja-se bem, apenas aparentemente, iludam a 2ª Lei da Termodinâmica.
Um brinquedinho conhecido para tal é o “Pássaro Beberrão”:



Dentro dele tem um líquido (normalmente, diclorometano) que entra em ebulição à temperatura ambiente, levando o líquido para a cabeça que cai sobre o copo d’água. Como a cabeça do pássaro é de feltro, a água a umedece e evapora, retirando o calor e fazendo com que o diclorometano volte para a cauda, forçando o brinquedo novamente a se erguer, recomeçando o ciclo.
Ora, a variação de calor latente gera uma pequena diferença de potencial gravitacional, pois a cabeça ergue-se uma determinada altura a que chamaremos de “h”:


Em tese, poderíamos retirar a energia deste brinquedo através de um mini-mini gerador elétrico que alimentaria uma mini-mini lâmpada.
E como poderíamos confirmar que o calor latente é uma “gama energética”? Bastaria, colocando os devidos contrapesos, aumentarmos o tamanho do pescoço do pássaro beberrão:




Aqui teríamos uma atura maior para a mesma energia dispensada, pois com a mesma quantidade de líquido evaporado, geramos diferentes alturas, portanto diferentes energias potenciais, conforme a figura seguinte:


Isto é, podemos transformar a gama energética chamada calor latente em outra gama energética, chamada Energia Potencial Gravitacional. Aqui não mais falamos de conservação de energia, mas na conservação de uma gama de energia. Só assim, é que podemos inferir que Lavoisier continua valendo.
A energia pode ser transformada: a luz do sol pode ser transformada em eletricidade, o giro de uma roda pode ser transformado em calor, etc. No entanto, uma “gama energética” pode ser transformada em outra gama de diferente energia.

O pássaro beberrão é exceção da natureza? Não, é claro que não. Isto acontece o tempo todo, pois em um mesmo campo gravitacional, com a mesma energia dispensada, podemos retirar diferentes categorias de trabalho realizado.
Vejamos outro exemplo.
Canalizemos um rio e coloquemos duas turbinas com geradores elétricos nesse duto, um no montante (A) e outro no vazante (B), conforme o esquema abaixo:



A energia do rio será absorvida pelo gerador A, restando muito pouca para movimentar o gerador B.
Porém, se modificarmos a pressão, conforme o desenho seguinte:

Ao fazermos um estreitamento nesse duto, ocorrerá uma baixa pressão na garganta, fazendo que uma parte da água volte a subir. Ao instalarmos um mini-gerador (A) neste estreitamento, poderemos obter uma energia que não reduz aquela obtida pelo gerador B.
Como vimos no exemplo do pássaro beberrão, trata-se a Energia Potencial Gravitacional de uma gama energética, que pode ser transformada em mais energia do que aquela que é calculada ao multiplicarmos massa, pela aceleração da gravidade e pela altura.
E Lavoisier continua valendo, pois a energia de um rio não pode ser medida pela sua energia potencial gravitacional, mas pela gama energética implícita nesta energia.

Temos portanto, pelo menos, as seguintes formas de gamas energéticas: calor latente-gravidade (Δ de Estado Físico); pressão-gravidade (Δ de Pressão) e ainda uma terceira, que é a densidade-gravidade (Δ de Densidade).

Da mesma maneira que os exemplos anteriores, ao variarmos a densidade de um líquido, ele também estará sujeito à variação de energia potencial gravitacional, conforme a máquina proposta no vídeo abaixo, que utiliza magnetismo para variar a densidade de um líquido ferromagnético (ferrofluido).

Assista antes de prosseguir na leitura, o vídeo chamado “Gerador de Energia Elétrica de Densidade Variável”:

http://www.youtube.com/watch?v=E3XhKdWu460

Veja-se bem, a única energia dispensada ao sistema é o magnetismo do ímã, mas este não produz trabalho diretamente (no sentido do giro), sendo, portanto, o seu desgaste bastante lento em relação à energia produzida (é o mesmo caso da água que tem que ser reposta no copo do pássaro beberrão, mas não influi significativamente no cálculo de energia). O Ímã apenas muda a viscosidade do fluido, que é o que realmente produz o movimento da correia.

Impossível! – dirá o estudioso de física - Ciclos fechados não existem! Desde a Grécia clássica jamais se verificou uma máquina que vá contra a segunda Lei da Termodinâmica!
Ora, se tal máquina não fosse possível, Lavoisier estaria errado, pois não seria possível que dois estados diferentes da matéria possuíssem a mesma temperatura.
E nem que um rio pudesse subir novamente sem gastar energia.
E nem que uma mistura homogênea pudesse possuir duas densidades diferentes.

Procuro apoio técnico e financeiro para a prototipagem desta última máquina, porque acredito que é uma ideia absolutamente inovadora e que faça sentido, pois aqui Lavoisier continua valendo!

Obrigado pela atenção,

Luiz de W. Bonow
lwbonow@yahoo.com

sábado, 22 de outubro de 2011

Rafinha Bastos


Acredito que ninguém discorde que o Rafinha Bastos possa pagar uma boa indenização à Wanessa, afinal, as pessoas não são obrigadas a serem ofendidas à toa. No entanto, o que se está discutindo aqui é quanto à ação penal: ele merece ir prá cadeia pelos seus comentários?
Se sim, devemos censurar o “Lolita”, de Nabokov, um dos melhores romances do século XX que trata de um relacionamento pedófilo. E, por que não, censurar o “Moby Dick”, já que todos concordamos que não se deve matar baleias. E por que não censurar “Édipo Rei”, pois assassinar o pai e depois casar e dormir com a própria mãe não é algo lá muito politicamente correto, pode dar ideias para que outros o façam. E quanto à “Macbeth”? Será que se deve deixar por aí um livro que ensina a assassinar os opositores políticos?
E na literatura brasileira? Será que devemos liberar Nélson Rodrigues que, muito antes de Rafinha Bastos, falava no “Bonitinha, mas Ordinária” de uma personagem que sentia prazer em ser estuprada?
E Monteiro Lobato, que comparava a negra Tia Nastácia com um macaco? Já que os americanos, que mandam no mundo, quiseram fazer isso com o Mark Twain, porque não censurar os nossos clássicos da literatura também?
E, mais assustador ainda, falar mal da justiça e dos advogados, que têm os tribunais a seu serviço? Será que não devemos censurar “O Processo”, de Kafka, “Justiça” e “A Pane”, de Dürrenmatt e “Viagens de Gulliver”? E quanto às Histórias da Mamãe Ganso, que em francês ficam “La Mère L`oye”, um trocadilho para “A Amarga Lei”: será que devemos permitir que crianças contestem o sistema judiciário?
Falando em histórias infantis, e quanto ao Joãozinho e Mariazinha? Será que devemos contar histórias de crianças que são mantidas em cárcere privado com a finalidade de serem engordadas para servirem de refeição para uma velha canibal? Não me parece muito politicamente correto, tampouco.
Voltando à ação civil, tudo bem, quando a briga é de pessoa para pessoa, como no exemplo anterior, mas e quando um partido orquestra entre os seus correligionários para que entrem com dezenas de ações ao mesmo tempo contra um colunista de uma revista que vai radicalmente contra as suas posições políticas, será que isso não constituiria litigância de má fé? E será que isso não é, materialmente, uma espécie de censura feita pelas brechas da justiça civil, sendo que a constituição a veda? E se isso tem ocorrido no nosso país, por que o Ministério Público não age no sentido de coibir tal prática, defendendo, ao invés de ficar tentando tolher a liberdade de expressão?
Assim, lembrando que tal liberdade não trata daquilo que nos agrada, mas das coisas que achamos repugnantes, penso que até se pode condenar penalmente o Rafinha Bastos, mas antes devemos fechar o congresso, colocar os tanques nas ruas e mandar baixar o cacete. Se estivéssemos mesmo na democracia plena que todos desejamos construir, não vejo como poderíamos fazer isso.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Lançamento do meu livro: "A Cura da Morte"

A sessão de autógrafos do lançamento do meu livro "A Cura da Morte", ocorrida em 29/04/2011, em Curitiba, foi um sucesso, tendo um público estimado de 150 pessoas.

O livro poderá ser encontrado no site da Editora Multifoco, clicando aqui.

A todos os que compareceram, o meu muito obrigado.

Luiz de W. Bonow

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Lançamento do Livro - A Cura da Morte

Estou lançando um livro chamado "A Cura da Morte". É um romance que tem por personagens um grupo de pessoas imortais.
Aos que estiverem por Curitiba no próximo dia 29/04/2011, será na UFPR, às 18.00hs.



quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Como determinar se uma lei é justa?

Existem três categorias de elementos constitutivos da realidade, os naturais, os criados pelo ser humano e os mistos.
Os naturais são aqueles que surgem de forma espontânea: os elementos químicos, as três cores gráficas básicas, os pares básicos do DNA, são exemplos de tijolos criados pela natureza para construírem coisas maiores e mais complexas, sendo que estes não podem ser mudados dentro do universo em que vivemos.
Existem também os elementos artificiais, que são aqueles criados pelo ser humano. As letras do alfabeto e as palavras de uma determinada língua são exemplos de convenções humanas que se apoderam de segmentos para criarem realidades mais complexas.
Assim, é errado dizermos que o DNA é escrito pelo “alfabeto da natureza”, uma vez que o código genético vale para qualquer tempo e qualquer lugar e um alfabeto corresponde apenas a uma determinada cultura.
Alguns elementos constitutivos são apenas aparentemente naturais, como acontece com o sistema decimal. Apenas temos a impressão de que cálculos devem ser feitos com a base de dez pelo simples fato de que desenvolvemos tal forma de pensamento devido ao fato de possuirmos dez dedos nas mãos, mas outras culturas desenvolveram, por exemplos, sistemas binários, octais, etc. Os elementos naturais (fato de possuirmos dez dedos) muitas vezes nos levam à falsa ideia de “naturalidade” dos sistemas (sistema decimal), mas devemos sempre ter em mente essas divergências.
Como terceiro grupo, existem os elementos mistos. Um bom exemplo são as notas musicais, que são inventadas pelo ser humano e culturas diferentes criam sistemas diversos, músicas diferentes baseadas em sistemas diversos. No entanto, dentro de um determinado sistema, a sequência de notas deve ser respeitada, sob o risco de gerar desarmonias que todos percebem.
Por elementos mistos, portanto, chamamos aqueles elementos constitutivos da realidade que não podem ser classificados nem como provenientes da natureza do cosmos e nem como frutos da criação humana, mas estão em um patamar intermediário.
Nessa categoria classificam-se os Princípios Fundamentais, tão caros às ciências jurídicas. Não os podemos enquadrar como fato natural e nem como artificialismo, ou seja, como meras criações humanas, mas devemos considerar que, dentro de um determinado sistema cultural, eles são válidos e harmônicos, assim como notas musicais em uma sinfonia.
Onde se quer chegar com isso?
As atuais revoluções nas comunicações, nos transportes e nos costumes estão gerando conflitos entre as culturas. Por um lado, temos uma universalização cultural, que puxa para uma universalização legislativa, e por outro, uma especificação regional que horroriza aos demais: deve-se retirar os clitóris das meninas, ou apedrejar mulheres adúlteras? Ou, mais perto de nosso país, deve-se permitir que indígenas enterrem vivos os bebês nascidos gêmeos? Ou, mais perto ainda de nós, deve-se permitir que o STF escolha qualquer outro direito fundamental em detrimento da liberdade de expressão, que sempre sai perdendo na jurisprudência de nosso país?
Por que aceitamos como naturais a pena de morte em alguns estados americanos ou que os chineses cobrem a bala das famílias dos que são fuzilados? Será que é apenas por algum tipo de fraqueza, ante a possibilidade de interferirmos em potências mundiais? Seria o direito apenas uma manifestação do poder, nada mais do que isso?
Como decidir qual é o valor que deve ser preservado? Existe um método?
Existem, pelo menos, três fundamentos jurídicos: os princípios fundamentais, como a liberdade, a vida, etc.; os bens jurídicos protegidos, como a infância, a saúde, etc.; e as normas programáticas, como integração internacional, erradicação da pobreza, etc.
Qual é o direito superior? Poderíamos argumentar que os princípios sejam “átomos” e os outros dois sejam “moléculas” da realidade jurídica. Ora, mas aço é melhor do que ferro em estado puro, portanto, não podemos admitir que os princípios se sobreponham à combinação deles, dependendo da situação, os bens jurídicos e os programas sociais têm maior valor, pois afirmar o contrário seria o mesmo que dizer que as músicas deveriam ser feitas apenas com notas, desprezando os acordes.
Considerando, portanto, que os princípios atômicos jurídicos formem “moléculas jurídicas”, o que reconhecemos como válido no direito?
Em primeiro lugar, todo o direito válido faz parte de um sistema, ele não pode ser uma regra solta no vácuo. É por este motivo que não reconhecemos os direitos provenientes de sistemas culturais. Um índio amazônico que pratica estupros e depois se refugia na sua taba, não pode alegar que está apenas exercitando uma prática cultural, assim como um religioso não pode negar uma transfusão de sangue ao filho. São apenas práticas consuetudinárias, não representam direitos pelo fato de não terem sido organizadas em sistemas jurídicos.
O segundo aspecto, quando existe uma construção sistemática, como por exemplo nas ditaduras teocráticas, devemos nos perguntar por que não reconhecemos, o apedrejamento de adúlteras como direito legítimo, mas apenas como uma prática bárbara.
Não basta ao direito apenas o aspecto sistemático, mas é preciso também uma construção lógica. O arbítrio não faz parte das regras do jogo, pois o “acorde” sairá destoante se usarmos notas em um instrumento desafinado. Assim, quando uma sociedade obriga a todos os homens usarem barba, não se consegue ver uma lógica, senão a da imposição religiosa, facilmente contestada por qualquer um que pense diferente.
Existe ainda um terceiro fator que faz com que não reconheçamos direitos, que é quando existe um sistema e existe também uma construção lógica, mas mesmo assim não ocorre o justo. O melhor exemplo é o nazismo que possuía um direito com tais características.
Acontece que além de ser sistemático e lógico, o direito é sempre um sistema que tem coerência consigo mesmo, isto é, é preciso que respeite os fundamentos sistêmicos, que são históricos, acordados internacionalmente e baseados nas “notas e acordes” jurídicos, que são os princípios fundamentais, os bens juridicamente protegidos e as normas programáticas. Um sistema jurídico que crie uma ruptura com tudo o que foi estabelecido pela própria sociedade e pelas sociedades do seu entorno simplesmente não é reconhecido.
Assim, o justo deve possuir três características: é sistêmico, como sinônimo de organização formal, é lógico, como antônimo de arbitrário e é lógico-sistêmico, significando que deve seguir a construção que lhe é própria, não admitindo rupturas impostas por um grupo minoritário.
É por isso que admitimos o direito chinês, apesar de exótico para nós ocidentais, e não reconhecemos direitos iranianos. Os chineses apenas têm um sistema diferente, mas têm todas as características que reconhecemos como justo, permitindo que o aceitemos como coerente.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Barqueiros e Navegadores

Barcos vão e barcos vêm.
Alguns, balsas, que vão daqui até ali, nunca saindo das duas margens em que se propuseram estar.
Existem barqueiros que descem e sobem o rio. Conhecem os atracadouros, suas cargas, suas pessoas e estão satisfeitos consigo mesmos porque fazem algo importante e útil. E estão certos no seu trabalho, ninguém duvida da sua competência e necessidade.
No entanto, existem aqueles que vão mais longe, além da desembocadura e aventuram-se para o mar bravio. Passam a rebentação das ondas e descobrem as maravilhas da costa. São aqueles que vislumbram as areias finas, os coqueiros e tartarugas que ali se encontram.
E o que sobra para os navegadores solitários que vão além?
Vão para onde? Para o outro lado do mar? Que lado, se existem muitas praias e atracadouros? Qual é o rumo que a bússola e as estrelas traçarão?
Enfrentarão tempestades e ondas gigantescas.
E o tédio e a monotonia dos fracos ventos.
E os azares da sorte, azares de toda sorte.
No entanto ao chegarem – se chegarem – terão ido além, muito além, daquele balseiro que só vislumbrava a margem seguinte do rio.
Assim, nas rotas que o destino traça e que nós só, arrogantemente, pensamos que traçamos, ao perguntares, amigo, por que não vês a outra margem, o destino que a vida nos apronta, o motivo é só um: porque ela está muito distante, do outro lado do mar.
E a essa margem, invisível, desconhecida e incerta, só aqueles com coragem, persistência e que veem com os olhos da alma é que conseguem alcançar.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Da Igualdade e do Futuro

Como garantir iguais oportunidades e os direitos conquistados às gerações futuras?
Para respondermos essas questões devemos nos perguntar qual é a razão das desigualdades entre os homens. Por este termo, nos referimos especificamente às desigualdades econômicas, que são de dois tipos, qualitativas e quantitativas.
Como sabemos, um cirurgião neurológico normalmente recebe muito mais pelos seus serviços do que um professor de história, mesmo que ambos tenham passado o mesmo tempo nos bancos escolares.
Por que isso ocorre? Porque existe uma diferença econômica qualitativa: quando tivermos um tumor no cérebro teremos necessariamente que procurar um médico, mas podemos viver perfeitamente com uma dúvida em história. A necessidade imediata cria escassez de profissionais e gera diferenças salariais gritantes.
Por outro lado, dois médicos com a mesma formação, recebem também valores diferentes pelos seus serviços, pois ocorrem diferenças quantitativas, incluídos neste item não só a capacidade profissional individual, como também a capacidade de marketing, de empreendedorismo, de carisma e relacionamentos pessoais e até mesmo de sorte, que é um fator importante na vida.
A primeira resposta, portanto, é que iguais oportunidades não geram iguais resultados e isso não pode ser diferente, pois se recompensarmos as pessoas igualmente pelo resultado, isto é, equalizar o salário de todos em um único patamar, através de determinação estatal ou impostos muito desiguais, faltarão cirurgiões neurológicos e engenheiros aeroespaciais e sobrarão fotógrafos de mulheres nuas e degustadores de chocolate, pois o incentivo econômico é um dos principais fatores que determina a vocação.
Assim, podemos afirmar com certeza que o futuro não só não será igualitário, como gerarmos iguais oportunidades não nos aproximará dessa utopia absurda.
A segunda questão é como garantirmos os direitos conquistados às gerações futuras.
Ora, a queda do Muro de Berlim provou que é impossível planejar o direito e a economia no espaço, como poderíamos ousar planejá-los no tempo? A ideia de gerar uma colônia de formigas humanas não deu certo e nem dará, já que, desculpe ao leitor o lugar-comum de filosofia oriental barata, mas a única coisa permanente na vida é a mudança. As intrínsecas diferenças entre os homens, totalmente insanáveis, e a total imprevisibilidade do futuro nos garantem apenas uma afirmação: a de que nada é garantido.
Napoleão tentou criar um código civil dos franceses, com a pretensão de ser universal em vontades e valores, ficando totalmente ultrapassado poucos anos depois, já que a humanidade evolui. Todas as tentativas históricas neste sentido fracassaram de forma humilhante.
Mas, supondo que nós realmente tenhamos conquistado definitivamente valores e princípios universais, supondo que esses valores e princípios existam e sejam realmente universais, o que já é um ponto de partida completamente absurdo, mas vá lá, como os garantir às gerações futuras?
A resposta é: não podemos. Já que o ser humano, desigual por natureza, pensa, evolui, reconsidera, estuda, cresce...
E isso é bom.
E isso não deve ser mudado.
E, felizmente, não se pode.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Das Pessoas Que Eu Gosto

