Histórias Bizarras 8 - Deuses, parte 1
A pior pergunta que se pode fazer a um ateu é “Então, quem criou o mundo?”, simplesmente porque se pode receber a réplica “E quem criou Deus?”
Esta pergunta é o cerne do ateísmo. Por que criar mais uma etapa na dúvida? Se alguém acredita que Deus sempre existiu, por que não acreditar que o mundo sempre existiu, eliminando assim o intermediário?
Ao mesmo tempo, como seguir uma religião? Aquela história de que cada um cultua o mesmo Deus da sua maneira, é conversa fiada para boi dormir. As religiões são totalmente antagônicas. Não é possível acreditar em céu e em reencarnação ao mesmo tempo. E nem em umbanda e judaísmo ou em zen budismo e catolicismo. Nem ao menos protestantes e católicos ou mesmo diferentes correntes de protestantismo têm diálogo. Em outras palavras, se um pensamento religioso estiver certo, todos os outros estarão necessariamente errados. Como poderia existir um inferno se existisse a evolução do carma? Como, ao mesmo tempo, poderia existir e não existir o dogma da virgindade de Maria?
Portanto, só nos restam duas opções lógicas: ou uma religião, dentre todas que existem no mundo, está certa e todas as demais, erradas; ou todas as religiões estão erradas.
Voltaire, um deísta, ou seja, um homem que acreditava em Deus, mas não nos religiosos, falou a seguinte frase: “Quando o primeiro malandro se encontrou com o primeiro otário, formou-se a primeira religião.” Ao mesmo tempo, ele dizia que largar os elementos do mundo ao acaso e formar o mundo organizado como vemos, seria o mesmo que misturar mecanismos de um relógio a esmo e esperar formar um relógio.
A crença de um deus independe de qualquer pensamento religioso, assim como a descrença não decorre em uma falha em se maravilhar com o mundo que nos cerca. Ambos os lados possuem fortes argumentos.
A primeira questão a respeito da existência de um deus é a questão da conceitualização. O que primeiro devemos nos perguntar é “o que é deus?”.
“Verde e Saltitante” pode tanto ser um sapo quanto um pula-pula, depende. Portanto definir deus como “O Criador e Onipotente”, não é uma boa resposta porque não se pode esperar definir algo pelas suas características.
Para definirmos o conceito de um deus temos que necessariamente passar pela palavra “ser”, Ser Supremo, Ser Onipresente, etc., mas daí nos remeteremos aos três tipos de seres que existem, brutos, vivos e imaginários.
Certamente nenhum religioso ou deísta irá defender a idéia de que seu deus é um ser inanimado. Seres vivos nascem, crescem e morrem, o que também nos afasta da idéia de um ser supremo, diferente de todos os outros que neste mundo existem. Seriam os deuses seres imaginários? Não creio tampouco que alguém defenda essa idéia.
O conhecimento e a palavra são definidos em grego pelo mesmo termo, logos. No entanto, além da definição, existe uma segunda maneira de definir a existência, pela exemplificação. Não é possível definirmos uma cor para um cego, mas qualquer pessoa que enxergue irá imediatamente compreender o que significa “amarelo”.
Acontece que os deuses não podem ser exemplificados pela experiência direta.
Dessa forma, chegamos ao pensamento lógico de um ateu:
Tudo o que existe pode ser definido ou exemplificado,
Deuses não podem ser definidos ou exemplificados,
Logo, deuses não existem.
Por um outro lado, precisamos pensar se existe uma inteligência organizadora do cosmos, um “relojoeiro” que organize o caos do universo porque a questão desse ponto de vista também é pertinente. Ainda que não exista uma definição ou uma exemplificação daquilo que o ser humano busca como verdade última, mesmo assim, temos muitas lacunas na nossa compreensão de nossas origens e estrutura do mundo em que vivemos. Talvez essas questões venham a ser no porvir preenchidas com os conhecimentos e elaborações de pensamentos dos homens do futuro, ou talvez permaneçam sempre como mistérios inexplicáveis.
Esta pergunta é o cerne do ateísmo. Por que criar mais uma etapa na dúvida? Se alguém acredita que Deus sempre existiu, por que não acreditar que o mundo sempre existiu, eliminando assim o intermediário?
