A Arte que Está Faltando
O que Shakespeare está fazendo quando fala da Inglaterra elisabetana, dizendo que há algo podre no reino da Dinamarca? E Goya, quando pinta os seus reis com caras de bocós? O que há de diferente na verdadeira arte?
Vamos estabelecer três diferenças de conceitos:
1. Aquela arte proposta por Platão em que o fenômeno artístico era sinônimo de simulacro. A verdadeira arte seria aquela que melhor retrata a realidade;
2. A arte da dialética, que tem por única função o caráter didático, mais especificamente o de convencer o espectador a pensar como o artista, ou seja, a arte da lavagem cerebral;
3. “A arte que está faltando”. Aliás, não está faltando, não, mas é feita por poucos. A arte em que o sentido não está associado à forma, a arte que diz uma coisa, querendo dizer outra e se prestando a uma miríade de interpretações, mas não aquela do seu próprio sentido. A boa arte é de todos os tempos, é sempre conotativa.
Na arte platônica, temos uma arte em que A=A. Na arte hegeliana, chamemos assim as incursões dialéticas, A= não B. Na verdadeira arte, A é diferente de A.
Para Platão, arte era demonstração. Para os dialéticos, já assumia um caráter didático, mas arte que está faltando pressupõe conhecimento, assume que o espectador é inteligente, isto é, interage e não apenas assiste ou absorve. Tentou-se substituir a arte da elite pela arte do operariado ou do campesinato, mas a verdadeira arte é do indivíduo médio, daquele que tem discernimento dos fatos e transita nos dois extremos sociais, sem se apegar a qualquer.
A arte precisa ser transformável, não fixa ou mutável. Qual é a diferença? É aquela que se presta para todos, em todos os tempos. Fra Angélico servia a um senhor, a Igreja Católica. Brecht servia ao partido comunista. Shakespeare ou Da Vinci servem a qualquer tempo e qualquer país, não podem ser datados ou restritos a uma geografia. Por quê? Simples: não simplesmente porque são universais, ou clássicos, mas porque seguem a formulação permanente da arte que é a de falar nas entrelinhas. A explicitação assassina o fenômeno artístico, ora para reproduzir a realidade, ora para tentar influenciar o espectador, nenhuma maneira funciona a contento.
A primeira forma mostra um mundo construído, com sentimentos transbordantes. A maneira da dialética, mostra um mundo idealizado, a construir ou construído à partir de um certo ponto de vista, de uma pseudo-racionalidade. A verdadeira arte, essa que está faltando, simplesmente mostra um mundo prático, oriundo da observação e que se revitaliza a cada olhar.
Tanto a arte dos dialéticos, quanto a dos platônicos nos trazem uma visão moral de mundo. A verdadeira arte, é amoral. Enquanto uma afirma e outra nega, a verdadeira arte apenas constata, aponta, salienta. Torna nítido aquilo que tem tudo para ser velado.
Os platônicos e os hegelianos propõem os seus eternos discursos denotativos, tentando impor suas verdades por suas palavras que eles pensam ser as definitivas. Um liga texto ou imagem ao sentido. Outro opõe o texto ou a imagem ao sentido. Na verdadeira arte, aquilo que é mostrado não tem nada a ver com o sentido, o que é, nunca é o que aparece.
Nem a emoção, nem a razão. A verdadeira arte, aquela que realmente liberta o espectador, é a arte da vontade.
Vamos estabelecer três diferenças de conceitos:
1. Aquela arte proposta por Platão em que o fenômeno artístico era sinônimo de simulacro. A verdadeira arte seria aquela que melhor retrata a realidade;
2. A arte da dialética, que tem por única função o caráter didático, mais especificamente o de convencer o espectador a pensar como o artista, ou seja, a arte da lavagem cerebral;
3. “A arte que está faltando”. Aliás, não está faltando, não, mas é feita por poucos. A arte em que o sentido não está associado à forma, a arte que diz uma coisa, querendo dizer outra e se prestando a uma miríade de interpretações, mas não aquela do seu próprio sentido. A boa arte é de todos os tempos, é sempre conotativa.
Na arte platônica, temos uma arte em que A=A. Na arte hegeliana, chamemos assim as incursões dialéticas, A= não B. Na verdadeira arte, A é diferente de A.
Para Platão, arte era demonstração. Para os dialéticos, já assumia um caráter didático, mas arte que está faltando pressupõe conhecimento, assume que o espectador é inteligente, isto é, interage e não apenas assiste ou absorve. Tentou-se substituir a arte da elite pela arte do operariado ou do campesinato, mas a verdadeira arte é do indivíduo médio, daquele que tem discernimento dos fatos e transita nos dois extremos sociais, sem se apegar a qualquer.
A arte precisa ser transformável, não fixa ou mutável. Qual é a diferença? É aquela que se presta para todos, em todos os tempos. Fra Angélico servia a um senhor, a Igreja Católica. Brecht servia ao partido comunista. Shakespeare ou Da Vinci servem a qualquer tempo e qualquer país, não podem ser datados ou restritos a uma geografia. Por quê? Simples: não simplesmente porque são universais, ou clássicos, mas porque seguem a formulação permanente da arte que é a de falar nas entrelinhas. A explicitação assassina o fenômeno artístico, ora para reproduzir a realidade, ora para tentar influenciar o espectador, nenhuma maneira funciona a contento.
A primeira forma mostra um mundo construído, com sentimentos transbordantes. A maneira da dialética, mostra um mundo idealizado, a construir ou construído à partir de um certo ponto de vista, de uma pseudo-racionalidade. A verdadeira arte, essa que está faltando, simplesmente mostra um mundo prático, oriundo da observação e que se revitaliza a cada olhar.
Tanto a arte dos dialéticos, quanto a dos platônicos nos trazem uma visão moral de mundo. A verdadeira arte, é amoral. Enquanto uma afirma e outra nega, a verdadeira arte apenas constata, aponta, salienta. Torna nítido aquilo que tem tudo para ser velado.
Os platônicos e os hegelianos propõem os seus eternos discursos denotativos, tentando impor suas verdades por suas palavras que eles pensam ser as definitivas. Um liga texto ou imagem ao sentido. Outro opõe o texto ou a imagem ao sentido. Na verdadeira arte, aquilo que é mostrado não tem nada a ver com o sentido, o que é, nunca é o que aparece.
Nem a emoção, nem a razão. A verdadeira arte, aquela que realmente liberta o espectador, é a arte da vontade.
Um comentário:
De pleno acordo. Na condição de músico e compositor, estou com alguns projetos e espero em breve conseguir contribuir para disseminar essa verdadeira arte.
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