As pessoas que eu gosto possuem três características.
As pessoas que eu não vou muito com a cara não possuem uma ou mais dessas características.
As pessoas que eu gosto, gostam de comer bem.
E o que tem de tão especial nas pessoas que gostam de comer bem?
É porque o prazer não é algo estanque. Pessoas que gostam de comer bem, bem sabem também apreciar a beleza da vida, conseguem perceber a transcendência de uma obra de arte, o êxtase de um pôr-do-sol e a epifania de uma relação amorosa. E como o prazer não é algo estanque, têm também consciência da finitude desta efêmera vida e que se algo não fizerem do algo de tempo que lhes resta, passarão pela existência como se nunca tivessem existido.
Pessoas que gostam de comer bem, importam-se se tiverem que passar pela vida como se nunca tivessem existido, incomodam-se com a mediocridade.
Pessoas que gostam de comer bem é que trazem significância para o restante de seus pares, pares para os quais não têm muita importância as garfadas de pouco gosto.
As pessoas que eu gosto, têm caráter.
Não falo das pessoas que não furtam e nem atentam contra a vida de seus desafetos, não é desse caráter graúdo, ponto passivo, a que me refiro, sobre o qual nem seria preciso mencionar, mas o caráter minúsculo, cotidiano.
É não dizer uma coisa que não possa cumprir, apenas para levar uma vantagem momentânea. É não fazer coisas sobre as quais precise mentir. É interferir contra as injustiças, não aquelas injustiças que tenham sido praticadas contra si próprio, mas fundamentalmente defender o outro até o limite de suas possibilidades e forças simplesmente porque vê ali um rasgo de razão, é não se omitir, não se evadir, falar o que pensa, mesmo sabendo que algumas vezes vai fazer inimizades.
Por fim, as pessoas que eu gosto, não confundem caráter com moral.
As pessoas que eu gosto, são amorais.
Muitas vezes a moralidade é vista como algo positivo, mas dentro do meu ponto de vista, não passa de um desejo doentio de pertencer a um grupo. O moralista é aquele que pensa com a cabeça do outro, ou, pior, pensa com o dedo indicador do outro, que pensa que o aponta inquisitorialmente.
O moralista é aquele que pensa como pensa que o outro deve pensar do que ele próprio deveria pensar.
Ele pensa como o padre, como o papai e a mamãe, como o chefe, como o partido político, como o time de futebol, como o vizinho de muro deveriam pensar daquilo que ele deveria pensar.
São aquelas pessoas para as quais os do seu grupo são infinitamente, imaculadamente, bons e os adversários são impuros e passivos de eliminação.
São aquelas pessoas que pensam que a sua moral é o seu caráter, ou mais ainda, o caráter único existente. Incontestável.
Só as pessoas amorais são livres porque se comunicam diretamente consigo mesmas, sem intermediários, portanto não são capazes de mentir para si próprias e consequentemente não têm a capacidade de mentir para o próximo.
E quem não mente, quem tem caráter e quem come bem é uma pessoa íntegra.
E essas são as pessoas que eu gosto. As demais, não vou muito com a cara.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Gerador de Densidade Variável

Criei um gerador elétrico. Veja e tire suas próprias conclusões:

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Por uma anti-jurisprudência.

O conflito entre a liberdade de expressão e os demais direitos fundamentais é uma questão discutida mundialmente. São lugares-comuns casos jurídicos como o de Larry Flynt, editor americano de revistas pornográficas; a decisão de 1969 que permitia queimar a bandeira americana como forma de expressão e, mais recentemente, a questão das charges de Maomé, por um jornal dinamarquês.
No Brasil, também temos um grande número de decisões polêmicas sobre liberdade de expressão, muitas das quais foram decididas pelo Supremo Tribunal Federal, recordando:
- O caso Ellwanger (1996, 1ª Condenação) – Siegfried Ellwanger publicava metodicamente livros anti-semitas. No final, o STF votou pela condenação do réu;
- Chute na Santa (1995) – o pastor evangélico Sérgio Von Helder proferiu insultos e chutou uma santa católica na TV. Foi condenado pelo juiz da 12º Vara Criminal de São Paulo, Ruy Alberto Leme Cavalheiro, a dois anos e dois meses de prisão por crimes de discriminação religiosa e vilipêndio à imagem;
- O caso Planet Hemp (1997) – a banda carioca fazia músicas sobre a maconha. Seus componentes foram criminalizados por apologia às drogas;
- Condenação do Blog Imprensa Marrom (2004) – O blog foi retirado do ar por decisão judicial, causada por comentários impróprios dos seus usuários;
- Piloto Mostrou o Dedo (2004) – O piloto americano Dale Robbin fez um gesto obsceno para um policial brasileiro ao ser fotografado na alfândega. A companhia pagou multa de R$ 36.000,00 e o piloto foi liberado;
- Bibliografia não-autorizada de Roberto Carlos (2006) – o fã Paulo César de Araujo decidiu escrever uma bibliografia do Cantor Roberto Carlos, que ingressou judicialmente para bloquear sua publicação. A venda foi proibida e um acordo com a editora foi firmado;
- Caso Cicarelli (2006) – a modelo Daniella Cicarelli Lemos foi filmada em cena de sexo em uma praia da Espanha. A decisão foi no sentido da retirada do conteúdo do vídeo de sites da Internet, como YouTube e similares.
Qual é a diferença dos casos brasileiros em face aos estrangeiros? É que por aqui uma ação judicial que verse sobre liberdade de expressão será necessariamente derrotada nos tribunais, ou pela estrutura legal, de forma metódica, constante, em cem por cento dos casos, o que não acontece em outros países. Não seria insano afirmar que, para evitar decisões continuadas, gasto de tempo, dinheiro e esforço, o STF deveria publicar uma Súmula Vinculante com a redação “Em casos de conflitos de princípios que envolvam liberdade de expressão, este fundamento deve ser considerado em um nível hierárquico inferior a todos os demais.”
Acontece que os princípios constitucionais não possuem hierarquia. Portanto, no momento em que o nosso sistema legal coloca a liberdade de expressão como inferior, está indo contra a Lei Suprema do país. Deixa de ocorrer a equidade aristotélica, tão cara ao se fazer justiça no decorrer nos últimos dois milênios e meio.
Ora, os tribunais seguem a jurisprudência. No entanto, o que acontece quando, não uma decisão de um caso particular, mas todo o conjunto de pensamento das melhores mentes decisórias do país, ferem um fundamento?
A resposta é simples, é preciso criar uma anti-jurisprudência, pois nem a letra da constituição, e nem as decisões anteriores, nos servem mais.
As decisões judiciais servem para livrar o juiz do engessamento da lei, a anti-jurisprudência, deveria servir para livrar o juiz das decisões pouco equânimes dos demais.
O que tem acontecido é que, em outras palavras, como diria o humorista Millôr Fernandes, por aqui “Livre-pensar, é só pensar!”
De que trata a liberdade de expressão? Publicar fotos de paisagens e receitas de bolos ou se refere a temas mais contundentes? Será que remete ao nosso direito de falar ou ao nosso dever de escutar aquilo que discordamos? Sem defendermos a liberdade do outro, não poderemos defender a liberdade própria, essa é a questão.
Enquanto isso não ocorrer, no Brasil não poderemos acompanhar Voltaire que dizia “Não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de o dizeres”, pois liberdade de expressão não tem funcionado por aqui.
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PS. A decisão do STF em permitir que humoristas zombem dos políticos, editada logo após a publicação desta postagem, talvez nos aponte uma mudança de ventos na liberdade de expressão. Veremos o que vem por aí.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Leite

O governo não gera dinheiro, apenas repassa aquilo que arrecada.
Digamos que o governo passe a conceder bolsa-leite para os pobres.
Para arrecadar esse dinheiro, ele cobraria impostos sobre o leite.
Cobrando impostos, o preço do leite sobe.
Todos pagam mais pelo produto, inclusive os pobres.
No meio do caminho entre a arrecadação e o repasse, existem perdas.
Essas perdas são decorrentes (a) dos custos burocráticos e (b) da corrupção.
Ora, direis, mas as alíquotas do leite são reduzidas, não são cobrados impostos severos.
Sim, respondo-vos, mas cobrar-se-ão, demasiada e extorsivamente, impostos do caminhão do leite, do combustível do caminhão do leite, da loja que vende o leite, do salário do empregado, da fazenda, da vaca... Em última instância, o preço sobe, portanto cobram-se impostos sobre o leite, apesar de não aparentar.
Em resumo, o que o governo faz?
Ele tira dinheiro do leite dos pobres, roubando um pouco, ou muito, no meio do caminho, e depois devolve esse dinheiro aos pobres na forma de leite.
E assim, sobre aquilo que os pobres ganhariam, acabam por pagar a mais no preço do tão necessário leite, levando prejuízo.
E assim, os pobres, iludidos por essa mirabolante matemática, votam nos candidatos do governo.
E assim, os nossos inteligentes intelectuais, interessados em também mamar, saem por aí dizendo que nunca antes na história desse país, tantos pobres tomaram tanto leite.

domingo, 16 de maio de 2010

POR QUE O SEU PRETENDENTE NÃO SE COÇA PRÁ CASAR?

Os bebês do sexo masculino nascem em uma proporção levemente maior do que os do sexo feminino, mas quando chegam à idade madura, existem mais mulheres do que homens, já que estes, além de possuírem um organismo mais frágil, se envolvem mais em brigas e acidentes de toda espécie.
Essa questão se acentua à medida que os anos passam, quanto mais velhos, maior é essa diferença, chegando ao ponto de as mulheres viverem em média de cinco a sete anos a mais que os seus parceiros.
Pois bem, isso quer dizer que, matematicamente falando, a nossa sociedade condena um certo número de mulheres ao celibato, já que não existem maridos para todas. Algumas poucas irão casar-se para sempre, muitas apenas por algum tempo, e outras envelhecerão, com os filhos que tiveram de diversos relacionamentos vivendo em outras cidades, em um apartamento cheirando à naftalina e repleto de gatos. A triste realidade é essa.
Nas tragédias de Shakespeare, a paixão era tratada como algo de adolescentes: Romeu e Julieta, Hamlet e Ofélia, etc. Naquele sábio autor, o único personagem maduro que se apaixona, é Otelo, a representação de um louco.
Como, via de regra, a maioria das pessoas não se casa jovem demais, devemos considerar que hoje em dia o ato de contrair matrimônio é uma atitude racional, não um mero arrebatamento da juventude.
Por isso, mulheres sonhadoras, aqui vão algumas perguntas para vocês pensarem. Por que o seu pretendente haveria de casar com você, existindo uma boa quantidade de mulheres disponíveis e uma liberalização de costumes que permite que ele troque de namorada sempre que se atrair por outra? Se ele não for psicopata ou tiver algum retardo mental, ele avaliará alguns critérios mais comuns.
As pessoas sempre procuram pela pessoa certa, mas você deve se perguntar: “- Eu sou a pessoa certa?”. Para isso, responda as seguintes perguntas, algumas delas atraem, outras repelem os homens.

