terça-feira, 22 de maio de 2007

Aforismos Sobre o Prazer


Este texto busca reduzir um quarto de século de pesquisas, práticas e pensamentos em poucas linhas, para todos aqueles que buscam, não religião, mas elevação, não misticismo, mas sabedoria.
O povo drávida viveu 3000 anos a.C., no território da atual Índia.
Os drávidas criaram um sistema que buscava metodizar o prazer sensual e sexual.
O ato de cobrir o chão com um tecido para o ato sexual nos diferencia dos animais, por isso eles chamaram esse sistema de “tecido”, que em sânscrito se diz “tantra”. Uma tradução moderna e não-literal, portanto, seria “A Arte dos Lençóis”.
O tantra versa sobre temas diversos que levem ao prazer sexual: como organizar a casa, a arte dos perfumes, técnicas de alimentação, massagens sensuais, etc.
Duas dessas técnicas se salientaram: o maithuna, técnica de prolongar o ato sexual, e o yoga.
Yoga é uma palavra que se manteve, via latim, no idioma português: jugo. O yoga, ou jugo, é a arte de fazer o corpo obedecer aos anseios da mente com finalidade de levar ao prazer. Serve, portanto, para “subjugar” o corpo aos desejos.
O símbolo universal do yoga é o “OM”. Conforme podemos observar no desenho acima, o OM é representado por um órgão sexual masculino e um órgão sexual feminino, acompanhado de um conjunto lua-ponto.
Este conjunto, é o de uma lua (palavra feminina em todos os idiomas) e um “bija” que em sânscrito quer dizer “gota de esperma”. A leitura, desse “grafitti” pré-histórico, portanto, é: a união dos princípios feminino e masculino através do ato sexual.
A pronúncia do OM pode ser verificada em qualquer filme pornográfico: é o som que o ser humano emite quando sente prazer.
O objetivo do yoga é a ascensão da kundalini. Kundalini, em bom português, significa tesão, a onda de prazer sexual que nasce no períneo e sobe pelas costas até ao topo da cabeça e se movimenta em torno da coluna espinhal em forma de espiral. O osso sacro se chama assim devido a ser a raiz da kundalini. O símbolo da sabedoria sobre o corpo, a medicina, é representado pela kundalini subindo pelos principais nadis da coluna.
Nadis são “tubos” ou “canos” imaginários que os antigos pensavam existir, antes de existirem tomografias ou estudos anatômicos mais profundos. Ao batermos o cotovelo, sentimos um choque na mão que hoje sabemos ser um reflexo do sistema nervoso, mas os antigos pensavam se tratar de um “tubo” ligando o cotovelo à mão. A medicina moderna dá outros nomes para os nadis: sistema circulatório, sistemas de músculos, tubo digestivo, etc. Uma boa definição de nadi é “o caminho imaginário por onde se sente a tesão passar”.
Por estes “tubos” ou nadis, portanto, circula a kundalini, ou energia sexual.
O objetivo do yoga é controlar a tesão de modo que ela se movimente pelos “tubos” conforme a nossa vontade.
Para isso existem oito técnicas no yoga que devem ser ensinadas ao iniciante na seguinte ordem:
1. Contrações (bandha) : são “baterias” ou “capacitores”. Contrações e relaxamentos com a finalidade de “bombear” a kundalini.
2. Respiração (pranayama) : coordenação entre a respiração e a tesão.
3. Sonoridades (mantra) : emissão de sons vibrando regiões do corpo em seqüências específicas com a finalidade de movimentar a kundalini. Um parênteses: a ressonância sonora do corpo, como em uma caixa de som, corresponde a determinadas regiões. A vogal “U” ressoa com a parte baixa do corpo, depois a seqüência “O”, “A”, “E” e “I” vibram em partes mais altas (o “I”, corresponde ao topo da cabeça). Músicas e sons com seqüências específicas podem ser compostas.
4. A técnica do espreguiçamento (ásana): posturas que relaxam os nadis e nas quais o praticante deve concentrar em movimentos específicos de kundalini;
5. Gestos (mudrá) : são uma espécie de diodo em um circuito eletrônico. São “curto-circuitos” com a finalidade de direcionar ou concentrar a tesão.
6. Oferendas (pujá) : forma de direcionar a energia sexual para o mundo externo: amar, doar coisas (inclusive dinheiro), venerar (o que muitas vezes é confundido com religião), apreciar a beleza, criar arte, etc. Enfim, elevar-se.
7. Concentração (samyama) : prestar atenção das concentrações e movimentos da kundalini no corpo.
8. Relaxamento (yoganidrá) : espalhamento da energia de tesão por todo o corpo.
Limpezas do corpo (kriya) são normalmente ensinadas em aulas de yoga, mas não visam o movimento da kundalini, sendo portanto uma técnica do tantrismo, mas não têm como objetivo o “jugo” do corpo.
Não conheço nenhuma escola de yoga que ensine essa técnica com um viés sexual (acho até que no Brasil o instrutor seria preso!).
No entanto, é esse o verdadeiro yoga, a linha de pensamento que dá liga e sentido a todos os ensinamentos, sem precisarmos apelar à religião ou ao misticismo.

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