Lições das Letras de Música
Manuel Bandeira falava que o melhor poema da música brasileira seria o belo Chão de Estrelas , mas eu concordo apenas em parte. Gostaria de chamar a atenção para algumas pérolas da nossa canção, conhecidas por todos, mas muitas vezes despercebidas e que são verdadeiras aulas de arte.
A primeira delas é uma lição de unidade poética de Pixinguinha, Rosa .
Acredito que esta é a letra mais barroca da história da MPB. É impressionante como ele conseguiu repetir a mesma coisa de tantas formas diferentes e de maneira tão rebuscada ao ponto de parecer que estamos apreciando uma rosa verdadeira com suas suaves pétalas. A lição daqui é a de como fazer coisas totalmente díspares pertencer a um único conjunto harmônico. Sensacional!
A letra seguinte que merece atenção e respeito é “O Quereres” , de Caetano Veloso. A lição aqui é a dos opostos complementares. Todo o oposto absoluto em arte é desagradável, amadorístico: “vou nadar no mar para chegar à praia”,”o carvão preto e o sal branco”, etc. O Caetano conseguiu fazer um poema de absolutos opostos e mesmo assim, ficou fantástico.
Mulheres de Atenas , de Chico Buarque nos traz uma lição de semiologia muito interessante. Na época, ele foi criticado pelas feministas como tendo feito um poema machista, enquanto na verdade é justamente ao contrário. Mirem-se no exemplo... para ver onde vocês vão parar!
O escritor é um ser humano e o poeta é o seu personagem, é difícil de as pessoas perceberem isso. Assim como um ator que faz um vilão, apesar de ser uma pessoa correta, o escritor que cria, tem a liberdade de criar um vilão de si mesmo. Chico deu um passo além de sua influência brechtiana, invertendo o afastamento crítico, e criou uma espécie de “aproximação crítica”. Muito interessante, pena que não prosseguiu nessa linha de trabalho. Teria sido uma revolução estética.
Por fim, gostaria de salientar uma lição de rima. Drama de Angélica , de Alvarenga e Ranchinho. O interessante é que nada rima nesta letra, no entanto, é perfeitamente harmônica. Foram agrupadas proparoxítonas, de modo que quando se chega no ponto em que deveria ter uma rima, existe apenas uma entonação, uma sonoridade parecida e que funciona perfeitamente bem. Rima não é combinar pão com sabão, mas é justamente isso: marcar um ritmo de forma harmônica.
Os mestres da nossa música têm muito a nos ensinar...
Leia um pouco mais sobre poesia, clicando aqui .
A primeira delas é uma lição de unidade poética de Pixinguinha, Rosa .
Acredito que esta é a letra mais barroca da história da MPB. É impressionante como ele conseguiu repetir a mesma coisa de tantas formas diferentes e de maneira tão rebuscada ao ponto de parecer que estamos apreciando uma rosa verdadeira com suas suaves pétalas. A lição daqui é a de como fazer coisas totalmente díspares pertencer a um único conjunto harmônico. Sensacional!
A letra seguinte que merece atenção e respeito é “O Quereres” , de Caetano Veloso. A lição aqui é a dos opostos complementares. Todo o oposto absoluto em arte é desagradável, amadorístico: “vou nadar no mar para chegar à praia”,”o carvão preto e o sal branco”, etc. O Caetano conseguiu fazer um poema de absolutos opostos e mesmo assim, ficou fantástico.
Mulheres de Atenas , de Chico Buarque nos traz uma lição de semiologia muito interessante. Na época, ele foi criticado pelas feministas como tendo feito um poema machista, enquanto na verdade é justamente ao contrário. Mirem-se no exemplo... para ver onde vocês vão parar!
O escritor é um ser humano e o poeta é o seu personagem, é difícil de as pessoas perceberem isso. Assim como um ator que faz um vilão, apesar de ser uma pessoa correta, o escritor que cria, tem a liberdade de criar um vilão de si mesmo. Chico deu um passo além de sua influência brechtiana, invertendo o afastamento crítico, e criou uma espécie de “aproximação crítica”. Muito interessante, pena que não prosseguiu nessa linha de trabalho. Teria sido uma revolução estética.
Por fim, gostaria de salientar uma lição de rima. Drama de Angélica , de Alvarenga e Ranchinho. O interessante é que nada rima nesta letra, no entanto, é perfeitamente harmônica. Foram agrupadas proparoxítonas, de modo que quando se chega no ponto em que deveria ter uma rima, existe apenas uma entonação, uma sonoridade parecida e que funciona perfeitamente bem. Rima não é combinar pão com sabão, mas é justamente isso: marcar um ritmo de forma harmônica.
Os mestres da nossa música têm muito a nos ensinar...
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