Perguntas cuja resposta positiva AUMENTAM as possibilidades de casar:
- Você é linda, maravilhosa, com um rosto lindo e suave, um corpo curvilíneo e firme? – Isso, por si só, poderá segurá-lo pelo tempo da juventude.
- Você é bem cuidada, com unhas e cabelos bonitos, pele lisa e viçosa, com roupas elegantes e adequadas às mais diversas situações?
- Você tem níveis sócio-econômico, cultural e de atratividade sexual igual, ou, preferencialmente, levemente superior ao do seu pretendente ou você está num patamar muito abaixo do dele?
- Ele gosta de conversar com você, isto é, vocês entram em um carro em Belo Horizonte e vão rindo e se divertindo até Santa Catarina, ou depois de poucos quilômetros iniciam as críticas e recriminações que os fazem ficar calados durante todo o trajeto? (Gosto por conversar, este é o melhor motivo para casar, só se encontra isso, com sorte, a cada 15 anos de vida...)
- Ele tem uma pequena propriedade rural e precisa de alguém para cozinhar enquanto ele dirige o trator?
- Ele tem filhos e precisa de uma babá para eles?
- Ele está falido e você é rica, de maneira que ele possa dar o “golpe do baú”?
- Você é bissexual e já tentou propor para ele um relacionamento a três? (essa aumenta em muito as possibilidades)
- Ele já está ficando velho e teme precisar de uma enfermeira 24 horas, no futuro?
- Ele é muito jovem e quer arrumar um pretexto para sair da casa dos pais?
- Ele já é casado e quer arrumar um pretexto para ter coragem de largar a esposa?
- Você ainda é virgem e falou para ele que só deixará de ser com o seu marido?
- Ele é religioso fanático ou pertence a algum grupo social que não tolera homens solteiros?
- Ele precisa casar-se para ascender profissionalmente?
- Ele é maníaco por algum hobby, esporte, crença ou trabalho que não lhe dê tempo para procurar outros relacionamentos?
- Ele é estrangeiro e precisa permanecer no país?

Perguntas cuja resposta positiva DIMINUEM as possibilidades de casar:
- Você fuma, bebe em excesso, é dependente de drogas ou medicamentos, tem surtos psicóticos, fala palavrões, é grosseira ou vulgar?
- Ele teria algum motivo para se envergonhar de você de alguma forma?
- Você é muito velha para ele?
- Você é uma alta executiva que fica tratando de negócios pelo celular a cada dez minutos?
- Você tem filhos e quer que ele os assuma, junto com todos os seus problemas econômicos, jurídicos e pessoais?
- Você herdará no futuro um negócio do qual você não gosta e nem entende bulhufas, e só precisa de um administrador?
- Ele conhece bem as pessoas com quem você já transou?

Estas são algumas das principais condições para que os homens se casem ou deixem de casar.
Você, mulher sonhadora, acha que é capaz de se enquadrar nas positivas e evitar as negativas ou será que ele está com você só por uns tempos, para usá-la como brinquedinho sexual enquanto não encontra outro melhor?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

O Fogo de Prometeu

Ontem assisti um vídeo impressionante que pode ser visto NESTE LINK, em inglês, em que os cientistas ensinaram a um gorila que ele iria morrer um dia.
O bicho ficou depressivo. Nunca na minha vida tinha visto algo tão cruel com um animal, os pesquisadores tiraram o macacão do paraíso.
Mas, ora, diriam os protetores dos animais, esse era o elemento que faltava para tornar os bichos como sujeitos de direito, idéia que, aliás, está sendo cogitada na Alemanha, afinal, o que nos separa dos animais não é exatamente a consciência de que temos da morte?
Se considerarmos como seres inferiores os animais que pintam, têm linguagem, criam ferramentas, são solidários e também praticam crueldade por prazer, criam escravidão e, agora sabemos, até podem ter consciência da morte, qual argumento que poderíamos usar para não utilizarmos, por exemplo, pessoas com retardos mentais como cobaias de remédios e tratamentos? Os nazistas fizeram isso, por que abominamos essa atitude e aceitamos que ratos sejam aleijados para testarmos os efeitos das células-tronco? Será que é só uma questão de grau de inteligência? Ou será que simplesmente desprezamos o que é diverso a nós? Qual seria a qualidade que nos torna diferentes dos outros habitantes do planeta?
A resposta é que, nós não só temos consciência da morte, mas também do prazer, além de sentirmos prazer, nós sabemos que sentimos prazer. Eros e Thanatos. Além de sabermos que vamos morrer, sabemos também que cada grão de areia que cai da ampulheta representa todo um universo único e que podemos fazer escolhas que geram benefícios no tempo que nos resta e para aqueles que ficarão depois que nós nos formos. Nós criamos, por esse motivo, obras de arquitetura, obras artísticas, estruturas sociais e econômicas, estruturas de comunicação, viagens a outros planetas...
Os animais não fazem nada disso, não porque possuem um grau de inteligência inferior, mas lhes falta a qualidade de pensamento que é completamente diversa da nossa. Não, não é apenas uma questão de grau.
Nós temos a noção do tempo, da efemeridade, eles não. Isso nos aproxima dos deuses, o que nos autoriza a nos proclamarmos senhores da Terra e considerarmos um bicho estranho vindo de outro planeta, mas com tais características, que porventura aportasse por aqui como um igual a nós, mas não um gorila, que é 97% geneticamente idêntico ao ser humano.
Aos animais, devemos apenas piedade, aos humanos, uma quase divinação.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Pensamento Retrógrado

Nos últimos meses, tenho assistido algumas palestras de eminentes juristas e sérios operadores do direito, e estive observando que muitas pessoas ainda não perceberam que as regras do jogo político mudaram.
O que tem sido mais criticado é a atuação do Judiciário como legislador, através de súmulas, principalmente as, segundo os estudiosos, temíveis súmulas vinculantes que obrigam os juízes de instâncias inferiores a agirem de acordo com as decisões do Supremo Tribunal Federal.
Para entendermos a importância dessa nova concepção da justiça brasileira, devemos considerar que após a Constituição de 1988, foi dado ao executivo um poder nunca dantes visto na história deste país. O Presidente da República pode propor emendas à constituição e emitir medidas provisórias. Além disso, tem o poder de lançar o orçamento da União e vetar a concessão de cargos.
Isso faz com que tenhamos um legislativo disciplinado: se o deputado não votar conforme a vontade do executivo, não recebe nem dinheirinho para financiar sua base eleitoral, nem empreguinho para seus amiguinhos, isso é, provavelmente não se reelegerá.
O tom jocoso do parágrafo acima é contra a situação humana, não uma crítica ao nosso sistema político. Bem ao contrário, esse cabresto se trata de um fator positivo. É assim que funciona nos países desenvolvidos, de outra forma, o legislativo viraria um caldeirão de complôs, como ocorria antes de 1964: o único presidente que tinha conseguido terminar o seu mandato, tinha sido JK, e mesmo assim, com 4 tentativas de golpe. O voto disciplinado no legislativo é um fator de progresso da política brasileira pós 1988.
Se houvessem apenas dois poderes, portanto, teríamos uma oclocracia: as plebes elegeriam um demagogo qualquer, que teria o congresso nacional em suas garras, podendo fazer o que bem entendesse.
Aqui é que entra o judiciário.
Quando se fala que as súmulas vinculantes não são função daqueles que estão ali apenas para julgar, pois na prática estão criando lei e não apenas interpretando, podemos perceber claramente um discurso daqueles que acreditam que as leis devem ser feitas apenas pelo povo, ou melhor, por aqueles que supostamente representam a vontade da turba facilmente manuseável.
Ora, a lei dos costumes é muito mais representativa da vontade popular do que a lei escrita, normalmente manuseada pelos poderosos. Os países anglo-saxões funcionam dessa maneira e possuem sociedades inegavelmente prósperas, por que tanto medo de copiar o que tem funcionado em outros países?
Essa nítida ojeriza ao STF que vem se manifestando nas universidades públicas e em amplos setores da imprensa que dependem de publicidade estatal, representa apenas, simplesmente isso, uma tentativa de criar mais e mais generais de republiquetas, que muito estiveram presentes nas histórias das nações sulamericanas. Os caudilhos de plantão detestam a idéia de que a sua pujança política possa ser contida por algo tão banal como um simples pedaço de papel no qual está escrita a palavra “Constituição”.
Ao mesmo tempo, juízes do Supremo representam um poder de pessoas, pelo menos teoricamente, lidas e cultas, que não se deixam enganar tão facilmente quanto às massas semi-analfabetas. E, o inferno total na visão desses hitleres liliputianos, sendo cargos de nomeação, tem-se grande chance de ali estar, na figura do juiz, um inimigo político, elevado ao cargo por um antecessor cruel.
Assim, é claro, aos olhos dos nossos esquerdinhas de plantão, loucos de vontade por uma chance de implantar o regime das massas facilmente manipuláveis, o STF é um monstro que precisa ser combatido. Afinal, para eles, quem é que esses senhores juízes pensam que são, para se proclamarem o guardiões da Constituição?

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Feliz Ano Novo!

Depois das festas de ano novo cristão, judaico e chinês, desejo a todos os leitores um feliz Ano Novo Brasileiro: na primeira segunda-feira depois do carnaval, é que o ano realmente começa por aqui com toda a sua brasilidade.



