quinta-feira, 26 de julho de 2007

Maniqueísmo

Por esses dias, li no blog de um amigo, um texto de Luiz Fernando Veríssimo com que parece ser o pensamento do brasileiro médio: se não é Lula, você é PSDB! Pelo fato de alguém criticar alguém e estar participando do coro dos seus opositores, não quer dizer que acredite nas propostas do inimigo do inimigo, a vida é cheia de nuanças e diferenças que devem ser levadas em conta.
O nacional-socialismo alemão não foi apenas apoiado pela aristocracia européia, como LFV afirmou, mas também pela Rússia comunista que depois tentou invadir. E também apoiou Franco que foi quem deteve o avanço comunista no oeste europeu e talvez no mundo. Impossível afirmar, mas talvez sem Hitler, hoje fôssemos uma imensa Cuba. E Hitler não cresceu por ser um gênio louco que cativava multidões, mas porque recebeu apoio de empresas alemãs, muitas das quais hoje são grandes multinacionais e que se sedimentaram com a venda de armamentos e o uso de mão-de-obra escrava. E intelectuais ingleses como Bernard Shaw, HG Wells ou Oscar Wilde eram eugenistas. Hitler era vegetariano, fiel à namorada e, ainda que de péssimo gosto, amante das artes. O mal está contido no bem e o bem no mal, é impossível discernir os limites.
E, apesar de ter uma matriz original bolchevique, o nosso governo se tornou muito mais próximo de um nacional-socialismo do que de um soviete supremo, pois tem o fundo populista permeado pelas benesses concedidas a grandes empresas.
Que fique bem claro: Lula não está reinventando a roda, está apenas seguindo o pensamento de Dom João VI que quando fugiu covardemente para o Brasil com a sua corte precisou inventar cargos públicos desnecessários para os nobres que o acompanhavam e todos os governantes, sem exceção, seguiram essa tendência. Foi assim com Dom Pedro II, com Getúlio, com JK e com Médici.
E o que é a real oposição a Lula? É todo aquele que tentar reduzir o tamanho e a voracidade do nosso Estado-Monstro, acabar com os imensos privilégios do funcionalismo público, pagos por aqueles que produzem riqueza. Quem foi o único que fez isso? FHC com as privatizações do seu governo, ou seja, foi o único que teve a coragem de se desfazer das jóias da coroa, os cabides de emprego.
Já Alckmin disse com todas as letras que não iria privatizar coisa alguma. Para mim, isso o liga muito mais a Lula do que a FHC, apesar de ser do mesmo partido.
Portanto, a questão é muito mais complexa, a única grande luta maniqueísta que existe no país é a dos privatizantes contra os estatizantes, ou seja dos que pagam a conta contra aqueles que desfrutam o banquete, o resto são brigas do poder apenas pelo poder em si.
E digo mais, falta um Partido Republicano no Brasil, com os moldes do americano. 90% da população sustenta os 10% que lucram com o Estado. Se alguém defendesse as idéias privatizantes, tenho razoável certeza que tomaria o poder num piscar de olhos, pois a população está cansada de votar em farinha do mesmo saco. Coro contra Lula? Não. Não personalizemos e nem partidarizemos. O coro é contra a grande teta pública, da qual Lula é um dos tantos defensores. Simples assim.

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