terça-feira, 14 de agosto de 2007

O Mundo Sagrado


Quando Aldous Huxley escreveu “O Céu e o Inferno”, fez um livro de impressões de “viagem” que se tornou referência no assunto.
Huxley era um apologista do LSD. Não creio que drogas possam trazer a um indivíduo algo mais do que aquilo ele relatou. Acredito que apenas com prática de meditação e yoga, eu tenha ido um pouco além e gostaria de compartilhar essas experiências com meus leitores.
Àqueles que nunca tentaram meditar, por favor, não me chamem de louco, pois o que vou relatar aqui é acessível a todos e é a pura expressão da verdade e fruto de árduo trabalho pessoal. De cotidiano, acredito que essas práticas tenham me trazido criatividade, uma certa dose de juventude e uma certa paciência que faltam na maioria dos meus semelhantes.
Uma coisa que sempre percebi é que falta no mercado um livro que seja um “guia de viagem”: o que visitar e como visitar o mundo do sagrado. Por isso, aqui vão algumas dicas àqueles que tentam meditar.
1. O ponto do foco de atenção é o períneo, na musculatura sexual. Muitos professores de yoga ensinam a observar o espaço entre as sobrancelhas ou os esfíncteres do ânus. Não funcionam, não ajudam a entrar em estado meditativo.
2. Manter a mente quieta, a espinha reta e o coração tranqüilo, é bobagem. A atenção deve ser em todos os momentos, em todas as posições e estados de espírito. A melhor dica é: fique atento.
3. Os estados alterados de consciência são obtidos através de prazer. Sofrimento e chatice não levam a nada.
4. O estado emocional é o daimônico. Relaxamento e faces de anjos barrocos, como muitas vezes são ensinadas nas escolas de yoga, não levam a nada. Mantenha a expressão e a mesma sensação que nos passa uma máscara balinesa.
5. Existe um som de admissão no mundo do sagrado que é o som binatural. O mais próximo desse som no mundo cotidiano é o de um transformador de alta tensão, desses de rua, estragado. Trata-se de um zunido metálico. Realejos têm som binatural. Religiões antigas imitam esse sons: canto gregoriano, mantras tibetanos, indianos e japoneses. É o som que começa a ser ouvido quando se entra no estado meditativo.
6. O próximo “degrau” a ser atingido depois de escutar o som do Mundo Sagrado é o das “auras”. Auras, e aqui eu tomei o termo médico, são faíscas, cobrinhas, caquinhos, bolinhas, formas aleatórias revestidas de luz preternatural. Luz preternatural (termo usado por Huxley) é uma luz muito próxima àquela produzida por pedras preciosas, uma beleza diferente, difícil de explicar com palavras, só quem já viu, sabe do que estou falando.
7. Nesse estágio, pode-se abrir os olhos e, se for sem perder a concentração, a percepção será a que eu chamo de “Física do Caos”. Os objetos do mundo físico começam a perder a característica “semiológica” e começam a se transformar em beleza estrutural. Tentando explicar o inexplicável com um exemplo: um cobertor sobre o nosso corpo deixa de ter valor prático, de objeto e passa a ter valor artístico pelo significado profundo das curvas que ele forma. Isso é mais uma sacação de Huxley: o caimento do tecido e as pedras preciosas foram em todas as civilizações objeto do fetiche artístico, pois representam no nosso subconsciente, imagens do mundo sagrado.
8. O “degrau”seguinte é o de quando essas imagens começam a se agrupar, a se tornar compactas. O “fluxo meditativo” (kundalini, tesão), começa a se tornar mais intenso. O corpo parece ficar mais denso e a pode brilhar uma das sete articulações da coluna (chacras). A mais baixa, se parece com um rubi lapidado de uns 50 centímetros de diâmetro visto de cima, com centro no períneo. A do centro da cabeça se parece com um diamante lapidado visto de baixo, de quina. As outras cinco, eu nunca vi, mas a literatura esotérica fala sobre.
9. O próximo nível, é quando surge uma imagem em movimento com luz preternatural, como um filmezinho, uma cena colorida de beleza extrema: uma casa ricamente decorada para o natal, a nave principal de uma catedral, um disco feito de mosaicos... nunca vi uma cena de exterior, não sei bem o porquê.
10. O nível mais alto que eu cheguei com meditação é quando esse “filme” se congela em uma “fotografia”: uma flor, um pássaro, uma floresta... O prazer se transforma em felicidade. O “fluxo meditativo” começa a brotar em jatos, subindo pela pele das costas (diz a literatura esotérica que na verdade é em volta da coluna, mas nunca consegui sentir assim). Essa fase deve durar uns dez minutos que parecem ser uma eternidade, nunca consegui prolongar mais do que esse tempo. Começam a surgir “insights”.
Aí termina para mim. Não sei o que tem depois, mas sei que dá para ir mais longe. Nunca vi um deus ou um demônio. Nunca adivinhei o resultado da loteria ou algo, digamos assim, mais espetacular. Se algum dos meus leitores já passou dessa fase, por favor me avise sobre o que vem depois. Eu quase morro de curiosidade!

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