P.S.: A ralé voltou das farofadas nas praias... O trânsito está um inferno...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

A Cura da Morte

No meu outro blog, A Cura da Morte, citei a reportagem da revista Superinteressante deste mês, que fala sobre a possibilidade de o ser humano conquistar a imortalidade.
Vale a pena comprar a revista, é um assunto bem pertinente que ainda é falado como assunto de ficção, mas aos poucos vai ganhando a atenção dos cientistas.
Por enquanto, a reportagem cita algumas linhas de pesquisa:
1. injeções de telemerase (fragmentos das pontas dos nossos cromossomos), que poderão tornar nossas células mais resistentes;
2. injeções de células-tronco;
3. pílulas que simulam a falta de alimentos (comer menos aumenta o tempo de vida...);
4. ingerir água pesada para impedir a oxidação provocada pelos radicais livres.
Enquanto essas novidades não chegam até nós, nos resta comer saladas e não fumar.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Coisas que Poucos Conhecem

Inclusive eu, por isso fui pesquisar na Internet.

Onde fica o Bojador?
O poema de Fernando Pessoa fala do Bojador.

“Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!
Valeu a pena?
Tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.”

No entanto onde fica isso? O Cabo Bojador fica na costa da África, no Saara Ocidental, basta procurar no Google Mapas. É uma curva daquele continente.

Passar por ele significava arriscar ser comido pelos dragões do mar que, para os marinheiros de então, viviam além desse ponto. Para passar o Bojador, portanto, era preciso vencer o medo do desconhecido.

E Taprobana, onde fica?
Camões falava que os lusíadas foram além, muito além de Taprobana.
Este é o nome antigo do Ceilão, que é o nome antigo do Sri-Lanka. Aquele ponto foi, depois do Bojador, considerado o local limítrofe, além do qual, viviam os dragões do mar (de novo os dragões???). Passar além dali significava arriscar cair pela borda da terra plana e ser devorado pelos monstros.

Onde se conseguem mudas de flor-de-lis?

A flor de lis era uma figura de heráldica (uma espécie de clip-art antigo) da monarquia francesa.
Não se sabe exatamente se a palavra tem a ver com um galicismo de lírio, ou uma corruptela de Luís. Ainda que exista uma flor que dá de bulbos, chamada flor-de-lis, não se tem a relação entre esta e o símbolo.

Quem foi Zebedeu?
Todo mundo sabe que o pai do filho do Zebedeu é o próprio Zebedeu, mas quem foi ele?
Conforme a Wikipédia:
“Zebedeu é um personagem bíblico do Novo Testamento, citado nos Evangelhos como sendo o pai de João e de Tiago (Mt 10:2).
Pelo que se depreende da leitura bíblica, Zebedeu seria um judeu próspero que tinha barcos de pesca e empregados a seu dispor.”

O que são mafagafos?
Mafagafo, do quebra-línguas: “Em um ninho de mafagafos haviam sete mafagafinhos;quem afagar mais mafagafinhos, bom afagador será.” é uma ave da família do tuiuiú que vive no território brasileiro.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Imperialistas de Pouca Prática


Conta-se que o grande e o mau vendedores de sapatos chegaram em uma aldeia em que ninguém usava sapatos. O mau vendedor falou “Vamos embora, aqui ninguém usa sapatos.” O grande vendedor, no entanto, exclamou: “Nossa, que grande oportunidade! Aqui ninguém usa sapatos!”
A Europa e os Estados Unidos já perceberam que grande oportunidade será a reconstrução do Haiti. Quantas obras de engenharia, quanto de comida, bens de consumo, transportes, enfim, quanto de tudo será necessário para construir um país a partir do zero?
Será que vamos aproveitar para enviarmos as nossas construtoras, vendermos as nossas panelas e os nossos ônibus de Caxias do Sul, as nossas toalhas de Blumenau, nossas TVs de Manaus, nossos carros flex, nosso etanol e os nossos sapatos de Franca? Nós, que demos a sorte de sermos o número um por lá, por que não aproveitar? Afinal, para quem conhece alguns haitianos sabe que basta apontar para si mesmo e falar “brésilien! Ronaldô!” para receber em troca um largo sorriso, pois somos um povo querido naquele país. As nossas tropas estão ajudando nesse momento difícil, no maior número dentre os estrangeiros, muito mais do que salvar vidas e colocar ordem, estamos ensinando a língua portuguesa e os costumes brasileiros, batendo bola com a meninada, enviando novelas de TV, enfim, fazendo o mesmo que os soldados americanos faziam quando distribuíam chicletes para as crianças alemãs logo após a 2ª guerra.
A primeira coisa que os Estados Unidos fizeram foi organizar o tráfego aéreo. Perdemos essa, pois já está na cara quem é o candidato óbvio para reconstruir o aeroporto, mas em muitas outras obras e serviços, estaremos na frente com larga vantagem.
Agora basta saber se o que queremos com as nossas tropas naquele país são dois assentos, um no Conselho de Segurança da ONU e outro no céu pela boa ação, ou se vamos aproveitar a oportunidade que se abriu diante de nós para ganhar mais um estado-irmão do nosso território. Sim, pois o Haiti tem tudo para se tornar para nós o que Porto Rico é para os Estados Unidos. Muito mais do que a questão humanitária, é de nosso total interesse prover o país de infra-estrutura, pois se não o fizermos, certamente uma ilha que aponte para o lado sul de Cuba será extremamente estratégica para o Grande Irmão do Norte. E providenciar infra-estrutura, é o que os americanos sabem fazer de melhor, temos um concorrente forte.
Os nossos esquerdinhas de plantão ficam arrepiados só de ouvir falar da palavra imperialismo, mas o que eles querem? Com essa bola que recebemos, quicando na frente do gol, será que vamos deixar de chutar?
Charge: neccint.wordpress.com

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Os Miseráveis


Pobreza é algo físico, é não ter o mínimo para as necessidades. Miséria é diferente, trata-se de uma pobreza da alma.
Existem pobres que são miseráveis e existem também, paradoxo, milionários que são miseráveis. Ao contrário do que pode parecer em um primeiro golpe de vista, miséria não é relacionada com dinheiro, é algo mais profundo.
Mas não é pelo fato de ser algo da alma, que não pode ser apreciada no mundo material. Miséria é aquilo que faz com que a pessoa gaste milhares de dinheiros para construir uma casa, mas pelos anos seguintes não destine nada para rebocar e pintar as paredes. Miséria é aquilo que faz com que ao invés de criar um degrau ou uma rampa no declive da calçada, o cidadão apenas revista o terreno com concreto e ache que a sua obra está perfeita. Miséria é deixar o mato crescer no gramado.
Em um país pobre, as ruas são de terra, mas limpas e arborizadas, países miseráveis têm ruas asfaltadas, mas com o piso totalmente irregular e quando se aponta esse fato para as pessoas que vivem ali, elas apenas dizem: “a pista é boa, é asfaltada...!”, mas não, não é boa. Miséria é uma qualidade apenas “pro forma”, não uma melhoria real.
Assim distinguem-se os países desenvolvidos dos demais, não é questão de riqueza, de PIB, de IDH, nada disso, um índice que deveria ser criado, mais importante do que os outros todos, é o da miserabilidade do povo.
Assim, quando me falam que o nosso país tem melhorado a olhos vistos, eu pergunto, onde, que matemática é essa que não passa por um cálculo mais detalhado? Pagamos as contas? Aumentamos o salário mínimo? Vencemos a inflação? Confiamos no Voto Eletrônico? Entramos no IDH de países desenvolvidos? Somos das primeiras economias do mundo? Bravo! Bravo, bravo, Brasil!
Porém, pergunto, onde está o desenvolvimento, se vivemos com medo de sair às ruas. Os rios continuam poluídos porque as pessoas não têm saneamento básico. Milhões de cachorros vadios fazem cocô nas calçadas. Igrejas barulhentas, carros de som e música alta incomodam nosso cotidiano. As estradas continuam esburacadas e as cidades crescendo desordenadamente, mas todos acham que está tudo indo bem, porque a mentalidade continua miserável.
Mandamos um brasileiro ao espaço, mas não conseguimos ganhar um Nobel. A indústria de cinema é rica, mas não conseguimos ganhar um Oscar. Ajudamos diversos países, mas não conseguimos ganhar uma cadeira no Conselho de Segurança. Por que será que não somos reconhecidos? Coitadinhos de nós...
Estamos saindo da pobreza, que isso fique bem claro, mas para deixarmos a miséria isso será bem mais difícil, pois será preciso vencermos algo bem mais profundo, a pobreza da alma.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Segredos Culinários

No que diz respeito à cozinha, a gente vê muitas receitas por aí, mas quando chega na hora de fazer o simples, é preciso experiência. Assim, vou tentar passar aquilo que demorei alguns anos para aprender.

Como fazer café preto?
50% do segredo do café está na temperatura. Cada vez que ele troca de recipiente, perde calor, portanto, se não cuidar deste detalhe, você não fará um bom café.
O segundo segredo é jogar fora a cafeteira. Você já notou que o café da Tia do escritório é melhor do que o que você faz em casa? É porque ela passa manualmente, não usa máquinas.
O terceiro segredo é usar açúcar cristal ao invés do mais refinado.
Por fim, escolher um bom pó, o que todos acabamos descobrindo com a tentativa e erro.
A sequência de um bom café é a seguinte:
Aqueça uma certa quantidade de água numa chaleira, ela não deve ferver, mas chiar.
Aqueça um pouquinho de água no bule. Ao ferver, despeje na garrafa térmica para aquecê-la também. Na hora de servir, passe a água quente da garrafa para as xícaras de quem for tomar, já com as colherinhas para mexer lá dentro. Isso aquecerá todos os recipientes pelos quais o café for passar.
Para quatro pessoas, um pouquinho mais do que uma colher de sopa bem cheia de pó no filtro.
Vá passando lentamente, não deixando o pó se acumular nas paredes do filtro, até ficar uma água espumosa. Esse é o ponto para tomar com leite, sem que o leite fique aguado.
Um pouquinho mais de água e a espuma começará a rarear. Quando ainda tiver espuma e começar a aparecer um pouquinho (uns 30%) de café preto no fundo do filtro, esse é o ponto, mais água do que isso, vira chafé (americanos gostam!).
Depois de passar a água quente da garrafa térmica para as xícaras com colheres dentro, despeje o café pronto lá dentro e feche.

