segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Longos Cinco Minutos


Eu tenho um amigo que alugava carros para brasileiros na Flórida. Certa feita, ele foi viajar e me pediu para receber um desses carros de uma cliente.
Acontece que na época eu trabalhava até às 11 da noite. Até aí, tudo bem, combinei que ela traria o carro até mim e depois eu daria um jeito de levar até a casa dele que ficava a cinco minutos de distância. Aí começaram as confusões.
Como eu havia ido com meu próprio carro, pedi o favor para uma amiga venezuelana conduzir o meu possante para eu levar o dele. Quando chegou a hora, ela me pediu para levar o outro, um Daewoo, parecido com o nosso Corsa. A pergunta que fiz era se ela sabia dirigir carros com marcha, pois são incomuns nos Estados Unidos.
- Por supuesto, ela me respondeu, soy de Venezuela y ajá todos los carros san manuales...
Muito bem, peguei o meu velho Prelude (na foto está bonitinho, mas vivia um horror...) e saí do estacionamento. Duas quadras depois percebi que ela não estava me seguindo. Parei, liguei para o celular e ela não havia conseguido ligar o carro.
- Pisou na embreagem? – Perguntei, pois por lá carros manuais não ligam engatados. Ah! Era isso!
Continuei andando, mais uma quadra, ela não chegou. Liguei de novo.
- No puedo retornar... – A ré, como nos carros da Chevrolet, era daquelas que têm uma alavanquinha redonda. Ensinei a ela a dar ré e disse que já estava chegando na Rua McNab, onde deveria virar.
Imaginemos, onze e meia da noite, eu andando devagar por uma rua escura, de repente acende a sirene de um carro de polícia atrás de mim. Parei, o policial veio até mim e perguntou se eu estava precisando alguma ajuda.
– Não, respondi, só uma amiga que vem aí atrás e está tendo dificuldades com um câmbio manual...
Como americano algum sabe dirigir carro com câmbio, essa é uma excelente explicação que deixou o guarda completamente convencido. Ainda perguntei se ele queria ver minha carteira e ele disse não, só estava oferecendo ajuda, disse que pensou que eu estava perdido (coisas de primeiro mundo, por aqui, nunca na vida um policial me ofereceu ajuda!).
Depois que me desvencilhei do contratempo, apanhei o telefone e liguei novamente para ela. Não tinha vindo...
- Estoy en McNab, en la esquina da la gasolinera! – Não havia posto de gasolina na Rua McNab... Ela estava na rua errada.
Só sei que já estava a umas 10 quadras do destino. Tive que ficar no telefone explicando como voltar até a casa do meu amigo por mais uns 15 minutos e ainda esperar na esquina para não passar direto. O translado de cinco minutos deve ter demorado uns 40.
Sabem como é, né? Mulheres no volante são iguais em todo o mundo...

Nenhum comentário: