Aventuras (2)
Viajei durante a madrugada de Cuiabá para Campo Grande e pela manhã o ônibus parou numa cidadezinha do interior. Desci na lanchonete da rodoviária, onde havia mantas de carne penduradas em ganchos. Carne seca e carne fresca, cheias de moscas.
Pedi um sanduíche. Não tinha. Pedi um pão com manteiga. Não tinha. Pedi um café com leite. Não tinha. Pedi um copo de leite e... não tinha. Voltei para o meu assento.
Como o dia já havia amanhecido, observei que dentre os passageiros tinham dois mochileiros com caras de alemães, bebendo água num cantil todo esquisito. “Devem ser europeus, vou treinar meu inglês”, pensei. Fui falar com eles, mas eram uns catarinas, de Florianópolis. Acabamos fazendo amizade, eles estavam indo, como eu, tomar o trem do Pantanal, em direção à Corumbá, na fronteira com a Bolívia.
Por sorte, o trem estava mais de uma hora atrasado, de modo que conseguimos bilhete para o mesmo dia. Pela quantidade de pessoas na estação, percebemos que seria duro de conseguir lugar. Acertamos para que dois de nós fossem para dentro do trem enquanto o outro ficasse fora para passar as sacolas pela janela e assim conseguimos pelo menos dois lugares para os três.
As próximas onze horas naquele trem lotado formaram uma experiência terrível, cheguei em Corumbá com o maxilar doendo. É que ao meu lado sentou um gago que insistia em puxar papo. Depois de cinco minutos, não é mais possível ter uma conversa normal, vem à mente todos os programas humorísticos que já se viu na vida e o pior, não se pode rir, é preciso manter a empáfia para não ofender. Onze horas querendo gargalhar e não podendo é uma experiência que não aconselho para ninguém.
A melhor parte da viagem, perdemos. Como o trem estava muito atrasado, não vimos o Pantanal Matogrossense, passou à noite. Para piorar o dia de infortúnios, tarde da noite não havia mais vagas nos hotéis da cidade. Andamos por tudo, e nada. Como naquela altura já tínhamos conhecido um monte de turistas, e todos estavam com o mesmo problema, resolvemos procurar um local para dormir. Eu e os catarinas dormimos num depósito que um vigia ofereceu quando viu o nosso cansaço.
Tivemos que acordar cedo, antes de começar o expediente. Enrolamos os sacos-de-dormir, caminhamos um pouco para conhecer Corumbá e logo já havíamos encontrado os outros companheiros de viagem. Uns tinham sido explorados e pago um preço exorbitante para dormir numa pensão vagabunda, depois de perambular por toda a cidade. Outros encararam o coreto da praça mesmo.
O nascer do sol foi dos mais bonitos que eu já vi na vida. Eu e meus companheiros de estrada comemos alguns sanduíches contemplando o Rio Paraná, com pequenos barcos passando ao largo. Logo nos falaram de uma lanchonete que tinha por especialidade umas coalhadas maravilhosas. Não sei se era efeito de uma noite mal dormida, mas que café-da-manhã, a coalhada fazia jus à propaganda de boca! Antes do meio-dia já tínhamos conseguido vaga num hotelzinho simples e aconchegante, mas só ficamos uma noite, pois descobrimos que dali a três dias sairia um navio até Assunción del Paraguay.
Só que daí já é uma outra história...
Pedi um sanduíche. Não tinha. Pedi um pão com manteiga. Não tinha. Pedi um café com leite. Não tinha. Pedi um copo de leite e... não tinha. Voltei para o meu assento.
Como o dia já havia amanhecido, observei que dentre os passageiros tinham dois mochileiros com caras de alemães, bebendo água num cantil todo esquisito. “Devem ser europeus, vou treinar meu inglês”, pensei. Fui falar com eles, mas eram uns catarinas, de Florianópolis. Acabamos fazendo amizade, eles estavam indo, como eu, tomar o trem do Pantanal, em direção à Corumbá, na fronteira com a Bolívia.
Por sorte, o trem estava mais de uma hora atrasado, de modo que conseguimos bilhete para o mesmo dia. Pela quantidade de pessoas na estação, percebemos que seria duro de conseguir lugar. Acertamos para que dois de nós fossem para dentro do trem enquanto o outro ficasse fora para passar as sacolas pela janela e assim conseguimos pelo menos dois lugares para os três.
As próximas onze horas naquele trem lotado formaram uma experiência terrível, cheguei em Corumbá com o maxilar doendo. É que ao meu lado sentou um gago que insistia em puxar papo. Depois de cinco minutos, não é mais possível ter uma conversa normal, vem à mente todos os programas humorísticos que já se viu na vida e o pior, não se pode rir, é preciso manter a empáfia para não ofender. Onze horas querendo gargalhar e não podendo é uma experiência que não aconselho para ninguém.
A melhor parte da viagem, perdemos. Como o trem estava muito atrasado, não vimos o Pantanal Matogrossense, passou à noite. Para piorar o dia de infortúnios, tarde da noite não havia mais vagas nos hotéis da cidade. Andamos por tudo, e nada. Como naquela altura já tínhamos conhecido um monte de turistas, e todos estavam com o mesmo problema, resolvemos procurar um local para dormir. Eu e os catarinas dormimos num depósito que um vigia ofereceu quando viu o nosso cansaço.
Tivemos que acordar cedo, antes de começar o expediente. Enrolamos os sacos-de-dormir, caminhamos um pouco para conhecer Corumbá e logo já havíamos encontrado os outros companheiros de viagem. Uns tinham sido explorados e pago um preço exorbitante para dormir numa pensão vagabunda, depois de perambular por toda a cidade. Outros encararam o coreto da praça mesmo.
O nascer do sol foi dos mais bonitos que eu já vi na vida. Eu e meus companheiros de estrada comemos alguns sanduíches contemplando o Rio Paraná, com pequenos barcos passando ao largo. Logo nos falaram de uma lanchonete que tinha por especialidade umas coalhadas maravilhosas. Não sei se era efeito de uma noite mal dormida, mas que café-da-manhã, a coalhada fazia jus à propaganda de boca! Antes do meio-dia já tínhamos conseguido vaga num hotelzinho simples e aconchegante, mas só ficamos uma noite, pois descobrimos que dali a três dias sairia um navio até Assunción del Paraguay.
Só que daí já é uma outra história...
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