Como fazer uma omelete?
Bate-se, no máximo, três ovos com um pouquinho de sal.
Meia colher de sopa de manteiga (não, eu não falei margarina!) e umas gotas de óleo numa frigideira, fogo alto na boca pequena do fogão. Quando derreter a manteiga e ela começar a ferver, espalha-se com uma espátula e despejam-se os ovos, baixar o fogo ao mínimo.
Esperar formar uma camada no fundo para colocar os outros ingredientes (queijos de vários tipos, presunto, orégano, cogumelos, ou o que mais tiver na geladeira). Depois de os ingredientes estiverem incorporados, e não boiando no ovo, virar cuidadosamente com uma espátula e um garfo.
O outro lado deve estar dourado, nem cru, nem queimado.
Esperar mais um pouquinho para fritar o outro lado e servir na própria frigideira para não esfriar.
Se usar mais de três ovos, vai ficar difícil de virar, ficarão ovos mexidos...

Como fritar um bife?
Qualquer gaúcho nasce sabendo assar um churrasco, mas não sei por que cargas d´água não usam os mesmos princípios para a frigideiras.
Regras: o calor abre os poros e o sal os fecha. Carne deve ser preparada lentamente.
Coloca-se a carne crua (alcatra e mignon são bons!) na frigideira bem quente, com umas gotas de óleo e um pouco de manteiga, como no ovo acima, e se dá uma tostada em cada lado do bife, até ele ficar marrom, ainda aparecendo um pouquinho de vermelho nos cantos.
Desliga-se o fogo, tira-se o bife e se passa um pouco de sal em ambos os lados (sal grosso, no caso de grelha). Não usar salmoura, água é inimiga da carne.
Liga-se o fogo no baixo e volta-se com a carne para a frigideira. À medida que vai ficando pronta, vai-se aumentando o fogo, até dar uma douradinha no final.
Se quiser um molhinho, joga-se um cálice de conhaque um pouquinho antes de acabar a fritura.
Se for o caso de um churrasco, a carne no espeto fica melhor do que na grelha, pois o furo do espeto transfere o calor para o interior, assando por igual. A função do procedimento esquenta-salga é abrir os poros para sair a primeira gordura e depois fechar os poros para manter a suculência.
Bife à milanesa se faz com patinho, fica firme e macio.
Como fazer macarrão?
Um saco (500g) dá para quatro pessoas. Matematicamente falando, meio saco dá para duas pessoas e um quarto dá para uma... Isso vale para qualquer tipo de massa daquelas secas, de supermercado.
Ferver a água (mais ou menos o dobro do volume do macarrão) com uma colher de sopa de sal.
Quando estiver fervida, manter o fogo alto e jogar a quantidade necessária para o número de convidados lá dentro. Baixar o fogo quando voltar a ferver. Lembre-se do colégio, a água ferve a uns 100ºC, não passa disso, não adianta usar fogo alto em fervuras, pois só vai gastar mais gás.
Mexer de vez em quando.
Quando estiver “al dente” (durinha, ou quando se cortar a massa em uma tábua, não se verificar que o interior está cru), passar para o escorredor.
Reaquecer o molho em uma panela e jogar tudo lá dentro, mexendo bem. Servir na própria panela ou em uma travessa previamente aquecida com água quente, pois massa fria perde a graça.

Quando estou sozinho, faço molho ao alho e óleo, é o mais fácil. Joga-se azeite de oliva em uma frigideira com alho picado em pedacinhos (uns 3-4 dentes por pessoa), fogo baixo. Quando os primeiros pedaços começarem a dourar, desligar o fogo, que eles terminarão de fritar sozinhos. Na hora de acrescentar a massa, aquecer novamente.

Como fazer iogurte natural?
Contando parece fácil, mas demorei mais de um ano para aprender os truques, errando quase toda semana...
Dois litros de leite de caixinha, um edredon (ou uma sacola térmica ou caixa de isopor), um termômetro de febre, um pote de sorvete de 2 litros e mais um tupperware menor e um copinho de iogurte Nestlé. Não pergunte os porquês, mas usando outras marcas, não fica legal, bem como usar leite em saquinho, não funciona.
Ferver meia caixa de leite. Enquanto isso, misture lentamente em uma tigela o restante do leite da caixa com o iogurte, de modo que ele fique sem pelotas.
Quando ferver, desligue e acrescente a outra caixa de leite. Por fim, acrescente a mistura anterior de iogurte e leite, mexendo por um minuto com uma colher grande. Não erre a ordem, senão os bacilos morrerão fervidos e não virarão iogurte.
Lave e esterilize o termômetro (supondo que você já o tenha colocado no sovaco) e verifique a temperatura. Aqueça o fogo até ultrapassar o limite do termômetro (mais de 43 graus). Quando passar essa temperatura desligue.
Transfira rapidamente para o pote de sorvete, deixando uns dois centímetros até a borda. O restante, coloque no tupperware menor. Feche os potes.
Rapidamente, coloque os potes em uma sacola de supermercado sem furos e amarre.
Enrole a sacola com os potes em um cobertor grosso ou coloque em uma sacola térmica e deixe ali a noite toda.
Na manhã seguinte, o iogurte ainda estará quente e um pouco líquido, mas algumas horas no refrigerador, deixarão ele firme.
Como cozinhar legumes?
Jogar em um panelão de água fervente com uma colher de sopa de sal, deixar ali alguns segundos de modo que fiquem verdes, mas não murchem.
Deixar muito tempo deixa os legumes sem cor, parecendo buffet de restaurante vagabundo.
Segredos simples, mas que poucas pessoas sabem.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Hospedeiros, Parasitas e Considerações sobre o Beco do Liberalismo

O pensamento liberal começou a se destacar das antigas considerações sobre democracia no momento em que principiou a se formar uma classe de comerciantes, ao ponto de relacionarmos o liberalismo com um pensamento eminentemente burguês.
Em paralelo a essa ideia monodimensional a respeito do liberalismo, podemos considerar que no período em que ocorreram as decadências das chamadas sociedades absolutistas, surgiram duas linhas de pensamento. A primeira dessas linhas foi exposta por Benjamin Constant de Rebeque que relacionava o conceito de liberdade com o de propriedade, liberdade serviria para livre negociar. Em oposição, Jean Jacques Rousseau, colocava liberdade como sinônimo de igualdade entre os indivíduos.
Nesse ponto de vista, o pensamento liberal, independente de ser mais tendencioso para o social, ou mais para o mercado, vem nos últimos duzentos anos buscando a resposta das perguntas propostas posteriormente por Jeremy Bentham, de como trazer um maior nível de bem estar e um menor grau de sofrimento aos seres vivos, e conseqüentemente ao homem e à sociedade.
Na busca dessas inquirições, passamos por dois tópicos importantes apontados por Tocqueville, no seu livro “A Democracia na América”, que são a preocupação em evitar uma tirania da maioria e também um despotismo do Estado.
John Stuart Mill nos trouxe uma nova luz sobre a palavra liberdade, antes ligada a um direito natural do ser humano, mas com ele vista como um valor relativo. Com ele, a liberdade deixa de ser vista como um valor individual, mas social, pois:
"Se toda a humanidade menos um fosse da mesma opinião, e apenas um indivíduo fosse de opinião contrária, a humanidade não teria maior direito de silenciar essa pessoa do que esta o teria, se pudesse, de silenciar a humanidade." (Stuart Mill, A Liberdade)
Com Stuart Mill, a defesa da liberdade do indivíduo passa a ser sinônimo da defesa da liberdade da sociedade. A legislação não deveria ser coercitiva, mas uma forma de aumentar as oportunidades individuais.
Assim, a discussão liberal paira entre dois extremos de igual poder e antagônicos, a defesa de um estado mínimo e um estado de direitos iguais para todos.
Não sendo esses valores de origem natural ou divina, a discussão liberal versa sobre as questões de poder: o poder civil, proprietário contra o poder dos diversos agrupamentos sociais que participam do processo democrático.

Este conflito nos leva para um beco, e as respostas que nos levam à saída residem num paradigma diverso daquele formulado pelos clássicos.
Existem vários grupos possíveis de poder dentro de uma sociedade, dependendo do ponto de vista a ser tomado.
A forma engeliana-marxista, de origem rousseauísta, divide a sociedade em fortes e fracos. Este escalonamento gera a ideia de classes sociais. Pérfidos empresários tirariam a mais-valia dos pobres operários para enriquecerem as suas custas. Por extensão, isso ocorreria com os malévolos países imperalistas, com a torpe raça branca, com os canalhas moradores das regiões mais industrializadas, com os grandes poluidores, com os insensíveis ocidentais em relação aos muçulmanos sofredores. Conflitos seriam sinônimo de desigualdades.
Esta visão dicotômica, no entanto, aborda um pensamento bastante pobre, ainda que de fácil digestão para as massas, uma vez que não explica diversas outras formas e nuanças existentes nas relações de poder. Maniqueísmos são sempre tão carregados de exceções que são facilmente invalidados por argumentos um pouco mais bem elaborados.
Por via inversa, por exemplo, existe o poder dos fracos. No passado, em reinados de soberanos poderosos, os bobos da corte muitas vezes eram anões, aleijados ou pessoas grotescas. No entanto, por serem considerados, ante a suntuosidade e suposta grandeza dos membros da corte, como coitadinhos ou miseráveis, gozavam de um poder político considerável. Eram os únicos que podiam zombar e criticar impunemente os mais poderosos.
O poder dos fracos é muito cotidiano em todas as sociedades. Quando deixamos de reclamar a um gerente da incompetência de um determinado caixa de supermercado, por exemplo, estamos nos compadecendo com a possibilidade de ele ser demitido ou sofrer sanções. Nós, na nossa grandeza de consumidores, nos auto-reservamos a qualidade de magnânimos, por mais prejudicados que sejamos. O mesmo, em maior escala, se dá em diversos grupos sociais, considerados fracos ou débeis, mas que na vida prática muitas vezes representam poderes consideráveis que influenciam diretamente decisões importantes de políticas nacionais. Não podemos dizer que o poder se dá apenas do mais forte para o mais fraco, pois ele ocorre muitas vezes no próprio sentido inverso.
No entanto, usando um termo bem engeliano-marxixta, a “classe dominante” não existe como tal, uma vez que a sociedade não é organizada apenas verticalmente, mas como produto de diversos interesses, inclusive o das associações dos chamados dominados. A disputa entre as diversas associações, as quais chamaremos para fins deste texto de “guildas” é que formam o vetor resultante de poder.
Veja-se bem, aqui entra a ideia de que a mistura de elementos gera uma condição completamente diversa daquela esperada pelo simples somatório das partes, assim como o sal de cozinha não tem as características nem do sódio, nem do cloro que o constitui, mas se transforma em algo totalmente diferente. As tartarugas das estruturas sociais não sobem em árvores, mas muitas vezes não são tampouco ali colocadas intencionalmente, são escaladas pela ação de diversas forças que se debatem entre si.
As guildas são núcleos de poder que não representam a vontade de uma “classe dominante” específica, mas uma vontade pertencente à própria instituição. Como exemplo, podemos citar a Igreja Católica, que constitui um corpo próprio, bem diferente da vontade do papa, dos cardeais, dos padres ou dos fiéis.
O poder se torna mais complexo se considerarmos que existem várias guildas concorrenciais. A Igreja Católica compete com outras religiões, que por sua vez concorrem com as guildas de profissionais liberais, que concorrem com sindicatos, grupos de professores, de estudantes, de servidores públicos, etc. O somatório de todas essas associações e mais algumas vontades independentes de alguns indivíduos é que constitui a vontade de uma determinada sociedade. A “classe dominante” é, portanto, um indivíduo abstrato e inexistente.
É por isso que não podemos definir o poder dentro de um maniqueísmo entre forte e fraco, entre dominante e dominado, pois essas relações não são apenas complexas, mas verdadeiramente caóticas.
Assim, devemos procurar um outro critério para conceituar classe dominante

Desde Spencer, a sociologia lança mão de conceitos da biologia para explicar as suas teses, sendo esta talvez a ciência que mais contribuiu para compreendermos fatos, eventos e estruturas sociais. Conceitos como o darwinismo social, ou a solidariedade orgânica de Émile Durkheim, nos permitem usar exemplos tirados das aglomerações animais e vegetais, e dos sistemas orgânicos.
Seguindo essa linha e nos remetendo à biologia, devemos considerar um Estado como formado por dois tipos humanos, os hospedeiros e os parasitas. Por “hospedeiro”, consideramos um organismo que possui existência autônoma e por “parasita” aquele que vive às custas do hospedeiro.
Na sociedade humana, podemos considerar como hospedeiro aquele que produz riquezas e por parasita, o indivíduo que suga a riqueza alheia sem nada produzir.
Por definição, em uma sociedade capitalista, o Estado é parasitário, uma vez que não produz riquezas. A iniciativa privada, é hospedeira.
Existem dois times diversos que se beneficiam do estado, a guilda dos políticos, apaniguados e colaboradores e o grupo dos burocratas e tecnocratas. Existe ainda um terceiro, que é o mais importante e mais numeroso, o dos cidadãos comuns e das pessoas jurídicas, que são os que pagam a conta dos impostos e que num mundo ideal deveriam ser alvo das eventuais benesses sociais.
É claro que esses critérios se confundem, pois temos ainda relações de mútua dependência entre diversos setores estatais e privados, o que, usando-se ainda as expressões da biologia, podemos chamar de mutualismo. Por exemplo, quando dois empreendedores necessitam assinar um contrato, é necessária uma instituição acima dos interesses individuais para decidir eventuais desavenças, que de outra forma precisariam ser resolvidas a bala. O mesmo se aplica para a defesa do território, criação de leis, etc., que são efetuadas por instituições, pelo menos teoricamente, mutualistas e, pelo menos teoricamente, neutras. No entanto, temos um sem-número de atividades que possuem finalidade em si próprias e que servem apenas para funções escusas do Estado: gabinetes-fantasmas, empresas públicas, muitas vezes deficitárias e toda sorte de organismos e instituições que em uma nação se instalam sem qualquer utilidade prática.
Ocorre que o parasita depende do hospedeiro para sobreviver, morrendo a árvore, morre também a erva-de-passarinho em que nela se apóia, por isso é preciso existir um controle que leve o Estado até um limiar extorsivo, acima do qual determinados setores da economia comecem a entrar em colapso e, por fim, a economia como um todo passe a decair.
Podemos melhor compreender esse fato pela visualização do gráfico a seguir, no qual a linha contínua representa o crescimento do lucro de uma determinada empresa e a linha pontilhada, o valor de impostos por ela pago.
À medida que essa empresa enriquece, o governo tem maiores possibilidades de produzir uma maior extorsão e é isso que normalmente faz, por exemplo, criando impostos diferenciados para pequenas e grandes empresas.
O ponto de encontro das duas linhas representa o momento que a empresa fechará as suas portas, uma vez que a carga tributária se igualará ao lucro.


Como as empresas precisam sobreviver, normalmente são obrigadas a sonegar os impostos extorsivos, seja de forma direta, simplesmente evitando de diversas maneiras o aparecimento de caixa ou também subornando fiscais.
Assim, a ideia do aumento dos impostos muitas vezes não é a de produzir um melhor ambiente de negócios, financiar o aumento da economia nacional ou produzir um welfare State que redunde em um aumento de consumo e consequente aumento de produção em um círculo virtuoso, mas cumpre uma das funções escusas do Estado que é a de produzir desvios para os bolsos parasitários.
Paralelo a isso, ocorre uma grande carga extorsiva na questão das importações, que gera duas consequências; a primeira que é a do monopólio das empresas nacionais, elevando os preços pagos pelo consumidor no mercado interno, o que é uma outra forma de aumentar as taxas impositivas e a segunda que é a do incentivo ao contrabando e suas consequentes extorsões pelos órgãos policiais e por toda a cadeia de burocratas e políticos alimentada pelos achaques aos fora-da-lei.
Por fim, os hospedeiros só possuem valor para o Estado, enquanto geradores da riqueza que alimenta essa sequência de injustiças. No momento em que uma empresa começa a decair ou um indivíduo deixa de dispor de sua força de trabalho, é totalmente abandonado aos desmandos da sorte, como acontece, por exemplo, com pequenos agricultores carentes de financiamento e velhos aposentados largados como lixo nas filas de postos de saúde. O Estado torna párias todos aqueles que não contribuem para a máquina das extorsões.
Isso funcionaria indefinidamente dessa forma se não existisse um limite possível para o volume de saques, o que obriga a máquina pública a se adequar ao volume de capital produzido pela extorsão dos impostos.
Para melhor compreendermos esse fenômeno, temos a seguinte fórmula:

Dádivas do Estado
+ Custos Administrativos
+ Soma dos Butins
+ Custo da Incompetência Estatal
_________________________________
= Volume Total de Saques

Por “butins”, nos referimos a todo o capital que é desviado na forma de financiamento às funções escusas governamentais, citados anteriormente: corrupção, cabides de emprego, gabinetes-fantasma, etc.
Em um governo próximo ao ideal, que é impossível para o tempo em que vivemos, praticamente não ocorreriam butins, mas o avanço tecnológico e diversos instrumentos de controle possibilitariam uma minimização desse fator, bem como também uma redução considerável dos custos administrativos, uma vez que o tamanho do butim cresce com o tamanho da máquina administrativa.
Por incompetência estatal, nos referimos àquelas perdas que não são diretamente fruto de corrupção ou custos da máquina: viadutos inacabados, decisões erradas, maus investimentos bancários, etc.
Esse é o motivo porque, quando falamos na constituição de um Estado ideal, aqui voltamos à dicotomia do pensamento clássico liberal entre os valores sociais e os valores de proprietários, ou falando em expressões atualizadas, é dada uma ênfase que paira entre o liberalismo econômico e a social-democracia ou welfare State, sem radicalizarmos entre um e outro polo. No momento em que os dons derivam para se aproximarem dos valores dos saques, temos um estado mínimo, de modo que poderíamos prever uma decadência do Estado em algum momento futuro, se houvessem meios tecnológicos para evitar atividades escusas. Clarificando: não pode existir Estado como nós o conhecemos hoje em dia em uma sociedade em que os dons se igualem aos saques, simplesmente porque seria mais fácil que os que necessitassem de serviços pagassem diretamente por eles, chegaríamos em um capitalismo anárquico.

No entanto, a inferição acima não nos leva à ideia de que os governos deixarão de existir um dia. Em primeiro lugar porque não é possível reduzir os custos administrativos a zero devido às necessidades de mediação em diversos setores aqui apontados como as finalidades primeiras do Estado.
Em segundo lugar, concorrem dois fatores, o de que a maioria das pessoas não têm talento empreendedor, não são previdentes e são perdulárias, o que as leva a sofrerem reveses da sorte. Quando isso ocorre, não é natural que os demais indivíduos permitam a destruição alheia sem nada fazer, a Lei da Selva, por mais justa que seja do ponto de vista natural, não é um valor humano. Assim como a maior parte das pessoas corre para ajudar uma senhora que tropeça e cai na rua, a solidariedade faz parte do comportamento dos homens. Infelizmente, os reveses da sorte e os erros de escolha pessoal levam a derrocadas que precisam ser suportadas por todos os demais, sob o risco de tornar o problema ainda maior. Se um pequeno agricultor imprevidente não tem mecanismos de sobreviver a uma safra ruim, ele fatalmente irá à falência, causando a destruição de todo o seu núcleo familiar e prejudicando a economia da região. Se um trabalhador que vive do seu salário não possuir dotações que o sustentem durante períodos de doença, o problema será ainda maior, fazendo que num momento posterior, a interferência para contornar as suas agruras sejam ainda de monta mais elevada, em um custo que precisa obrigatoriamente ser arcado por toda a sociedade. Assim a atitude de seguir a ideia da frase do juiz da Suprema Corte americana, Louis Brandeis (1856-1941) que interpretou a liberdade prevista na constituição pelo “direito de ser deixado em paz”, corre o risco de acabar decaindo em um aumento dos custos sociais e econômicos.

