segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Futuro do Pretérito

É impressão minha, ou esta semana está uma modorra jornalística? Nada acontece, o Brasil parece estar em suspensão. Sem acidentes, novos escândalos ou crimes ainda mais bárbaros. Não que eu esteja agourando, querendo que o país volte a sua rotina normal, não, longe de mim, mas que está estranho, está.
Na falta de fatos novos, vou falar no futuro do pretérito. O que o governo poderia ter sido?
Posto que não creio que o Brasil vá virar um país de mentalidade liberal no próximo século e nem creio que vá virar uma Cuba. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Na verdade, acho que vai continuar assim como já estamos acostumados, 90% da população pagando impostos para os 10% dos funcionários públicos desfrutarem. Acho que os nossos governantes não seriam burros ao ponto de implantar o comunismo no Brasil, pois seria mau negócio: se tudo fosse estatizado, quem iria pagar a conta da roubalheira? Continuarão as migrações no nordeste. Continuarão os níveis de analfabetismo e as filas no INSS. Continuará o assistencialismo. O que quero falar aqui são das pequenas promessas de Lula que teriam me surpreendido.
Lula falou que iria discutir o aborto. Como os padres começaram a chiar, ele resolveu ficar bem quietinho. O momento passou, teria que ter sido feito no início do seu governo, mas não teve coragem. O ministério da saúde falou que iria priorizar as cirurgias de vasectomia pelo SUS, mais simples e baratas do que a ligadura de trompas. Estamos ainda esperando. Controlar o crescimento da população teria sido uma boa idéia, mas em um governo de promessas, ficamos apenas no futuro do pretérito.
Lula falou a vida toda na reforma política. Agora que teria podido, não o fez.
Prometeu-se mega-obras de infra-estrutura. Nunca se arrecadou tanto imposto e nem as reservas monetárias brasileiras foram tão altas, mas as estradas, portos e aeroportos estão no caos que todos sabem. Poderia ter sido feito, mas não foi.
A qualidade de ensino poderia ter sido escolhida sobre a quantidade de alunos matriculados. Atingimos 97% de alunos matriculados, mas 50% não aprendem. O ensino fundamental poderia ter sido privilegiado em lugar das universidades, mas não foi. Para o nosso governo, é mais importante um doutor defendendo a tese da “Importância da Buchada de Bode na Economia do Nordeste” do que um menino saber que Tiradentes se revoltou heroicamente contra os impostos do governo. Claro, isso não interessa aos nossos governantes, mas poderia ter interessado a nós, o povo, se quiséssemos um país melhor.
Assim, nessa semana em que creio mais se parecer ao silêncio que procede às tormentas do que ao suspense que precede as batalhas (que batalha, se tudo continuará como sempre foi?), o tempo presente me faz pensar nas oportunidades que estamos desperdiçando. É uma pena estarmos participando de mais um capítulo da história do Brasil que está ficando apenas naquilo que poderia ter sido.



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