Pan... et Circencis
Hoje começa o Pan do Brasil com todo o glamour e alegria que a ocasião exige: representa o florescimento do esporte brasileiro e a glória do nosso país. Saúde e disciplina para todos!
Será?
Quando eu era criança, programas de esportes eram sinônimo de programa futebolístico, mas hoje não, as outras modalidades ganharam espaço na mídia. Crianças são cada vez mais incentivadas à atividade física e o Brasil é campeoníssimo em muitos torneios. Por quê? Como tudo que acontece por aqui, qual é a sacanagem por detrás?
A resposta mais óbvia é a de promoção do governo pelo esporte. Isso nem sequer é novo: Hitler, Mussolini, Stalin, Fidel, Mao e muitos outros ditadores já o fizeram. Os imperadores romanos já sabiam que ao povo basta o pão e o circo, a nossa inovação foi só a de abolir o pão, pois acima dos trópicos um bom circo já basta aos esfaimados.
Um pouco mais de raciocínio nos leva a perceber que muita grana é gerada com o esporte. Até aí nada de mais, ganhar dinheiro é sempre bom para os indivíduos e para a sociedade, mas a questão é que o esporte brasileiro é totalmente chapa-branca e está sujeito a todos os desvios e desmandos que vemos diariamente nos telejornais e mais, com todos esses desvios e desmandos, o esporte que funciona mesmo é aquele que depende do talento, esforço e, principalmente, profundidade do bolso dos próprios atletas e não da estrutura do país: times de futebol, equitação, vela, fórmula 1, natação... o grande esporte brasileiro depende de patrocínios e de “paitrocínios” porque nos esportes que dependeriam de financiamento público, somos um verdadeiro fiasco, sempre tem um americano ou canadense para nos deixar no segundo degrau do pódio. Onde estão nossos recordes mundiais? Lembram do Guga, comendo sanduíches e dormindo em muquifos de Paris para depois ganhar em Roland Garros? Para onde vai toda a dinheirama do financiamento público ao esporte? Adivinhe, querido leitor!
Por que os argentinos são nossos inimigos? Eles não são! São parceiros de negócios, um povo maravilhoso, país lindíssimo, altamente educado, com grandes gênios mundiais da literatura, comida fabulosa... essa rivalidade só faz parte da nossa ideologia do esporte, existe aí uma perfídia, um interesse por trás, dá prá perceber?
E o que estamos dizendo aos nossos jovens pobres? Estudem, tornem-se médicos, engenheiros e professores porque esse é o caminho do seu futuro? Não! O nosso sistema está informando que se eles se esforçarem o suficiente eles certamente serão campeões do mundo e vão ter uma Ferrari como a do jogador de futebol. Essa é a semiologia, a entrelinha do discurso oficial. Ninguém diz ao menino que apenas 11 vão para a seleção e são milhões tentando. Se ele perder o tempo precioso da vida com essa quimera de improvável realização, muito provavelmente vai agravar a sua situação de pobreza.
Por tudo isso, devemos olhar com muito cuidado para o dia de hoje. Estará começando a grande festa de congregação das Américas ou esse lustro todo é simplesmente a cera que faz brilhar uma maçã podre?
Será?
Quando eu era criança, programas de esportes eram sinônimo de programa futebolístico, mas hoje não, as outras modalidades ganharam espaço na mídia. Crianças são cada vez mais incentivadas à atividade física e o Brasil é campeoníssimo em muitos torneios. Por quê? Como tudo que acontece por aqui, qual é a sacanagem por detrás?
A resposta mais óbvia é a de promoção do governo pelo esporte. Isso nem sequer é novo: Hitler, Mussolini, Stalin, Fidel, Mao e muitos outros ditadores já o fizeram. Os imperadores romanos já sabiam que ao povo basta o pão e o circo, a nossa inovação foi só a de abolir o pão, pois acima dos trópicos um bom circo já basta aos esfaimados.
Um pouco mais de raciocínio nos leva a perceber que muita grana é gerada com o esporte. Até aí nada de mais, ganhar dinheiro é sempre bom para os indivíduos e para a sociedade, mas a questão é que o esporte brasileiro é totalmente chapa-branca e está sujeito a todos os desvios e desmandos que vemos diariamente nos telejornais e mais, com todos esses desvios e desmandos, o esporte que funciona mesmo é aquele que depende do talento, esforço e, principalmente, profundidade do bolso dos próprios atletas e não da estrutura do país: times de futebol, equitação, vela, fórmula 1, natação... o grande esporte brasileiro depende de patrocínios e de “paitrocínios” porque nos esportes que dependeriam de financiamento público, somos um verdadeiro fiasco, sempre tem um americano ou canadense para nos deixar no segundo degrau do pódio. Onde estão nossos recordes mundiais? Lembram do Guga, comendo sanduíches e dormindo em muquifos de Paris para depois ganhar em Roland Garros? Para onde vai toda a dinheirama do financiamento público ao esporte? Adivinhe, querido leitor!
Por que os argentinos são nossos inimigos? Eles não são! São parceiros de negócios, um povo maravilhoso, país lindíssimo, altamente educado, com grandes gênios mundiais da literatura, comida fabulosa... essa rivalidade só faz parte da nossa ideologia do esporte, existe aí uma perfídia, um interesse por trás, dá prá perceber?
E o que estamos dizendo aos nossos jovens pobres? Estudem, tornem-se médicos, engenheiros e professores porque esse é o caminho do seu futuro? Não! O nosso sistema está informando que se eles se esforçarem o suficiente eles certamente serão campeões do mundo e vão ter uma Ferrari como a do jogador de futebol. Essa é a semiologia, a entrelinha do discurso oficial. Ninguém diz ao menino que apenas 11 vão para a seleção e são milhões tentando. Se ele perder o tempo precioso da vida com essa quimera de improvável realização, muito provavelmente vai agravar a sua situação de pobreza.
Por tudo isso, devemos olhar com muito cuidado para o dia de hoje. Estará começando a grande festa de congregação das Américas ou esse lustro todo é simplesmente a cera que faz brilhar uma maçã podre?
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