Ao mesmo tempo, como seguir uma religião? Aquela história de que cada um cultua o mesmo Deus da sua maneira, é conversa fiada para boi dormir. As religiões são totalmente antagônicas. Não é possível acreditar em céu e em reencarnação ao mesmo tempo. E nem em umbanda e judaísmo ou em zen budismo e catolicismo. Nem ao menos protestantes e católicos ou mesmo diferentes correntes de protestantismo têm diálogo. Em outras palavras, se um pensamento religioso estiver certo, todos os outros estarão necessariamente errados. Como poderia existir um inferno se existisse a evolução do carma? Como, ao mesmo tempo, poderia existir e não existir o dogma da virgindade de Maria?
Portanto, só nos restam duas opções lógicas: ou uma religião, dentre todas que existem no mundo, está certa e todas as demais, erradas; ou todas as religiões estão erradas.
Voltaire, um deísta, ou seja, um homem que acreditava em Deus, mas não nos religiosos, falou a seguinte frase: “Quando o primeiro malandro se encontrou com o primeiro otário, formou-se a primeira religião.” Ao mesmo tempo, ele dizia que largar os elementos do mundo ao acaso e formar o mundo organizado como vemos, seria o mesmo que misturar mecanismos de um relógio a esmo e esperar formar um relógio.
A crença de um deus independe de qualquer pensamento religioso, assim como a descrença não decorre em uma falha em se maravilhar com o mundo que nos cerca. Ambos os lados possuem fortes argumentos.
A primeira questão a respeito da existência de um deus é a questão da conceitualização. O que primeiro devemos nos perguntar é “o que é deus?”.
“Verde e Saltitante” pode tanto ser um sapo quanto um pula-pula, depende. Portanto definir deus como “O Criador e Onipotente”, não é uma boa resposta porque não se pode esperar definir algo pelas suas características.
Para definirmos o conceito de um deus temos que necessariamente passar pela palavra “ser”, Ser Supremo, Ser Onipresente, etc., mas daí nos remeteremos aos três tipos de seres que existem, brutos, vivos e imaginários.
Certamente nenhum religioso ou deísta irá defender a idéia de que seu deus é um ser inanimado. Seres vivos nascem, crescem e morrem, o que também nos afasta da idéia de um ser supremo, diferente de todos os outros que neste mundo existem. Seriam os deuses seres imaginários? Não creio tampouco que alguém defenda essa idéia.
O conhecimento e a palavra são definidos em grego pelo mesmo termo, logos. No entanto, além da definição, existe uma segunda maneira de definir a existência, pela exemplificação. Não é possível definirmos uma cor para um cego, mas qualquer pessoa que enxergue irá imediatamente compreender o que significa “amarelo”.
Acontece que os deuses não podem ser exemplificados pela experiência direta.
Dessa forma, chegamos ao pensamento lógico de um ateu:
Tudo o que existe pode ser definido ou exemplificado,
Deuses não podem ser definidos ou exemplificados,
Logo, deuses não existem.
Por um outro lado, precisamos pensar se existe uma inteligência organizadora do cosmos, um “relojoeiro” que organize o caos do universo porque a questão desse ponto de vista também é pertinente. Ainda que não exista uma definição ou uma exemplificação daquilo que o ser humano busca como verdade última, mesmo assim, temos muitas lacunas na nossa compreensão de nossas origens e estrutura do mundo em que vivemos. Talvez essas questões venham a ser no porvir preenchidas com os conhecimentos e elaborações de pensamentos dos homens do futuro, ou talvez permaneçam sempre como mistérios inexplicáveis.
2 comentários:
Tudo o que existe pode ser definido e exemplificado.
O tempo não pode ser definido ou exemplificado.
Logo, o tempo não existe.
Na verdade, tempo pode ser definido como a sucessão de momentos e pode ser exemplificado (ontem fui ao cinema). Um melhor exemplo paralelo do que eu falei em relação a deus, seria a palavra "matéria". Dizer que "tem massa e ocupa lugar no espaço" só nos apresenta as suas características, não define coisa alguma. Não adianta tampouco dar uma martelada na cabeça para exemplificar matéria, pois com isso estaríamos exemplificando a palavra "massa", que é uma porção definida de matéria.
Assim, mesmo que não consigamos alcançar a definição ou a exemplificação, precisamos da intuição para preencher a lacuna do paradoxo conceitual.
Sobre Deus, eu amplio esse conceito nos texto "Inteogenia"(outubro) e "Deus"(julho), clicando no arquivo aí ao lado.
Obrigado pela participação no blog.
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