Considerando o beco criado pelos dois extremos previstos nos pensadores liberais clássicos, podemos considerar que, ainda que existam as tendências para isso, é pouco provável que ocorra um anarquismo de moldes socialistas ou, falando de forma extrema, um anarco-capitalismo, totalmente regulado pelo mercado. O futuro não se caracterizará pela dissolvência total do Estado, mas provavelmente pela minimização dos butins e consequente extinção ou minimização das funções escusas.

Portanto, descartadas tanto as ideias de classe dominante, quanto aquelas que supõem um mercado todo poderoso, podemos visualizar as sociedades humanas por duas formas, a primeira que separa hospedeiros, parasitas e mutualistas, ou pela visão de conflito Pagadores de Impostos x Políticos, patrocinadores e apaniguados x Burotecnocratas. Enquanto aquela nos fornece como principal instrumentalização de análise, a de como reduzir o parasitismo, esta nos informa como equilibrar os conflitos sociais e reduzir as desigualdades.
Para sairmos do beco da modernidade, não podemos mais nos apoiar nas concepções criadas pelos pensadores dos séculos XVIII e XIX, pois ocorreu uma considerável mudança de foco das disputas que ocorrem nas sociedades. O futuro se dará pela resolução desses novos conflitos.


BENTHAM, Jeremy e MILL, Stuart. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural: 1979.
www.achegas.net/numero/dezessete/fabricio_neves_17.htm

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Puxa, este blog vale quase US$5.000,00!

Entrei em um site de avaliações de websites e recebi um valor surpreendente: US$4,707.30. O difícil é encontrar quem queira comprar...

Considerando que tenho sido extremamente relapso com as postagens e mesmo assim recebido uma média de 520 visitas por mês, só tenho a agradecer a todos os leitores pelo carinho e pela fidelidade em de vez em quando marcar ponto por aqui.

Muito obrigado e saudações a todos!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Honestidade e um Bom Local para Morar

Saiu o índice 2009 da Transparência Internacional, clique no link da imagem para acompanhar este pensamento:

Para mim, parece que é a única maneira de classificar os países dentro de mesmas categorias: Canadá, Nova Zelândia e Escandinávia se parecem uns com os outros, assim como o Chile com o Uruguai, etc. A honestidade é mais importante do que qualquer estrutura política.

A pergunta que não quer calar é, será que, mesmo com um pouco mais de corrupção, a qualidade de vida nos Estados Unidos, França e Espanha não é melhor do que no Canadá ou Islândia, onde quase ninguém prefere viver? Uma certa liberdade para sair dos limites parece ser desejada e parece ainda que honestidade em excesso vem acompanhada de chatice. Uma coisa que eu já tinha percebido aparece nessa pesquisa também: o legal de se viver nos EUA, por exemplo, é justamente poder pisar na grama e atravessar a rua fora do sinal, isso é, não é um lugar chato de viver: ali não se precisa esperar abrir o sinal de pedestres às duas horas da manhã, sob dez graus negativos, em cada cruzamento da cidade. Essa minha opinião deve ser errada, pois na lista das consideradas 10 melhores cidades para se viver , todas estão nos locais de menor corrupção, mas no meu ponto de vista um pouco de bagunça parece algo conveniente.
O mapa mostra a “sensação” de corrupção. Será que isso não corresponde à realidade? A Argentina pode parecer em uma primeira vista menos corrupta do que o Brasil, mas viajar em uma estrada de interior por lá, significa pagar propina, aqui, um pouco menos (eu, pelo menos, nunca paguei). Parece que sim, por lá a corrupção é realmente um pouco maior, não é mera percepção.
E é essa liberdade de extrapolar limites na vida cotidiana e ao mesmo tempo ter limites no trato da coisa pública que gera riqueza e desenvolvimento, países em que esses dois fatores são combinados, são, para a maior parte das pessoas, considerados melhores de se viver.
Esperemos que um dia cheguemos lá, cá em Pindorama.

Essa ideia de que as repúblicas só são possíveis entre pessas virtuosas já era presente em Montesquieu, mas quando criaram um país, os federalistas americanos, de forma prática, preferiram tomar outro de seus pensamentos, o de criar freios e contrapesos à ambição humana. Penso que com o avanço da tecnologia, a virtude é um valor que pode ser perfeitamente retomado.Como eu repito sempre aqui no blog, tento fazer a minha parte, acho que a solução está nesta discussão: http://dinheiroeletronico.forums-free.com/ .

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Fórum do Dinheiro Eletrônico

Criei um fórum para que as pessoas possam discutir a ideia de um dinheiro eletrônico.
Para acessá-lo, CLIQUE AQUI.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Como um curitibano resgata um alien?

Repórter- Estamos aqui com nossa reportagem para entrevistar o sargento e enfermeiro de uma equipe médica que atendeu uma situação inusitada na região de Curitiba: a queda de um disco voador e o resgate dos seus dois tripulantes pelos socorristas. Por favor, pode contar para os nossos telespectadores como isso ocorreu?
Socorrista – Positivo. Estávamos de plantão à noite e recebemos um telefonema de que um avião havia caído na Serra do Mar, nos dirigimos ao local e descobrimos, depois de caminharmos alguns metros pelo meio do mato, que se tratava de uma espaçonave extraterrestre.
Repórter – E como vocês perceberam isso?
Socorrista – (Silêncio, com expressão de enfado).
Repórter – Bem, vamos à outra pergunta: o que vocês encontraram no local do acidente?
Socorrista – Havia dois seres acinzentados e de olhos grandes, um já morto, mas o outro continuava se movendo e tentando falar alguma coisa.
Repórter – E ele falava em uma língua incompreensível, certo?
Socorrista – Negativo. Ele falava em português mesmo. Português telepático.
Repórter – Nossa, quer dizer que vocês conseguiram se comunicar perfeitamente?
Socorrista – Mais ou menos. Cada vez que ele pensava palavras como “pobrema”, “mindingo” ou “salchicha”, dava uma dor de cabeça danada...
Repórter – Puxa, mas o ser extraterrestre falou sobre salsichas? E o que você respondeu?
Socorrista – Vina!
Repórter – Mas ele não falou nada de importante?
Socorrista – Falou que trazia uma mensagem fundamental para toda a humanidade. Que iria revelar a tecnologia dos vôos interplanetários e o sentido da vida.
Repórter – E daí, ele revelou isso?
Socorrista – No meio tempo, chegaram uns caras do exército, carregaram os extraterrestres numa camionete e mandaram a gente não contar essa história para ninguém.
Repórter – Nossa, que incrível!
Socorrista – É, mas não terminou por aí. Mesmo distante, o ET continuava tentando se comunicar telepaticamente comigo.
Repórter – E o que ele contou?
Socorrista – Nada. Eu não converso com estranhos.

domingo, 30 de agosto de 2009

Carta ao Prefeito de Curitiba

Dia 17/08 protocolei uma solicitação de retirada de cães das ruas de Curitiba. Para quem é de fora, vejam o que estão fazendo da cidade...
Exmo. Sr. Prefeito Municipal de Curitiba

Venho por meio desta protestar contra o grande número de cães abandonados pelas ruas de Curitiba.
Em telefonema ao serviço 156, fui informado que o recolhimento de cães foi suspenso desde 2008.
Ora, como é sabido, uma simples fêmea prenha abandonada pelas ruas, no decorrer de poucos anos gera algumas dezenas de milhares de descendentes, pois o problema cresce em ritmo exponencial.
O que a prefeitura está esperando? A copa do mundo, na esperança que os estrangeiros levem embora os totozinhos abandonados pelas ruas? Um milagre divino? Que a próxima administração resolva o problema?
É uma questão sanitária que se avoluma vertiginosamente e por isso cada vez fica mais difícil de resolver. É muito fácil defender um discurso de cidade ecológica, quando se tratam de focas do ártico ou tartarugas de mares distantes, mas será que Curitiba faz jus ao título que se auto proclamou, quando os problemas estão ali, na esquina? Toneladas de fezes depositadas nas ruas são levadas pelas chuvas aos nossos córregos e lagos. Doenças e ataques a pedestres são registradas todos os dias e o que foi feito a respeito? Latidos incomodam milhares de pessoas que têm suas noites de sono prejudicadas, reduzindo o potecial dos trabalhadores.
Conto o que foi feito nos últimos tempos! Uma campanha nos tótens de publicidade dos pontos de ônibus, com cachorrinhos simpáticos, implorando para que as pessoas não abandonem os seus animais. Será isso o suficiente?
Campanhas publicitárias geram lucro e capturar cães pelas ruas produzem antipatia, por isso, normalmente as administrações escolhem o caminho mais fácil e proveitoso, mas, vejamos bem, temos a copa de futebol pela frente, será que a municipalidade de Curitiba quer passar para o mundo a imagem de um imenso canil?
Não há solução, sem crueldade com os animais, o que é impedido pelos órgãos de meio ambiente? Sim existe, Porto Alegre está enfrentando o problema, recolhendo, castrando e identificando os cães por meio de chip eletrônico. Ao meu ver, um projeto que levasse os animais a uma morte rápida e sem sofrimento, como injeções letais, seria muito mais barato e produziria muito menos sofrimento aos cães que quando largados na rua são castigados com brigas, doenças, fome e maus tratos. De qualquer forma, algo precisa ser feito.
Feito o protesto, agora o meu problema particular: moro ao lado do Parque Tingüi e solicito o recolhimento de dezenas de cães que circulam pela região, atraídos pelo cheiro de churrascos que as pessoas fazem nos parques. Se não houver interesse em resolver o problema da cidade, pelo menos, imploro, resolva o da minha vizinhança, que já fico bastante agradecido.
Sem mais.
Respeitosamente,