quarta-feira, 16 de maio de 2007

Acordando

Moleza total...
O olho não queria abrir. O braço não queria mover. Só que eu tinha que levantar.
"Ahhhhhii llove to waake up iin the cityyyy..."
Espreguicei.
Passos curtos pelo corredor silencioso.
Mijada.
Lavar a cara.
Um bom copo d'água para tirar a ressaca de ontem.
Voltar para o quarto e me vestir...
Nossa! Que susto! Ai, ai, ai!
Tinha alguém deitado na minha cama, mas só com a luz do banheiro acesa eu não vi muito bem. Acendi a luz do quarto e o susto foi maior ainda. Era eu mesmo.
A gente sempre ouve aquelas histórias de pessoas que morrem e deixam o corpo, o meu primeiro pensamento foi por aí. Só que a gente também ouve que quando isso acontece vem uma luz pegar a gente com algum defunto querido dizendo: "caminha prá luz, caminha prá luz", mas, droga, eu não vi luz nenhuma. Quis sair correndo, mas tomei coragem e resolvi averiguar. Cheguei perto de mim, louco de medo de me ver roxo, mas não, eu estava bem coradinho.
Ressonando...
Eu já tinha ouvido falar em viagem astral, mas aquela era uma 'bad trip' astral. E agora? E o que é que eu iria fazer? Lembrei que eu poderia tirar vantagem da situação, dizem que nesses casos podemos ir para qualquer lugar que desejarmos. Pensei em surfar na Austrália. Fiquei me concentrando que eu estava dropando umas ondas maneiríssimas, mas nada. Abri os olhos e continuava no meu quarto.
Tudo normal, só eu é que não estava. Ser sonho é um saco.
Resolvi deixar prá lá, essas coisas acontecem, o melhor que eu poderia fazer era voltar a dormir e acordar certinho de manhã cedo. Afinal, não era nem quatro da madruga. Apaguei a luz (que eu percebi que eu não tinha nem acendido de verdade, só em sonho), deitei direitinho em cima de mim mesmo que dormia e adormeci.
Acordei beleza. Belisquei para ver se não era sonho de novo, levantei, mijada, água na cara e tudo o mais. Voltei para o quarto... Que saco. Eu estava dormindo ainda. E olha que o beliscão tinha doído, mas doído em sonho.
Olhei o relógio, não tinham passado nem quinze minutos da outra vez e, olha, parecia que eu tinha dormido um bolão. O que fazer? Fui até a geladeira traçar um rango e fiz um puta dum sandubão. Liguei o som e fiquei curtindo. Foi legal, em sonho a gente pode botar um som de arrasar sem acordar ninguém. Pensei em ir curtir alguma festa, só que era terça-feira e festa na terça, nem em sonho. Daí desisti.
Não adiantava. Eu tinha que enfrentar a realidade. Eu era um sonho com insônia! O véio de Liverpool estava errado "The dream is not over!", prá mim, pelo menos o sonho não tinha acabado.
Fazer o quê? Eu era um sonho jovem e, o pior de tudo, condenado à morte.
Eu nunca conseguia lembrar de sonho de manhã e eu sabia que o meu corpo iria acordar dali a pouco. Isso queria dizer que eu tinha pouco tempo de vida.
Para registrar a minha passagem no mundo só teve um jeito: sentei na mesa do meu quarto de sonho, acendi a luz de sonho, peguei uma caneta de sonho, um papel de sonho e, enquanto o eu de verdade morgava na cama, escrevi a minha história de sonho para que algum dia um outro sonho, como eu e você, pudesse ler.

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